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Coluna Vitor Vogas

Filiação de Léo de Castro ao PSDB movimenta corrida eleitoral no ES

Empresário trocou de partido, está apto a disputar um mandato e tem sido estimulado por aliados para concorrer ao Senado. Ou, no mínimo, se encaixar como suplente

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Léo de Castro correndo uma prova de rua. Foto: Reprodução Whatsapp

Perto do fim do prazo de filiação de pré-candidatos, encerrado no dia 2 de abril, o ex-presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) Léo de Castro ingressou no PSDB, após anos de filiação – sem militância – no MDB. A troca de partido do empresário, no momento em que se dá, levanta fortes especulações quanto à sua possível participação no processo eleitoral deste ano, disputando algum mandato eletivo. A filiação de Léo é confirmada por fontes ligadas à Findes e ao próprio PSDB.

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Já o interesse do empresário em concorrer às eleições não é 100% assegurado por ninguém. O que não falta é gente ao redor dele a incentivá-lo para desta vez, enfim, dar o salto definitivo para a atividade política – com a qual está flertando não é de hoje.

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Esta não é a primeira vez que o nome de Léo é cotado para ser candidato a um mandato eletivo. Num passado recente, seu nome chegou a entrar até em listas de possíveis candidatos ao governo que teriam o incentivo de Paulo Hartung (sem partido). Ele mesmo, contudo, sempre se mostrou reticente em fazer essa transição.

Questionado por este colunista em outras ocasiões, o presidente da Findes de 2018 a 2020 mantinha o discurso de que sua militância e a contribuição que tinha para dar ao Espírito Santo eram como empreendedor e como representante do empresariado em entidades de representação da indústria. Nada de política partidária.

Agora, o momento do seu ingresso no PSDB reaquece a especulação. Afinal, se nem sequer cogitasse se lançar candidato, por que Léo teria trocado de partido, sem ser obrigado a fazê-lo, ainda por cima no limite do prazo para a filiação daqueles que pretendem disputar a eleição? No mínimo, o ex-presidente da Findes quis manter-se legalmente apto a concorrer a um mandato – o que já não é pouco.

Qual mandato, porém?

As especulações vão de vice-governador a senador. E não excluem um encaixe como o 1º suplente de algum candidato a senador. A última situação é a mais cômoda possível, pois o suplente “disputa a corrida eleitoral” sem necessariamente correr, aliás, sem precisar dar nem sequer um passo. E, se o candidato a senador da chapa for eleito, o suplente pode assumir o mandato a qualquer momento nos oito anos seguintes.

Foi inclusive o que ocorreu com o pai de Léo, o empresário Sérgio de Castro. À época filiado ao PDT, ele foi eleito como 1º suplente do senador Ricardo Ferraço, em 2010. Em meados de 2017, Ricardo licenciou-se do mandato, e Sérgio de Castro tornou-se senador na reta final da legislatura.

Por falar em Ricardo Ferraço, ele mesmo tem sido cotado para ser o candidato a vice-governador na chapa do governador Renato Casagrande (PSB), ou até a senador.

E, na eleição majoritária, o PSDB ainda não definiu apoio nem a Casagrande nem a ninguém. Mas faz questão de ocupar lugar na chapa majoritária, como condição para franquear apoio a algum candidato ao governo. Sempre no campo da especulação, será que Léo de Castro pode vir como 1º suplente de Ricardo Ferraço ao Senado, repetindo o movimento de seu pai doze anos atrás?

Para interlocutores de Léo, é muito pouco. Um líder empresarial do Estado ouvido pela coluna sob condição de anonimato defende que ele se lance, isso sim, ao Senado. Mas reconhece que ele está relutante.

A corrida ao Senado é uma eleição muito difícil, um enduro atlético – e a do Espírito Santo, com somente uma vaga em jogo e tantos pré-candidatos já apresentados, promete ser uma ultramaratona. Tem que percorrer o Estado inteiro, subir morro e descer morro, pedindo votos. Suar nesse sentido não é muito o perfil de Léo – que, no entanto, disputa corridas de rua por esporte e hobby. Por enquanto, ele não está fazendo isso. Mas está sendo incentivado a mudar de ideia.

Outros empresários do Estado, principalmente os do mesmo grupo de Léo, estão buscando convencê-lo a entrar nessa disputa.

Empresários em carência

Um forte argumento para a entrada dele nesse páreo é o absoluto vácuo de representação do setor empresarial do Espírito Santo no Senado, desde 2019. Para o empresariado capixaba, seria estratégico ter na Câmara Alta um procurador dos seus interesses, atuando pessoalmente nos debates e matérias que dizem respeito às atividades econômicas das empresas com negócios no Estado (regulação, guerra tributária, legislação sobre royalties etc.) e a obras públicas federais de infraestrutura que afetam diretamente a produção dessas empresas (BR 262, BR 101, portos, ferrovias etc.).

Ricardo Ferraço fazia essa interface. Desde a sua não reeleição, em 2018, abriu-se um vazio. Nem Rose de Freitas (MDB) nem Marcos do Val (Podemos) nem Fabiano Contarato (PT) possuem tal perfil de atuação.

“Sem pretensão política”

Um tucano ouvido pela coluna confirmou a filiação de Léo, mas acrescentou que o empresário afirmou não ter nenhuma pretensão política e que se limitou a destacar seu histórico de apoio às bandeiras do Partido da Social Democracia Brasileira.

Pode ser, pode ser…

De todo modo, Léo de Castro está no jogo. Quem se filiou até 2 de abril está entre os possíveis candidatos aglomerados antes da linha de largada. Se vai mesmo correr a prova desta vez ou de novo contentar-se em assistir, é só com ele.

A cantada de Rose

Em evento no fim do ano passado, a senadora Rose de Freitas disse a Léo, diante de uma plateia, que gostaria de tê-lo como suplente em sua chapa em 2022. O empresário sorriu e nada respondeu. Rose é pré-candidata à reeleição.

Em silêncio

Tentamos contato com o próprio Léo de Castro nesta quarta-feira (4), mas ele não pôde nos atender, por questões familiares.

Vitor Vogas

Nascido no Rio de Janeiro e criado no Espírito Santo, Vitor Vogas tem 39 anos. Formado em Comunicação Social pela Ufes (2007), dedicou toda a sua carreira ao jornalismo político e já cobriu várias eleições. Trabalhou na Rede Gazeta de 2008 a 2011 e de 2014 a 2021, como repórter e colunista da editoria de Política do jornal A Gazeta, além de participações como comentarista na rádio CBN Vitória. Desde março de 2022, atua nos veículos da Rede Capixaba: a TV Capixaba, a Rádio BandNews FM e o Portal ES360. E-mail do colunista: [email protected]

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