fbpx

Coluna Vitor Vogas

A Guerra do Microfone: Pazolini compartilha post que trata vice-prefeita como traidora

O próprio prefeito compartilhou stories remetendo seguidores a um post que contém um “entenda a treta” entre ele e a Capitã Estéfane. Segundo a versão, Pazolini “quer distância de uma pessoa que o traiu”

Publicado

em

Lorenzo Pazolini e Capitã Estéfane

E a Batalha do Microfone foi parar em outra esfera onde tudo adquire enorme ressonância: a noite já ia avançada nesta quarta-feira (9) quando o prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) publicou em seu Instagram alguns stories que sublinham ainda mais o conflito entre ele e a vice-prefeita de Vitória, Capitã Estéfane (Patriota), dando realce ainda maior ao rompimento político dos dois.

> Quer receber as principais notícias do ES360 no WhatsApp? Clique aqui e entre na nossa comunidade!

Em sua conta, o prefeito compartilhou stories de alguns seguidores que remetem à publicação feita por um perfil chamado “@pocacast”. O post em questão é aberto com o título “Entenda a treta entre Pazolini e sua vice”. A versão contada ali – e indiretamente encampada por Pazolini – é, basicamente, a de que a vice-prefeita o traiu ao declarar apoio no 2º turno ao governador Renato Casagrande (PSB), adversário do prefeito. Este, portanto, não teria motivo para querer Estéfane por perto nem para lhe abrir espaço para atuação política na administração comandada por ele.

Receba as notícias da coluna no grupo de Whatsapp do Vítor Vogas.

Na versão mais sucinta, em uma sequência de seis imagens, o texto do post é o seguinte:

“Pazolini denunciou diversos casos de corrupção do governo Casagrande. Casagrande passou a tratar Pazolini como seu inimigo número 1. Demonstrando grande infidelidade ao prefeito, a vice Cap. Estéfane declarou apoio a Casagrande. Agora a vice se vitimiza em suas redes sociais pelo fato do prefeito não permitir que ela discurse em eventos da prefeitura. Acreditamos que o prefeito Pazolini tem agido de forma correta, tendo em vista que a pessoa que ele confiou e escolheu para ser sua vice não tem tido lealdade e fidelidade com ele, apoiando seus adversários políticos.”

Na legenda, o texto é mais detalhado:

“Não é segredo para ninguém que o governador Casagrande tem Pazolini como seu inimigo número 1. Casagrande e seu grupo fizeram de tudo para impedir a eleição de Pazolini [em 2020]. Isso porque Pazolini sempre foi um deputado independente e denunciou diversos casos de corrupção do governo Casagrande. Mesmo sabendo disso, a Capitã Estéfane, vice de Pazolini, declarou apoio a Casagrande. Muitos consideraram esse apoio um ato de traição dela contra o prefeito que a escolheu para ser sua vice.”

E continua:

“Agora a vice tem comparecido e exigido falar nos eventos da prefeitura. Lembrando que a função do vice é falar somente quando tiver [sic] representando o prefeito. Esse não é o primeiro e nem será o último caso de desentendimento entre prefeito e vice, mas o que chama atenção nesse caso específico é o fato da vice estar usando isso como uma forma de tentar manchar a imagem do prefeito. A narrativa sempre é a mesma: ele tá fazendo isso porque ela é mulher, preta etc. Mas a verdade é uma só: independente do governo, cor ou qualquer outra coisa, Pazolini apenas quer distância de uma pessoa que o traiu. Simples assim. E vamos parar com os mimimis.”

Como o próprio Pazolini remeteu seus seguidores à leitura de tal publicação, pode-se concluir que ele endossa pessoalmente essa versão da “treta”. Ou seja, o prefeito realmente sente-se apunhalado por Estéfane e confirma indiretamente a existência de relação de causa e consequência entre o posicionamento eleitoral da vice-prefeita a favor de Casagrande e a fritura que ela vem sofrendo na administração municipal.

Estéfane agora não poderia querer ser prestigiada nem cobrar espaço político após ter se mostrado “infiel”, ou “desleal” a Pazolini. E estaria agora se vitimizando e fazendo “mimimi”, após ter praticado um autêntico “ato de traição”. Pelo menos é essa a lógica da “explicação” indiretamente ratificada pelo prefeito.

Como se nota, o uso (ou não) do microfone virou uma “macrotreta” na Prefeitura de Vitória. E o ruído entre o prefeito e sua vice agora está amplificado.

> Entrevista: “Pazolini não foi eleito sozinho”, desabafa Capitã Estéfane

Histórico

Estéfane e Pazolini se elegeram juntos na chapa puro-sangue do Republicanos na eleição municipal de 2020. Não é de hoje, contudo, que a relação política entre eles é muito ruim. Algumas fontes afirmam que começou a azedar já na transição, o que a própria Estéfane confirma.

Nas eleições deste ano, após ter se aproximado de Guerino Zanon (PSD) no 1º turno e não ter conseguido se eleger deputada federal pelo Patriota (ela teve pouco mais de 10 mil votos), a capitã da reserva da Polícia Militar do Espírito Santo declarou apoio à reeleição de Casagrande no 2º turno contra Carlos Manato (PL), em um vídeo gravado ao lado do governador. Também participou de atos de campanha com Casagrande, como um evento voltado para evangélicos e um comício direcionado a líderes comunitários em Vitória, no qual, além do governador, dividiu o palanque com outros adversários de Pazolini, como os ex-prefeitos João Coser (PT) e Luciano Rezende (Cidadania).

Capitã Estéfane declara apoio a Casagrande

No dia 31 de outubro, o primeiro após o 2º turno vencido por Casagrande, Pazolini exonerou três dos quatro servidores comissionados indicados por Estéfane que a assessoravam em seu gabinete na prefeitura. Na tarde da última segunda-feira (7), ela publicou em suas redes sociais um vídeo no qual alegou que não a deixaram discursar durante cerimônia de entrega de novas viaturas para a Guarda Municipal, na Praça Costa Pereira (Centro da Capital).

Na manhã de quarta-feira (9), durante solenidade em um Centro de Convivência da Terceira Idade no bairro Jardim Camburi, Pazolini e Estéfane chegaram a disputar a posse do microfone, em uma cena que viralizou nas redes sociais. A “disputa” foi vencida pelo prefeito, Estéfane não conseguiu se pronunciar e fez novo desabafo em suas redes sociais.

Pazolini tira microfone da mão da vice-prefeita. Foto: Reprodução

Em entrevista concedida à coluna na noite de terça-feira (8), Estéfane afirmou que está sendo cerceada, desrespeitada e impedida pelo prefeito de exercer o seu mandato. Ela se considera vítima de violência política de gênero.

Post destoa da nota oficial

No tom e no conteúdo, esse “entenda a treta” compartilhado por Pazolini difere bastante da nota oficial encaminhada horas antes, na tarde desta quarta-feira, à coluna e a colegas de imprensa pela assessoria de comunicação do prefeito. A nota foi apaziguadora, reafirmando o respeito total do prefeito pela vice.

A explicação para a cena do microfone foi a de que Estéfane chegou ao local em Jardim Camburi com o evento já em andamento, e o prefeito achou por bem encurtar a cerimônia, por se tratar de um público idoso. Para a exoneração dos assessores de Estéfane, a explicação foi que elas seguem “a premissa da administração de reduzir em 50% o número de cargos comissionados e de nomear profissionais priorizando o critério técnico e a gestão por resultados”.

Não houve nenhuma menção às eleições 2022.


Valorizamos sua opinião! Queremos tornar nosso portal ainda melhor para você. Por favor, dedique alguns minutos para responder à nossa pesquisa de satisfação. Sua opinião é importante. Clique aqui

Vitor Vogas

Nascido no Rio de Janeiro e criado no Espírito Santo, Vitor Vogas tem 38 anos. Formado em Comunicação Social pela Ufes (2007), dedicou toda a sua carreira ao jornalismo político e já cobriu várias eleições. Trabalhou na Rede Gazeta de 2008 a 2011 e de 2014 a 2021, como repórter e colunista da editoria de Política do jornal A Gazeta, além de participações como comentarista na rádio CBN Vitória. Desde março de 2022, atua nos veículos da Rede Capixaba: a TV Capixaba, a Rádio BandNews FM e o Portal ES360. E-mail do colunista: [email protected]

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do ES360.