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Coluna André Andrès

Degustação de tinto de 99 pontos abre ‘ano do vinho’ no ES

Ícone chileno, o Almaviva 2002 alcançou 99 pontos na avaliação de James Suckling e será a estrela de degustações nessa quarta-feira, dia 12, em Vitória

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O vinho Almaviva, ícone chileno. Foto: Divulgação

A safra 2022 do vinho Almaviva será lançada em eventos em Vitória. foto: Divulgação

Quem já participou de uma degustação de vinhos sabe: normalmente a prova começa com os rótulos mais básicos e, na sequência, o nível vai se elevando até chegarmos até o “topo de linha”, como diriam os portugueses. Pois essa lógica parece não se aplicar para a chamada “abertura dos trabalhos” no Espírito Santo. A primeira grande degustação de 2025 será com um ícone da produção chilena, um vinho de 99 pontos na avaliação do norte-americano James Suckling e 96 pontos do sempre exigente Robert Parker: o Almaviva 2022.

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Como já foi relatado aqui, o Almaviva é resultado de uma fusão de culturas, de projetos, de nacionalidades. Sua produção já se aproxima dos 30 anos e desde o seu nascimento já havia certeza de seu sucesso. Ele é resultado da união dos conhecimentos da baronesa Philippine de Rothschild, responsável por uma tradicional vinícola francesa, e Don Eduardo Guilisasti Tagle, da Concha y Toro, potência absoluta da produção de vinhos do Chile. Desde 2007, a vinícola está sob o comando do francês Michel Friou. Ele estará em Vitória para dois eventos na Gran Cave, excelente casa na Mata da Praia, nesta quarta-feira, dia 12.

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A mescla de 99 pontos

Michel Friou, enólogo responsável pelo vinho Almaviva. Foto: Divulgação

O enólogo Michel Friou explica a mescla do vinho de 99 pontos: 1% faz diferença. Foto: Divulgação

O Almaviva é um novo vinho a cada ano. As mesclas são alteradas conforme a produção em Puente Alto. O vinho 2022 é feito com Cabernet Sauvignon (72%), Carménère (23%), Cabernet Franc (4%), Petit Verdot (1%). Quem olha essa mescla pode se perguntar como 1% de uma casta, como ocorre com a Petit Verdot, altera a elaboração final de um vinho? Bem, vai aqui uma explicação dada por Cristián Vallejo, enólogo do VIK, outro ícone chileno. Em conversa, há bons anos, no restaurante Ville du Vin, na Praia do Canto, Vallejo detalhou: “Quando você faz um prato, a quantidade de pimenta é mínima em relação aos outros ingredientes. Uma pitada de noz moscada dá o toque necessário em um molho branco, por exemplo. Assim é com o vinho. Busca-se um toque de especiaria, uma cor mais fechada, um aroma de fruta… Enfim, uma pincelada final na obra”.

No caso da safra de 99 pontos, Michel Friou explica: “Se fosse 1% ou 2% de Merlot, isso não iria mudar muito o vinho. O Petit Verdot tem efeito mais diabólico. Tem muita cor, concentração, tanino. Esse 1% contribui na boca. Se usássemos 2% ou 3%, isso traria rusticidade.” Concluída, a mescla passa de 16 a 20 meses em barricas novas de carvalho francês. Para Friou, o tinto tem estrutura para pelo menos 30 anos de vida. Toda essa elaboração tem custo. A safra 2022 está chegando agora ao mercado. A safra 2020 é vendida por R$ 3.500 na World Wine. Logicamente, o Almaviva não será estrela única dos eventos. Ele será acompanhado pelo champagne Baron de Rotschild Concordia, o Epu, segundo tinto da Almaviva e um Bernard Magrez, excelente Sauternes. A Gran Cave cuidará dos pratos com a competência de sempre.

Vem mais por aí

A chegada de Michel Friou abre a temporada das grandes degustações no estado, e o nível será mantido na próxima semana, quando estará em Vitória o também francês Jean Pascal Lacaze. À frente dos vinhos da Quebrada de Macul, Lacaze é autor de vinhos como o Domus Áurea, Alba de Domus, Peñalolen, Anka Pargua… Como se vê, assim como ocorre há bom tempo, o ano no Espírito Santo promete ser tão rico e saboroso quanto uma boa taça de vinho. Os seguidores de Baco agradecem.

André Andrès

Há mais de 10 anos escrevo sobre vinhos. Não sou crítico. Sou um repórter. Além do conteúdo da garrafa, me interessa sua história e as histórias existentes em torno dela. Tento trazer para quem me dá o prazer da sua leitura o prazer encontrado nas taças de brancos, tintos e rosés. E acredite: esse prazer é tão inesgotável quanto o tema tratado neste espaço.

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do ES360.