Coluna Vitor Vogas
PSD muda de mãos e grupo de Hartung perde o controle do partido no ES
Por vontade de Gilberto Kassab, ex-deputado estadual Renzo Vasconcelos é o novo presidente estadual do partido, no lugar de Neivaldo Bragato. Pai de Renzo, Pergentino Júnior, é o novo vice-presidente

Renzo Vasconcelos foi deputado estadual. Foto: Assembleia Legislativa
O ex-deputado estadual Renzo Vasconcelos é o novo presidente do Partido Social Democrático (PSD) no Espírito Santo. Por determinação do presidente nacional da sigla, o ex-ministro Gilberto Kassab, ele assumiu o comando da Executiva estadual provisória, no lugar de Neivaldo Bragato.
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Já o pai de Renzo, Pergentino de Vasconcelos Júnior, é o novo vice-presidente estadual do PSD. Pergentino é um conhecido empresário de Colatina, proprietário de um hospital e de uma faculdade particular.
Com isso, um grupo de antigos aliados do ex-governador Paulo Hartung (sem partido) perde o controle do PSD no Espírito Santo. Desde março do ano passado, quem mandava na legenda no Estado eram hartunguistas como o ex-chefe da Casa Civil José Carlos da Fonseca Junior e o ex-prefeito de Linhares Guerino Zanon, além do próprio Bragato.
Foi esse grupo quem conduziu as articulações eleitorais do PSD no Espírito Santo em 2022. O partido, porém, acabou ficando isolado politicamente. Com só duas outras siglas pequenas em sua coligação, Guerino se lançou a governador, mas não passou do 1º turno, com tímidos 7% dos votos válidos. No 2º turno, apoiou Manato (PL), derrotado por Renato Casagrande (PSB).
Nas eleições parlamentares, o partido não conseguiu lançar chapas completas. Não elegeu nenhum deputado estadual e passou bem longe de eleger um federal pelo Espírito Santo. Em resumo, em solo capixaba, o PSD não elegeu ninguém e teve um desempenho muito ruim nas urnas.
Agora, aos 38 anos, Renzo assume o comando estadual da agremiação, por vontade de Kassab, com uma missão clara confiada a ele pelo presidente nacional: organizar o partido no Espírito Santo para as eleições municipais do ano que vem e buscar dar ao PSD no Estado um tamanho proporcional ao que o partido adquiriu em âmbito nacional.
Nas eleições do ano passado, o PSD ficou entre as maiores bancadas eleitas tanto no Senado como na Câmara Federal – mas, como dito acima, o desempenho no Espírito Santo destoou bastante e não contribuiu em nada para o bom resultado geral.
Hoje, para se ter uma ideia, com a chegada de novos filiados após o último pleito, o PSD tem a maior bancada do Senado: com 16 senadores, ocupa 20% do plenário, ou uma em cada cinco cadeiras.
Segundo Renzo Vasconcelos, no que depender dele, Guerino Zanon, Zé Carlinhos, Bragato e outros hartunguistas filiados ao partido terão espaço para continuar no PSD, colaborando na reconstrução de uma legenda coesa no Espírito Santo.
“Entro para substituir Bragato, mas tenho uma conversa anterior principalmente com o Zé Carlinhos para podermos fazer essa mudança de direção sem causar uma ruptura. Eles e Guerino não foram convidados a se retirar do partido e não serão. Serão, sim, convidados a construir um partido coeso, sob uma nova direção. Vamos construir juntos. Estou entrando não para dividir, mas para somar e multiplicar. No que depender da minha vontade, ninguém sai, e a gente traz pessoas novas para multiplicar a força do partido”, afirma Renzo.
A articulação
Renzo Vasconcelos chegou à Assembleia Legislativa pelo PP em 2018 e estava nesse partido até março do ano passado, preparando sua candidatura a deputado federal. Mas, com uma chapa cheia de pesos-pesados no Espírito Santo, a direção do PP, segundo ele, não quis deixá-lo concorrer a um lugar na Câmara dos Deputados.
Foi então que Renzo começou a procurar outras opções. Acabou entrando no Partido Social Cristão (PSC) para disputar uma vaga na Câmara. Mas, em meio a esse processo, estabeleceu os primeiros contatos com Gilberto Kassab, cacique nacional do PSD.
Pelo PSC, Renzo não conseguiu eleger-se deputado federal em outubro passado, pois a chapa da sigla não superou o quociente eleitoral, apesar de ele mesmo ter tido excelente performance. Com a preferência de 82.276 eleitores, foi o 3º candidato à Câmara mais votado no Espírito Santo.
Segundo o ex-deputado estadual, logo após o processo eleitoral, ele mesmo retomou e intensificou as conversas com Kassab. Seu bom resultado eleitoral, afirma, pesou na decisão do cacique nacional de lhe entregar o comando da sigla no Espírito Santo, após muitas conversas mantidas pessoalmente na residência de Kassab, em São Paulo.
“Sim, o Kassab gostaria de um resultado mais promissor na eleição passada no Espírito Santo, mas isso é uma coisa já superada. O que temos que olhar é a construção futura. Unindo forças e sem dividir o partido, quero dar ao PSD no Estado o tamanho que ele hoje possui em âmbito nacional. Não chego para ser o dono do partido, mas para fazer essa construção com sabedoria e, principalmente, para acrescentar novos nomes ao PSD, pensando nas próximas eleições”, conta Renzo.
Na última eleição municipal, em 2020, o PSD elegeu cinco prefeitos e 55 vereadores no Espírito Santo. Agora, a meta de Renzo é prospectar e filiar novos quadros. Na alça de mira estão prefeitos com mandato (que podem trocar de agremiação a qualquer tempo), além de vereadores e deputados filiados a partidos que já fizeram fusão ou federação, ou que estão em vias de fazer. “Nesse caso, a legislação eleitoral permite a troca de sigla sem perda do mandato”, afirma Renzo.
Para 2024, completa o novo dirigente, sua meta é “mais que dobrar” o número de prefeitos e vereadores filiados ao PSD atualmente no Espírito Santo.
E quanto a ele mesmo? Será candidato a prefeito de Colatina? Aí Renzo desconversa: “Não descarto a possibilidade, mas é muito cedo e prematuro para falar sobre isso”.
Errata
Na primeira versão deste texto, afirmei que Renzo chegou à Assembleia pelo Cidadania e depois migrou para o PP. Na verdade, ele já chegou ao Legislativo estadual pelo PP, na eleição de 2018. No pleito anterior, em 2014, ele se candidatou a deputado estadual pelo Cidadania, mas não se elegeu. A informação foi corrigida.
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