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Coluna Vitor Vogas

Mudanças na Assembleia: as novas peças encaixadas por Casagrande

Como num jogo de Lego, o governador escolheu a peça principal (Marcelo Santos) e depois precisou encaixar algumas peças ao redor, incluindo seu novo líder no plenário e o novo vice-presidente da Mesa Diretora

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Marcelo Santos e Renato Casagrande. Foto: reprodução Instagram

Marcelo Santos e Renato Casagrande. Foto: reprodução Instagram

O deputado estadual Vandinho Leite (PSDB) será o novo líder do governo Casagrande na Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales). Ele substitui Dary Pagung (PSB), que exercia o cargo desde julho de 2020, no governo passado de Casagrande. Dary precisou ser trocado na função porque passará a ocupar outra posição estratégica para o Palácio Anchieta na Assembleia: a de 1º vice-presidente da Mesa Diretora, substituto imediato de Marcelo Santos (União Brasil).

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As mudanças conduzidas por Casagrande fazem parte dos arranjos relacionados à eleição da Mesa, daqui a nove dias, em 3 de fevereiro. Como num jogo de Lego, o governador escolheu a peça principal e depois precisou encaixar algumas peças menores ao redor. A peça principal é Marcelo.

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Na última quarta-feira (22), o governador sacramentou seu apoio à reeleição do atual presidente, com o anúncio do apoio do União Brasil ao projeto político-eleitoral liderado por Casagrande em 2026 – referendado pela direção nacional do partido.

Com as bênçãos de Casagrande e do vice-governador Ricardo Ferraço (MDB), Marcelo será reeleito à frente de uma chapa única, que o governo está ajudando a montar. Foi aí que entrou Dary Pagung.

A confiança do Palácio Anchieta em Marcelo foi renovada. Mas, para o governo Casagrande, era fundamental ter um homem de extrema confiança ocupando o lugar de 1º vice-presidente no próximo biênio. Dary é esse homem. Além de ser correligionário do governador no PSB, o deputado de Baixo Guandu provou, ao longo dos anos, uma fidelidade quase canina a Casagrande.

Na ausência de Marcelo Santos, o 1º presidente é quem conduz e preside as sessões plenárias. Dary será, para o governo, um “seguro” à prova de pernadas e surpresas desagradáveis quando Marcelo não estiver por perto. Não que isso tenha ocorrido no biênio passado. Mas seguro morreu de velho.

Na atual composição da Mesa, o 1º vice-presidente é Hudson Leal (Republicanos), mas ele nunca preside. O 2º vice-presidente é o Delegado Danilo Bahiense, do Partido Liberal (PL). Nos últimos dois anos, foi ele quem tocou as sessões na ausência de Marcelo – que sempre fez questão de presidir as votações mais importantes para o governo.

De olho na própria reeleição, Hudson tem se aproximado muito do governo, mas não está nem perto do rol dos seus maiores aliados. Danilo nunca deu trabalho ao Palácio Anchieta conduzindo sessões na Assembleia, mas não deixa de ser um oposicionista. Como seguro morreu de velho, Casagrande convocou Dary para a nova missão.

Com a ida de Dary para a Mesa, vagou-se o cargo de líder do governo no plenário, oferecido, então, a Vandinho.

Por que Vandinho Leite como líder?

Opositor de Casagrande no início do governo passado, entre 2019 e 2020, o deputado da Serra desde então se aproximou do governo Casagrande a ponto de hoje ser considerado um dos principais aliados do Palácio Anchieta (mais até, por exemplo, que Marcelo Santos).

Sem aparecer tanto, mas com forte atuação nos bastidores, Vandinho foi importante para o governo, na contenção de alguns “avanços” do próprio Marcelo no ano passado. Quando o presidente da Assembleia chegou a se assanhar um pouco na disputa pela vaga de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado – sob a tese de que o lugar de Sérgio Borges deveria ficar com um deputado –, Vandinho defendeu com firmeza a indicação do nome do Palácio: o então chefe da Casa Civil, Davi Diniz, que acabou prevalecendo. Isso para ficar em um exemplo.

Além disso, Vandinho é o presidente estadual do PSDB, partido que não só fez parte da coligação eleitoral de Casagrande em 2022 como elegeu o vice-governador Ricardo Ferraço (transferido para o MDB em outubro de 2023). O PSDB faz parte do governo Casagrande, e Vandinho detém a indicação do comando do Procon-ES.

Além disso, Vandinho é hoje, no Espírito Santo, um dos políticos mais próximos de Ricardo Ferraço. É, desde o primeiro momento, um dos principais apoiadores do plano de lançamento de uma candidatura do vice-governador ao Governo do Estado, na sucessão de Casagrande. Se este renunciar em 2026 para ser candidato a senador, Ricardo assumirá o governo. Precisará de um líder como Vandinho, que seja de sua inteira confiança. O governo já está pensando lá na frente.

Por toda a confiança angariada – em contraponto a dúvidas que pesavam no Palácio Anchieta contra Marcelo Santos –, Vandinho se colocou nos bastidores como alternativa ao nome de Marcelo para a presidência da Assembleia. De fato, chegou a ser tratado como essa carta na manga. Por algum tempo, o governador ficou entre os dois.

Porém, na última segunda-feira (20), em uma longa reunião no Palácio Anchieta, Casagrande e Marcelo se entenderam, fizeram novo acordo político e deixaram muito bem encaminhada a reeleição do atual presidente, mediante algumas condições. A maior delas foi a presença do União Brasil no governo Casagrande e no seu palanque em 2026, agora sob a presidência do prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio. A condição foi cumprida.

Na terça-feira (21), para recompensar Vandinho – preterido, pela segunda vez seguida, na eleição da Mesa Diretora –, Casagrande chegou a sondar se ele teria interesse em assumir uma secretaria de Estado. Desde o começo do ano, o governador já mexeu no comando de três pastas: Saúde, Desenvolvimento Urbano e Desenvolvimento.

Há mais duas “para jogo”, que são a de Turismo, hoje sob o comando do jornalista Philipe Lemos (PDT), e a de Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social, desde o governo passado aos cuidados da técnica Cyntia Grillo. A de Agricultura é muito cobiçada por muitos, mas o governador reluta em mexer no secretário Enio Bergoli, da cota pessoal de Ricardo Ferraço.

Secretário de Esportes no primeiro governo Casagrande (2011-2014) e de Ciência e Tecnologia no terceiro de Paulo Hartung (2015-2018), Vandinho não se interessou em voltar para o secretariado.

Pré-candidato à reeleição na Assembleia, ele prefere manter uma atuação em múltiplas áreas e geograficamente “espalhada”, do interior à Grande Vitória. Assumindo uma pasta agora, além de ficar “preso” a uma pauta específica, ele teria pouco mais de um ano para colher algum fruto político até precisar de desincompatibilizar do cargo, em abril do ano que vem.

Concluiu que não valia a pena.

Aí veio quarta-feira (22), e o governador fechou o acordo com Marcelo Santos em Brasília, envolvendo o União Brasil. A reeleição de Marcelo foi selada.

Na quinta-feira (23), então, Casagrande fez a Vandinho uma oferta que ele não pôde recusar. E o deputado aceitou o convite para assumir a liderança do governo no Parlamento Estadual.

Ao escolher Vandinho como seu novo líder na Assembleia, Casagrande também transmite um sinal de unidade política. Mesmo preterido de novo na disputa pela presidência da Ales, Vandinho segue prestigiado por ele. Ao posarem juntos na mesma foto (abaixo), eles sinalizam que daqui para a frente, cada um jogando em sua posição, o time seguirá unido.

Ricardo Ferraço, Vandinho Leite, Renato Casagrande, Marcelo Santos e Junior Abreu

Ricardo Ferraço, Vandinho Leite, Renato Casagrande, Marcelo Santos e Junior Abreu

Todos eles estão juntos no mesmo projeto sucessório rumo a 2026.

Uma errata

Na coluna publicada na manhã de sexta-feira (24), relatamos detalhadamente o passo a passo da negociação de Casagrande com Marcelo Santos, envolvendo a presidência da Assembleia Legislativa, o comando do União Brasil no Espírito Santo e a presença do partido na coligação majoritária liderada por Casagrande nas próximas eleições estaduais.

Cometemos, porém, um equívoco, aqui corrigido, ao dizer que o nome de Euclério Sampaio (MDB) para presidir o União Brasil no Espírito Santo teria sido sugerido por Marcelo Santos.

Na verdade, desde o fim do ano passado, o próprio Casagrande já vinha operando para que o União, no Espírito Santo, siga para as mãos do prefeito de Cariacica. O governador já estava ciente de que seu secretário de Meio Ambiente, Felipe Rigoni, seria substituído pela Executiva Nacional do União no cargo de presidente estadual.

Euclério foi uma solução consensual.

Marcelo cantou a pedra…

No dia 11 de dezembro, Marcelo Santos deu uma coletiva de imprensa, no Salão Nobre da Assembleia, na qual lançou sua candidatura à reeleição na presidência da Mesa. No fim da entrevista, questionado por uma jornalista sobre a situação do União Brasil no Espírito Santo, disse, sem entrar em detalhes, que o partido passaria por mudanças no comando em alguns estados – entre eles, o Espírito Santo.

No mesmo dia, Marcelo publicou em seu Instagram a foto abaixo, em Brasília, ao lado do presidente nacional da agremiação, Antônio de Rueda, e do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, uma das maiores estrelas do partido de direita no país.


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