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Coluna Vitor Vogas

Manato mostra as suas armas contra Casagrande no 2º turno

Alianças com aliados derrotados, mais Bolsonaro, mais dinheiro do PL, duas frentes de ataque ao governo Casagrande e o papel reservado a Magno. Conheça as estratégias de Manato

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Em seu escritório, Carlos Manato mostra a enorme pistola de madeira que ganhou de um apoiador. Foto: Vitor Vogas

Levado ao 2º turno pelos eleitores capixabas, Manato (PL) já tem bem delineadas suas estratégias para derrotar Renato Casagrande (PSB) no próximo dia 30: intensificar a vinculação de sua imagem com a do presidente Bolsonaro (PL), reunir ao seu redor adversários de Casagrande que ficaram no 1º turno e, ao lado do projeto de governo, apresentar ao eleitorado os problemas que ele identifica na atual administração.

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Nas primeiras entrevistas após a apuração dos votos, o candidato já indicou as frentes em que vai atacar: obras paradas e corrupção.

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Ao mesmo tempo, ele tem a expectativa de obter mais recursos do PL (para superar o estágio “Davi contra Golias”) e com uma participação pessoal e estratégica do senador eleito Magno Malta, agora, em sua campanha, tanto no palanque como nos bastidores.

Adversários unidos

Manato já conta com os apoios de Aridelmo (Novo) e de Guerino Zanon (PSD). Tão logo terminou a apuração dos votos no domingo (2), o ex-prefeito de Linhares, em nota, confirmou sua aderência a Manato, cumprindo um acordo que eles dois já haviam anunciado no início de setembro. Na manhã desta segunda-feira (3), foi a vez de Aridelmo declarar apoio ao bolsonarista, após reunião entre os dois na Fucape, a faculdade do ex-secretário da Fazenda de Vitória.

“Audifax CPF”

Manato também vai procurar Audifax, e informações vindas de sua campanha dão conta de que os dois podem se encontrar ainda nesta segunda. O que chama mais a atenção é o cuidado do candidato do PL em evitar associações diretas com a federação de esquerda da Rede com o Psol, à qual pertence o ex-prefeito da Serra. “Vou procurar o Audifax, é claro. O Audifax CPF.”

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Bolsonaro

No decorrer do 1º turno, Manato associou-se, é claro, a Bolsonaro, mas o fez de modo moderado. Em debates e no horário eleitoral, o uso da imagem e do nome do presidente foi muito menos ostensivo, por exemplo, do que na campanha a senador de Magno Malta e do que em sua própria campanha a governador na eleição de 2018. Perguntamos a Manato, então, se sua campanha no 2º turno será “Bolsonaro, Bolsonaro e Bolsonaro” – até porque o presidente foi bem votado no Espírito Santo.

“Vamos continuar mostrando o nosso programa de governo e, logicamente, sou aliado do presidente. Então, é Bolsonaro, Bolsonaro e o programa de governo. São duas coisas fortes que nós temos. E o presidente com certeza agora vai ter mais liberdade para vir ao Estado, de gravar mais para nós. E a influência dele também vai ajudar muito. Com certeza vou reforçar esse alinhamento.”

O papel reservado a Magno

Manato também espera uma presença maior do próprio Magno em sua campanha e uma grande ajuda dele no contato com nomes nacionais de peso do bolsonarismo, incluindo Bolsonaro.

“É lógico. O Magno estava muito focado na campanha dele, que todos nós sabemos que é muito difícil. Então deixamos ele mais livre para fazer a campanha dele. Agora, no momento ideal, ele vai participar conosco. E o Magno tem um papel importante de trazer pessoas nacionais para cá, de fazer a interlocução com o presidente, com as pessoas que ganharam a eleição e agora podem participar. Isso eu vou deixar com ele, que ele faz muito bem.”

Obras e corrupção

Manato já deu algumas pistas sobre os pontos em que vai bater visando minar Casagrande:

“Nosso programa de governo é o melhor que tem. Tema meritocracia, tem o combate à corrupção. Não tem nenhum caso de corrupção conosco. Não temos obras paradas. Vamos mostrar as obras paradas na televisão, todas elas. Vamos mostrar o que é esse atual governo, que, para nós, não se sustenta. O capixaba tem que saber o que é esse governo.”

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Ajuda financeira

Ao mesmo tempo, Manato espera uma ajuda financeira bem maior por parte do seu partido, o PL, agora que terminou a eleição para o Senado e que o ex-senador Magno Malta está eleito. No 1º turno, o candidato a governador recebeu pífios R$ 100 mil da Direção Nacional do partido, comandado por Magno no Espírito Santo, enquanto o candidato a senador ficou com R$ 2.150.000,00 (vinte e uma vezes mais).

“Vou tentar ver agora com o partido uma estrutura melhor, porque não pude ir a vários lugares. Não tive helicóptero, não tive pessoas nas ruas. O que fiz foi santinhos, adesivos de carros e fui para a rua. Agora vamos ver com o PL para que a gente tenha uma estrutura mais ou menos igual à deles. Não sei como está o caixa do partido. O partido tem uma nova eleição presidencial, tem os candidatos a governador que estão no 2º turno em outros estados, tipo o Jorginho Mello [em Santa Catarina]. Mas acredito que agora a gente consiga uma estrutura melhor, porque até agora foi Davi contra Golias.”

No Espírito Santo, o teto de gastos de campanha no 2º turno para governador é de R$ 3.557.761,23.

Mais tempo de rádio e TV

Manato também aposta no maior tempo de exposição no horário eleitoral gratuito. Agora, serão cinco minutos para cada candidato, em cada bloco de 10 minutos no rádio e na TV (são dois blocos por dia de exibição). No 1º turno, Manato não teve nem 1 minuto e meio, enquanto Casagrande dispôs de mais de 6 minutos.

“Agora é uma outra eleição, uma eleição em que o tempo vai ser equânime e cada um vai ter cinco minutos de tempo de TV.”

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Vitória da tese

Mais que uma vitória política para Manato – o típico “perdeu ganhando” –, sua chegada ao 2º turno, como o segundo mais votado no 1º, pode ser considerada a vitória da tese que ele defendia desde que entrou neste processo eleitoral: a de que a presença de outras candidaturas, notadamente as de Audifax e Guerino, seria fundamental para levar a disputa para a segunda fase contra Casagrande, isto é, para evitar a reeleição do governador em turno único.

“Minha tese estava totalmente certa. Certíssima.”

Manato e sua campanha sempre tiveram a avaliação de que Guerino e Audifax no páreo eram importantes para ele porque os dois tiravam muito mais votos de Casagrande do que dele. Não por serem conservadores – por esse ângulo, tirariam mais votos de Manato –, mas porque, no entendimento da campanha de Manato, os dois ex-prefeitos têm perfis mais parecidos com o de Casagrande em alguns aspectos.

Pulga atrás da orelha

No 1º turno deu certo, mas essa avaliação também deve colocar uma pulga atrás da orelha de Manato e de seus estrategistas. Ora, se a análise está correta, se Guerino e Audifax de fato se assemelham mais a Casagrande que a Manato, não poderão os votos dos dois ex-prefeitos no 1º turno (13,5% somados) migrarem em sua maior parte para o governador agora no 2º turno, a despeito de declarações de voto de um ou de outro?

“Destruir o que está aí”

Olhando para as câmeras de TV e se dirigindo aos capixabas em sua primeira entrevista coletiva após a apuração, Manato conclamou: “Precisamos de vocês para destruir o que está aí”.

A conferir.


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Vitor Vogas

Nascido no Rio de Janeiro e criado no Espírito Santo, Vitor Vogas tem 39 anos. Formado em Comunicação Social pela Ufes (2007), dedicou toda a sua carreira ao jornalismo político e já cobriu várias eleições. Trabalhou na Rede Gazeta de 2008 a 2011 e de 2014 a 2021, como repórter e colunista da editoria de Política do jornal A Gazeta, além de participações como comentarista na rádio CBN Vitória. Desde março de 2022, atua nos veículos da Rede Capixaba: a TV Capixaba, a Rádio BandNews FM e o Portal ES360. E-mail do colunista: [email protected]

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