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Coluna Vitor Vogas

“Não vou mudar a minha postura”, diz Majeski, agora em cargo no governo

Em entrevista ao EStúdio 360 Segunda Edição, ex-deputado fez um balanço de seus oito anos na Assembleia, expôs seus planos eleitorais para 2024 e afirmou não ver problemas em seguir fazendo as críticas que julgar pertinentes, desde que tenham fundamento. Desde a última sexta (3), a convite de Casagrande, ele é diretor de Estudos e Pesquisas do Instituto Jones dos Santos Neves. Ao EStúdio, ele explicou suas novas funções

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Sergio Majeski no EStúdio 360 (09/02/2023). Foto: Isabela Wilvock

Após oito anos na Assembleia Legislativa, exercendo mandatos muito críticos aos governos Paulo Hartung (2015-2018) e Casagrande (2019-2022), o agora ex-deputado estadual Sergio Majeski (PSDB) acaba de ser nomeado pelo governador para o cargo comissionado de diretor de Estudos e Pesquisas do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), órgão que fornece dados e subsídios às políticas públicas do governo estadual.

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Assinado por Casagrande, o decreto de nomeação foi publicado no Diário Oficial do Estado na última sexta-feira (3), e Majeski já está dando expediente no novo emprego desde a última segunda-feira (6).

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Nesta quinta-feira (9), em entrevista ao EStúdio 360 Segunda Edição, o professor de Geografia fez um balanço de seus dois mandatos na Assembleia, apresentou seus planos para as eleições municipais do ano que vem e respondeu como será a sua postura daqui para a frente em relação ao próprio governo, ao qual agora está vinculado – pelo menos do ponto de vista funcional.

Como deputado estadual, Majeski sempre teve por marcas a independência e a criticidade em face dos governos de Hartung e Casagrande. Como colunista, eu costuma ouvir muito de representantes das duas administrações: “Ah, o Majeski só é assim porque ele não é governo, porque nunca foi governo e jamais fez parte de uma gestão pública, jamais precisou dar respostas, senão ele saberia como é”.

Agora, oficialmente, pode-se dizer que ele enfim “é governo”. Mesmo que exercendo um cargo técnico, está lotado em um cargo comissionado, de livre nomeação do governador, e pertence oficialmente à estrutura do governo Casagrande. Por isso lhe perguntamos: como será a postura doravante?

Obviamente, ele já não terá a seu dispor a tribuna da Assembleia. Mas poderá sempre usar as redes sociais, a imprensa etc. Será que agora, sem mandato e investido desse cargo, continuará fazendo críticas à atual administração, mesmo fazendo parte dela?

A resposta de Majeski indica que se engana bastante quem espera dele uma mudança de comportamento nesse aspecto:

“Olha só, a minha função é técnica, e não política. É muito diferente você assumir o cargo que eu estou assumindo lá no instituto e você assumir um cargo de secretário de Estado, de um subsecretário ou coisa que o valha. Eu não pretendo mudar a minha postura. Então aquilo que precisa ser criticado com fundamento, eu não vejo por que não se possa fazer isso. Agora, se as pessoas vão aceitar isso ou não, o tempo dirá…”

O ex-parlamentar argumentou que criticar determinada administração – ainda que por dentro dela – na verdade contribui com essa gestão, desde que a crítica esteja bem fundamentada:

“A crítica pela crítica não tem fundamento nenhum e não serve para absolutamente nada. Agora, a crítica fundamentada subsidia quem está realmente disposto a melhorar uma área ou uma política pública, ou conduzir melhor uma situação, ou no mínimo dialogar sobre isso, ou repensar uma situação.”

O que ele fará no novo cargo?

Segundo Majeski, o convite para o novo cargo foi feito a ele pelo próprio Casagrande, pessoalmente. O ex-deputado se diz satisfeito com a nova missão:

“Estou muito satisfeito de estar lá. Não é uma função política, mas técnica. E, juntando a minha prática como pesquisador da área de Educação e a minha prática política nestes anos, acho que posso dar uma boa contribuição.”

Mais que satisfeito, aliás: “muito entusiasmado” e “encantado” com a capacidade dos novos colegas de trabalho:

“É um instituto seríssimo, com um trabalho de produção de conhecimento de excelência, de pesquisas, de base de dados, de formulação de projetos, para subsidiar e acompanhar políticas públicas. E tem uma equipe de profissionais, em sua maioria, altamente qualificada. Grande parte das pessoas lá tem mestrado, tem doutorado. E eu estou muito entusiasmado e, principalmente, encantado em ver como aquelas pessoas trabalham, o quanto se dedicam ao que fazem. E com pouca gente. O instituto precisa urgentemente de mais gente para trabalhar”, disse o ex-deputado – já fazendo, no meio da entrevista, uma primeira pequena cobrança interna, como membro do governo.

Ele explicou qual será exatamente a sua função a partir de agora, como diretor de Estudos e Pesquisas:

“A minha função seria de acompanhar os projetos, dar ideias, ajudar a coordenar. O instituto normalmente é demandado. Ele é demandado por todas as secretarias do governo. Então, normalmente, essas pesquisas que se faz lá são demandas trazidas pelas secretarias. As secretarias e outros órgãos do governo vão lá e dizem ‘olha, nós estamos pensando nisso, nisso e nisso, a gente precisa de uma pesquisa assim, de um projeto assim e tal’, e o instituto então vai fazer isso.”

Como ele fez questão de esclarecer, o IJSN subsidia e monitora, mas não executa políticas públicas:

“O instituto não tem a força de fazer com que aquilo que eles produzem seja efetivado através de políticas públicas. Acho até que o instituto, de certa forma, é subaproveitado, isto é, o que ele produz para subsidiar políticas públicas estaduais e municipais” – afirmou, já fazendo (opa!) uma segunda pequena crítica interna.

Planos eleitorais

Majeski também reforçou algo que já havia declarado em entrevista a esta coluna: participará ativamente da eleição municipal de Vitória no próximo ano – se possível, como candidato a prefeito:

“Na verdade, essa eleição já é depois de amanhã [risos]. Pretendo participar ativamente das eleições municipais de Vitória e até de outros municípios também, pelo partido. Mas quero e vou participar ativamente dessa eleição em Vitória, sem sombra de dúvida, seja como candidato, seja como cidadão, como eleitor. E, obviamente, se a pergunta é se eu tenho interesse também em me candidatar a prefeito de Vitória, o interesse existe, com certeza, tenho todo o interesse.”

Isso com uma ressalva importante, até porque o ex-deputado, hoje no PSDB, está vacinado após ter tido a pré-candidatura ao mesmo cargo enviesadamente barrada pelo seu partido em 2020 (por uma dessas ironias políticas, o PSB de Casagrande, ao qual era filiado então).

“Não dá pra afirmar ‘serei candidato a prefeito de Vitória’, porque ninguém é candidato de si próprio. Isso depende das questões partidárias, de você conseguir se viabilizar.”

RÁPIDAS

Seguem outros destaques curtos e diretos da entrevista de Majeski:

A maior lição em oito anos na política

“O sistema de poder é pior do que eu pensava.”

Perseguição

“Quem não concorda [com o sistema de poder] vira alvo.”

A derrota eleitoral para deputado federal em 2022

“Quem tem medo de perder nem entra.”

O maior acerto

“Fiquei oito anos na Assembleia sem me dobrar.”

O maior arrependimento

“Meu maior erro foi ter me filiado ao PSB. Hoje eu poderia ser senador ou prefeito de Vitória.,,”


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