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Coluna Vitor Vogas

Novo secretariado: certezas, especulações e simulações na mesa de Casagrande

Quem com certeza vai ficar? Quem seguramente vai sair? Quais as secretarias em que na certa haverá mudanças e quais os nomes mais cotados nessa dança das cadeiras?

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Reunião no gabinete do governador Renato Casagrande. Foto: Hélio Filho/Secom

O governador Renato Casagrande (PSB) saiu de sua vitória nas urnas dizendo que anunciaria a sua próxima equipe de governo no mês de dezembro. Foi pontual. Na última quinta-feira, dia 1º de dezembro, fez o seu primeiro anúncio, até certo ponto já esperado: o vice-governador eleito, Ricardo Ferraço (PSDB), será o secretário estadual de Desenvolvimento. Nas próximas duas semanas, vão se intensificar a montagem do secretariado e os correspondentes comunicados.

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Por isso, a coluna de hoje apresenta, entre as “certezas mais certas”, algumas das especulações mais fortes e das simulações já exercitadas por Casagrande e por seu núcleo mais estreito de conselheiros no Palácio Anchieta. E é justamente por esse núcleo que começamos o giro:

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Os “imexíveis”

Existe um núcleo duro que acompanha Casagrande desde o seu primeiro governo, formado por secretários que podem ser considerados “titulares absolutos”, inamovíveis, ou, se preferirem, “imexíveis” em suas posições.

Estão nesse núcleo a chefe de gabinete do governador, Valésia Perozini (PSB), assessora dele desde seus primeiros mandatos parlamentares; a superintendente de Comunicação, Flávia Mignoni; e o secretário-chefe da Casa Civil, Davi Diniz. Os três continuarão nas respectivas funções.

Quem também tinha lugar cativo nesse núcleo era Tyago Hoffmann (PSB). Durante a atual administração, ele foi secretário de Governo e depois assumiu a Super Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação, Educação Profissional e Desenvolvimento Econômico (Sectides), criada por e para ele.

Porém, Hoffmann elegeu-se deputado estadual e não será puxado de volta para a equipe. Continuará colaborando, mas na Assembleia, seja integrando a Mesa Diretora, seja como líder do governo em plenário.

Duboc continua, mas deve mudar de pasta

Há outro membro do alto escalão que pode tranquilamente ser incluído nesse primeiro círculo de secretários mais próximos ao governador: Álvaro Duboc Fajardo. Porém, ao contrário dos três primeiros, o delegado aposentado da Polícia Federal não é “intransferível”.

Seu perfil na equipe é justamente o de um curinga, e é assim que Casagrande o utiliza. Duboc começou a atual administração como secretário de Planejamento e termina como secretário de Governo.

No próximo governo, ele terá vaga certa no secretariado, mas é bem provável que, mais uma vez, seja designado para outra pasta.

Damasceno segue na Mobilidade

O secretário de Mobilidade, paradoxalmente, seguirá imóvel. Também homem de confiança do governador, Fábio Damasceno (PSB) será mantido na Secretaria de Mobilidade e Infraestrutura, assim como os três primeiros desta lista (ver a primeira nota).

Por outro lado, uma mudança na estrutura da secretaria é aguardada. No fim de 2019, o Instituto de Obras Públicas do Espírito Santo (Iopes) foi fundido ao Departamento de Edificações e de Rodovias do Espírito Santo (DER-ES), sob o comando de outro antigo homem de confiança de Casagrande, o engenheiro Luiz Cesar Maretto (PSB).

O governo pretende desfazer essa fusão, de forma que o Iopes volte a existir como autarquia. A avaliação interna é que o DER-ES hoje tem muitas demandas represadas.

Maretto pode seguir à frente do DER-ES.

> Os recados passados com Ricardo: por que Casagrande escalou seu vice para o Desenvolvimento?

Governo não quer convidar deputados eleitos

Há uma série de pedidos na mesa do governador, por parte de dirigentes partidários e dos próprios interessados, mas Casagrande não pretende convidar deputados estaduais e federais eleitos para compor a sua equipe de governo, a fim de permitir que os respectivos suplentes assumam os mandatos parlamentares na Assembleia ou na Câmara dos Deputados.

Nessa situação se encontram alguns aliados bem leais a Casagrande que não tiveram sucesso nas urnas. É o caso, por exemplo, dos deputados estaduais Alexandre Quintino (PDT) e Bruno Lamas (PSB), que não conseguiram renovar o mandato na Assembleia, e Freitas, que ficou como 1º suplente do PSB na Câmara, além de Alexandre Ramalho, que ficou na 1ª suplência do Podemos na Câmara.

Contudo, se atender ao pleito de um só deles, Casagrande ficará refém: terá de ceder aos demais.
Assim, é muito mais provável que Quintino, Freitas e Bruno Lamas sejam aproveitados em algum espaço do próximo governo, do 2º escalão para baixo. O último é citado como possível subsecretário de Esportes.

Quanto a Ramalho, a conversa é um pouco diferente…

Segurança Pública: Casagrande quer Ramalho, que prefere a Câmara

O preferido de Casagrande para o cargo segue sendo o ex-chefe da pasta Alexandre Ramalho (Podemos). O governador ainda não desistiu de convencê-lo a reassumir o comando da Segurança. O próprio reluta, entretanto.

A preferência de Ramalho é por assumir o mandato na Câmara dos Deputados, como suplente de Gilson Daniel (Podemos). Para isso, o próprio Gilson é quem teria de ser puxado de volta para o secretariado (o que, como dito acima, o governador não planeja fazer).

Se a Câmara realmente não rolar para Ramalho, o coronel gostaria de ser aproveitado em outra secretaria que não a de Segurança ou a de Justiça. Mas, por perfil e ficha funcional, será muito difícil encaixá-lo em outra área.

Supondo que Casagrande não consiga persuadir Ramalho a voltar para a Sesp, é mais provável, hoje, a manutenção do atual secretário, coronel Márcio Celante, pelo menos no início do próximo governo, até em razão dos bons números colhidos pelo Governo do Estado este ano, no que tange à redução de homicídios.

Saúde: Nésio fora, Foletto não quer, Mameri se mexe

Por motivos já amplamente expostos aqui, Nésio Fernandes (PCdoB) não continuará à frente da secretaria, decisão tomada por Casagrande ainda em outubro, durante o 2º turno. O médico sanitarista acaba de ser nomeado para a equipe de transição do governo Lula (PT), e seu “caminho natural” é assumir alguma função técnica no Ministério da Saúde, no próximo governo federal.

Para o lugar de Nésio, Paulo Foletto (PSB), também médico, chegou a ser cotado no mercado – até como uma forma de dar lugar a Freitas (PSB) na Câmara –, mas ele mesmo já informou à coluna que dessa vez pretende assumir e cumprir todo o seu mandato na Câmara dos Deputados (além do que já explicamos acima, sobre a predisposição de Casagrande de não convocar para seu time deputados eleitos em outubro).

Quem está se movimentando nos bastidores é outro médico e deputado: Emílio Mameri (PSDB), que não conseguiu renovar o mandato na Assembleia Legislativa, teria interesse em virar secretário de Saúde.

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Educação: dúvida quanto a Vitor

Embora tecnicamente bem avaliado, o secretário Vitor de Angelo pode ser remanejado para outra secretaria.

Fazenda: incerteza sobre Altoé

Está em aberto. Se o atual secretário, Marcelo Altoé, não continuar no cargo, tem o nome ventilado para se tornar subsecretário de Controle e Transparência.

Agricultura: a campeã da cobiça, mas Ricardo é quem vai decidir

Com perdão pelo trocadilho, o comando da secretaria está sendo disputado a foice por muitos aliados – competição inflamada pelo vácuo de poder aberto com o não retorno de Foletto, chefe da pasta por quase todo o atual governo.

A Seag é cobiçada por Gilson Daniel (malgrado a já citada resistência de Casagrande), por setores do PT (que gostariam de emplacar Julinho da Fetaes, 1º suplente do partido na Assembleia) e por Renzo Vasconcelos.

Assim como Ramalho e Freitas, Renzo (PSC) disputou, sem sucesso, uma vaga na Câmara dos Deputados. Apoiador de Casagrande no 2º turno, ele certamente fará parte do secretariado no próximo governo, mas dificilmente à frente da Seag. Pode chefiar a Sesport (veja nota abaixo).

Quem também teria interesse em assumir a Seag (ou algum outro posto de destaque no governo) é o deputado estadual Adilson Espindula. Reeleito pelo PDT, ele pretende ser candidato a prefeito de Santa Maria de Jetibá em 2024.

Eventual ida de Espindula para o governo permitiria a Alexandre Quintino, 1º suplente do PDT, continuar na Assembleia em seu lugar. Mas, pela razão exposta acima (a “regra de ouro” de Casagrande), isso não deve se concretizar.

Até o nome do deputado federal reeleito Da Vitória (PP) chegou a ser especulado para a Agricultura, mas isso está completamente fora de questão, não só pelo motivo já citado mas, principalmente, porque o 1º suplente do PP na Câmara é Neucimar Fraga. E a última coisa que deseja Casagrande é facilitar o retorno do agora adversário para Brasília.

Tem muita gente querendo, mas a verdade é que a palavra final sobre a Seag, dividida com Casagrande, será dada por Ricardo Ferraço. Pode inclusive não ser nenhum desses postulantes.

Ciência e Tecnologia: favoritismo de Rigoni

Após a fusão com a assinatura de Tyago Hoffmann no início de 2021, Casagrande decidiu voltar a desmembrar a Secretaria de Desenvolvimento (Sedes) e a Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Profissional (Secti).

A primeira, como se sabe, será comandada pelo vice-governador Ricardo Ferraço (PSDB). Já para chefiar a Secti o nome mais fortemente cotado continua sendo o do deputado federal Felipe Rigoni, apoiador de Casagrande no 2º turno.

Assim como os já citados Freitas, Ramalho e Renzo Vasconcelos, o presidente estadual do União Brasil concorreu sem sucesso a uma vaga de deputado federal – no caso dele, a tentativa frustrada foi de reeleição. Rigoni junta-se, assim, ao time dos não eleitos a serem acomodados no governo Casagrande 3.

> Pazolini contra Casagrande: muito barulho por, simplesmente, nada

Setades e Direitos Humanos: PT quer voltar

De perfil técnico, bem pouco político, a atual chefe da Secretaria de Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social (Setades), Cyntia Grillo, dificilmente seguirá no cargo, até porque Casagrande tem muitas bocas para saciar e a pasta é uma das que mais desperta a cobiça de aliados – destacadamente, o PT.

Entre o primeiro governo de Paulo Hartung (2003-2006) e o primeiro de Casagrande (2011-2014), a Setades foi um domínio petista. Agora, uma das simulações exercitadas pelo governador seria chamar uma antiga aliada dele, a deputada estadual Iriny Lopes (PT), para assumir pessoalmente a secretaria ou indicar seu próximo ocupante.

Outro exercício de simulação é convidar a própria Iriny (ou outro/a petista indicado/a pela corrente dela no partido) para a Secretaria de Direitos Humanos, área na qual o perfil da deputada até se encaixa melhor. Nesse caso, a advogada Nara Borgo (PSB), secretária de Direitos Humanos durante todo o atual governo, poderia ser deslocada para a Secretaria de Justiça (que gere o sistema prisional capixaba).

Vale frisar, no entanto, que chamar Iriny para o governo equivaleria a abrir uma exceção naquilo que estamos chamando de “regra de ouro”.

Esportes: Renzo e PT no jogo

Indicado pelo prefeito da Serra, Sérgio Vidigal (PDT), o atual secretário, Juninho Abreu, não deve ser mantido – até porque o próprio PDT está querendo ocupar um espaço melhor, de maior visibilidade, na próxima administração.

A Sesport desperta o interesse do PT (com o ex-deputado estadual José Carlos Nunes, pai do ex-lutador de MMA Erick Silva), mas também pode vingar como solução para abrigar Renzo Vasconcelos.

Desenvolvimento Urbano: Gilson quer, PP também

Além da Agricultura, a Sedurb é uma pasta que interessa ao deputado federal eleito Gilson Daniel – sempre lembrando aquela ressalva. Outra possibilidade é a escalação de Carlos Aurélio Linhalis, o Cael. Pai do vice-prefeito de Vila Velha e deputado federal eleito Victor Linhalis (Podemos), ele é o atual diretor-presidente da Cesan, empresa pública vinculada à Sedurb.

O atual chefe da secretaria é o presidente estadual do PP, Marcus Vicente. Dileto aliado de Casagrande, ele só não dirigiu a Sedurb durante os seis meses de desligamento obrigatório para disputar o processo eleitoral. A exemplo de Freitas, Ramalho, Renzo e Rigoni, Vicente tentou, sem sucesso, chegar à Câmara dos Deputados. Como não conseguiu, provavelmente seguirá no 1º escalão – se não na Sedurb, em outra secretaria, até pela importância do partido na aliança de Casagrande.

Se depender do PP, a agremiação continua onde está. Fato é que o PP manterá a sua cota no próximo governo, com um secretário de Estado.

Meio Ambiente: mudanças à vista (com a palavra, Ricardo)

Assim como na Agricultura, a palavra de Ricardo Ferraço será preponderante na escolha do próximo secretário. O atual, Fabricio Machado, muito dificilmente continuará.

A questão é que Machado é o presidente estadual do PV, sigla que apoia Casagrande desde sua eleição passada, em 2018. Onde reacomodar o partido no governo é uma das peças difíceis de encaixar no grande quebra-cabeça distendido sobre a mesa do governador neste momento.

Vitor Vogas

Nascido no Rio de Janeiro e criado no Espírito Santo, Vitor Vogas tem 39 anos. Formado em Comunicação Social pela Ufes (2007), dedicou toda a sua carreira ao jornalismo político e já cobriu várias eleições. Trabalhou na Rede Gazeta de 2008 a 2011 e de 2014 a 2021, como repórter e colunista da editoria de Política do jornal A Gazeta, além de participações como comentarista na rádio CBN Vitória. Desde março de 2022, atua nos veículos da Rede Capixaba: a TV Capixaba, a Rádio BandNews FM e o Portal ES360. E-mail do colunista: [email protected]

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