Coluna Vitor Vogas
Alexandre, o Grande… Favorito na eleição da Assembleia
Se a eleição para presidente da Mesa fosse hoje, Alexandre Marcelo Santos estaria matematicamente eleito (veja listas de apoios), mas jogo ainda pode mudar. Se confirmada, vitória nessa disputa será uma novidade para o deputado, após sucessivas bolas na trave nos últimos anos, relembradas por esta coluna

Marcelo Santos em cerimônia do Governo do Estado, com Casagrande ao fundo (06/01/2023). Foto: Reprodução Facebook
Alexandre Marcelo Coutinho Santos tem 52 anos, os 20 últimos passados na Assembleia Legislativa. Está prestes a inaugurar seu sexto mandato seguido na Casa que jamais presidiu. Nos últimos anos, consolidou-se na política capixaba como o homem da bola na trave; o atacante do “quase gol”. É Alexandre, o Grande… Flop.
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Bateu na trave na eleição a prefeito de Cariacica em 2016: largou com boa vantagem sobre Juninho, mas tomou a virada no 2º turno, marcado pelo até hoje mal explicado episódio do suposto atentado contra ele, com direito a marca de tiro na lataria do carro em que se encontrava, em caso tornado público por ele mesmo.
Bateu na trave em agosto de 2018, na disputa de bastidores pelo preenchimento da vaga do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCES) José Pimentel, que acabou ficando com o então líder do governo Paulo Hartung na Assembleia, Rodrigo Coelho. Na ocasião, com auxílio do deputado Jamir Malini, Marcelo chegou a ter o nome protocolado na Assembleia para concorrer à vaga, mas essa inscrição, alegadamente “acidental”, jamais foi divulgada oficialmente.
Bateu na trave em janeiro de 2019, em sua frustrada nomeação para a Secretaria de Estado de Esportes, na cota do PDT e por escolha do governador Renato Casagrande, em pleno início de segundo governo. Quando tudo já estava certo para isso, explodiu a “grave denúncia de estupro” (palavras de Marcelo à época) contra o suplente imediato dele na Assembleia, Luiz Durão. Para evitar o constrangimento de ensejar a posse do acusado, o governo desistiu da nomeação, deixando Marcelo a ver navios.
Bateu na trave novamente no mês seguinte, em fevereiro de 2019, na eleição em plenário do substituto de outro conselheiro do TCES: Valci Ferreira. No fim de 2017, com a ajuda de outro aliado, o então deputado Gilsinho Lopes, Marcelo chegara a recolher assinaturas de colegas em apoio à sua indicação para a vaga do afastado Valci, caso este perdesse o cargo em definitivo. Mas em 2019, com a aposentadoria do conselheiro, Casagrande preferiu indicar Luiz Carlos Ciciliotti. Marcelo desistiu do pleito e declarou apoio ao velho aliado do governador.
Bateu na trave, finalmente, em janeiro de 2021. Naquela oportunidade, já incomodado com a eternização de Erick Musso na presidência da Assembleia, o governo Casagrande ensaiou alternativas para emplacar um presidente aliado no lugar de Erick. Ao lado de Dary Pagung (PSB), Marcelo foi um dos nomes exercitados e chegou a ganhar força a certa altura… Mas Casagrande achou melhor não ir para o enfrentamento, optando por uma acomodação com Erick… Pouco depois, o presidente da Casa foi para a oposição.
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Agora, a quatro dias da eleição da próxima Mesa Diretora da Assembleia, enfim pode-se dizer que Alexandre é o Grande… Favorito.
Com o apoio declarado e irreversível do governador – algo que lhe faltou em todos os episódios anteriores –, Marcelo não chegar à presidência da Assembleia desta vez seria mais que uma bola na trave. Seria como aquela bola que bate no travessão, quica em cima da linha e não entra.
E, mais que uma derrota política, representaria a suprema humilhação para o governo e o próprio Casagrande, após este ter exposto de tal maneira seu apoio a um candidato na eleição do outro Poder – de um modo que observadores mais experientes não se lembram de ter visto nenhum governador do Espírito Santo fazer.
Para que não haja distorção das minhas palavras por má-fé ou por quem eventualmente desconheça o significado de “favoritismo”, não estou aqui dizendo que Marcelo já ganhou a eleição contra Vandinho Leite (PSDB). O jogo ainda está em aberto e pode mudar até o dia 1º.
Só estou dizendo que, hoje, em condições normais de pressão e temperatura, Marcelo tem chances maiores de levar a presidência – se não houver até quarta-feira um fato político novo que caia como uma bomba sobre o tabuleiro e o reconfigure por inteiro; uma imprevista, improvável (e inoportuna) decisão judicial que altere as regras do jogo em cima da hora; uma barbeiragem sem precedentes por parte do Palácio Anchieta ou do próprio Marcelo; qualquer motivo “de força maior” efetivamente muito forte.
Enfim, se a eleição fosse hoje, Marcelo estaria eleito.
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Nessa conclusão, não há nenhum demérito a Vandinho (aliás, nem há propriamente grande mérito para Marcelo). É uma questão objetiva e matemática: Marcelo, a este ponto do processo, possui maioria consolidada de apoio entre os pares.
Os deputados estaduais são 30. Para vencer o escrutínio com maioria absoluta, o candidato à presidência precisa de 16 votos.
Contando o próprio voto, segundo inúmeros deputados e fontes ligadas ao governo ouvidas por este signatário, a chapa de Marcelo (volto a frisar: hoje) tem o apoio assegurado de 18 parlamentares. Existe a possibilidade de adesão de outros dois deputados: Meneguelli (Republicanos) e Camila Valadão (a psolista não votará em hipótese alguma em Vandinho, mas ainda não fechou apoio a Marcelo).
Seguramente fechados com Vandinho, no momento, há dez deputados.
Insisto: o jogo ainda pode mudar, este placar é parcial, alguns ainda podem trocar de lado… mas as listas momentâneas de apoiadores de Marcelo e de Vandinho são as que seguem, por ordem alfabética:
MARCELO SANTOS (18)
1. Adilson Espindula (PDT)
2. Allan Ferreira (Podemos|)
3. Alexandre Xambinho (PSC)
4. Dary Pagung (PSB)
5. Denninho Silva (União Brasil)
6. Dr. Bruno Resende (União Brasil)
7. Fabrício Gandini (Cidadania)
8. Iriny Lopes (PT)
9. Janete de Sá (PSB)
10. João Coser (PT)
11. José Esmeraldo (PDT)
12. Lucas Scaramussa (Podemos)
13. Marcelo Santos (Podemos)
14. Mazinho dos Anjos (PSDB)
15. Pablo Muribeca (Patriota)
16. Raquel Lessa (PP)
17. Tyago Hoffmann (PSB)
18. Zé Preto (PL)
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VANDINHO LEITE (10)
1. Alcântaro (Republicanos)
2. Bispo Alves (Republicanos)
3. Callegari (PL)
4. Capitão Assumção (PL)
5. Coronel Weliton (PTB)
6. Delegado Danilo Bahiense (PL)
7. Ferraço (PP)
8. Hudson Leal (Republicanos)
9. Lucas Polese (PL)
10. Vandinho Leite (PSDB)
Nota: Alexandre Magno
Marcelo procurou Magno Malta e conversou pessoalmente com o senador diplomado há poucos dias. O deputado foi pedir apoio a Magno, presidente estadual do PL, partido que possui a maior bancada eleita na Assembleia, com cinco deputados estaduais. Dos cinco, quatro estão com Vandinho, enquanto Zé Preto assinou a lista de Marcelo, conforme elencado acima.
A coluna procurou Magno Malta para comentar a eleição da Assembleia. Por intermédio de sua assessoria, ele informou que quem fala sobre o tema são os dois deputados mais experientes e reeleitos da bancada do PL: Capitão Assumção e Danilo Bahiense.
