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Coluna Vitor Vogas

Luiz Paulo não pode ser subestimado na eleição para prefeito de Vitória

O candidato a prefeito do PSDB, na avaliação da coluna, foi quem melhor acertou o tom e o teor das críticas contra Pazolini e sua administração

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“Não sou eu quem me navega, quem me navega é o mar…” Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), sambista, é grande fã de Paulinho da Viola. Chegou a citar outra letra do bamba em sua entrevista ao EStúdio 360, da TV Capixaba, para responder a uma pergunta minha sobre o fato de ser um candidato muito “antigo” se apresentando como um “visionário”: “Quando eu penso no futuro, não esqueço o meu passado”.

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Bem, o “mar eleitoral”, como sempre, é relativamente imprevisível. Reserva as suas surpresas aos analistas e ao público em geral. Por acaso poderá esse mar “navegar” Luiz Paulo rumo ao 2º turno, após ele ter passado a campanha inteira, na média das pesquisas, em terceiro lugar, atrás de Lorenzo Pazolini (Republicanos) e de João Coser (PT)? Não temos a resposta para isso. Não é possível nem dizer se haverá 2º turno. O eleitor de Vitória é quem dirá, no próximo domingo (6).

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Com base na “média” das pesquisas publicadas até aqui, Pazolini, se a eleição fosse hoje, estaria eleito no 1º turno, com margem apertada de votos válidos. E, em eventual 2º turno, o candidato com maiores chances de passar de fase contra o atual prefeito é o deputado João Coser (PT), segundo colocado em quase todas as pesquisas realizadas até aqui sobre o cenário eleitoral de Vitória.

Mas Luiz Paulo Vellozo Lucas não pode ser subestimado.

Não estamos aqui a dizer que o candidato do PSDB vai chegar ao 2º turno na eleição para prefeito de Vitória. Estamos, sim, a dizer exatamente o que está dito no título: é um erro subestimá-lo. Existem alguns sinais de que o tucano pode, sim, crescer, ou até já vir crescendo, nestes últimos dias de campanha.

E nem estamos incluindo em “sinais” a pesquisa AtlasIntel da última quarta-feira (2), que apontou 2º turno entre Pazolini e Luiz Paulo (mas com metodologia contestada por muitos especialistas). Não é isso. Há outros fatores na mesa.

Em primeiro lugar, de todos os opositores unidos no “todos contra Pazolini”, Luiz Paulo, na avaliação da coluna, foi quem melhor acertou o tom e o teor das críticas contra o atual prefeito e a atual administração.

Assim como João Coser, Luiz Paulo até criticou o “asfalto eleitoreiro” de Pazolini, com mais de R$ 200 milhões gastos para “colocar asfalto novo sobre asfalto bom”. Cá para nós, o prefeito em nenhum momento da campanha deu mesmo uma resposta convincente para explicar a necessidade desse gasto, e o timing é realmente de causar espécie (o “novo asfalto” da Reta da Penha deve ficar pronto neste fim de semana da eleição).

Mas o tucano não ficou tão preso a isso. Coser, de tão insistente nessa crítica, foi “lembrado” por Luiz Paulo no debate de ontem da TV Gazeta: “O candidato se esqueceu de falar do asfalto…”

Outro ponto muito importante: diferentemente do petista, Luiz Paulo evitou atacar Pazolini no campo da ética. Coser levou até o limite o ataque a Pazolini por ter gasto, segundo o petista, mais de R$ 500 milhões em contratos sem licitação nos três primeiros anos de governo. Nos dois debates da Rede Gazeta, Coser fez uma associação entre os contratos sem licitação e corrupção. “Pode não ser ilegal, mas é imoral”, disse ele ontem, na TV Gazeta.

Diferentemente do petista, Luiz Paulo centrou suas críticas a Pazolini muito mais na “falta de projeto de futuro”, nas “intervenções só pontuais”, na “perda de protagonismo de Vitória”, na “falta de visão da atual gestão”, no “populismo fiscal” de quem “juntou dinheiro por três anos para investir só no ano eleitoral”, no “pensamento pequeno”, no “projeto de poder [de Pazolini e do Republicanos]”, nas grandes chances de o prefeito, se reeleito, renunciar ao cargo com um terço de mandato para concorrer a governador em 2026, deixando a Prefeitura de Vitória, de bandeja, nas mãos da ex-presidente da Findes Cris Samorini (PP), sua candidata a vice-prefeita.

Por sinal, a empresária foi vivamente “apresentada” à população na propaganda de rádio e TV de Pazolini durante todo o horário eleitoral, inclusive, em alguns momentos, falando em nome da atual administração (“fizemos” isso, aquilo etc.), da qual na verdade não participou, nem poderia ter participado (a vice-prefeita de Vitória ainda é a Capitã Estéfane…).

Não só isso.

Luiz Paulo, a nosso ver, foi quem se saiu melhor no debate final da TV Gazeta, na noite dessa quinta-feira, ao lado de Camila Valadão (PSol) – no geral, a grande vencedora dos quatro debates promovidos por veículos de imprensa.

Posicionado no estúdio bem ao lado de Pazolini, o tucano foi calmo, firme e assertivo nas críticas. Não nocauteou o prefeito, longe disso, aliás, pois Pazolini soube bem se defender. Mas o tucano distribuiu seus jabs e acertou um ou dois bons cruzados. Ganhou por pontos.

Nos embates com Camila e Coser, em mais de uma oportunidade, Pazolini encheu o peito para dizer: “É lamentável a postura do/a candidato/a. Inventa dados, mente sobre os números…” Em momento algum, o prefeito disse o mesmo a Luiz Paulo. Ao contrário, em dado momento, foi o ex-prefeito quem afirmou que “Pazolini tortura os números até fazê-los confessar”.

Governo Casagrande

Além disso, é preciso lembrar que o Palácio Anchieta entrou em peso na campanha do tucano, com muitos secretários importantes do governo Casagrande, intensificando essa presença na reta final (Álvaro Duboc, Emanuela Pedroso, Fabio Damasceno, Nara Borgo, Cyntia Grillo, Felipe Rigoni), tanto no horário eleitoral como em uma grande encontro promovido no clube Álvares Cabral na noite da última terça-feira (2). Quem esteve lá se impressionou com o clima vibrante do evento.

A estrela da companhia, é claro, é o vice-governador e também secretário de Estado Ricardo Ferraço, presidente estadual do centrista MDB, um dos seis partidos na coligação de Luiz Paulo. E vejam bem: Ricardo afirmou com todas as letras, no programa eleitoral de despedida do ex-prefeito de Vitória: “Eu e o governador Casagrande estamos com Luiz Paulo”.

Casagrande em momento algum o desautorizou. Se Ricardo falou em nome de Casagrande, é porque o governador logicamente endossa a declaração do seu vice, ainda que prefira não mostrar a cara pessoalmente, para não melindrar o PT de João Coser, partido que está em seu governo, em sua apertada base na Assembleia e, não é demais lembrar, governa e governará o Brasil até o fim do seu mandato no Palácio Anchieta, em 2026.

O próprio fato de o PSB ter decidido compor a coligação de Luiz Paulo, e não a de Coser – obviamente, com o aval de Casagrande –, é eloquente por si. Por esse motivo, colaboradores muito próximos do governador não têm a menor dúvida de que, mesmo apreciando muito Coser (não o PT), o eleitor José Renato Casagrande votará em Luiz Paulo para prefeito de Vitória no domingo.

Se há um político orgânico, verdadeiramente partidário no Espírito Santo, chama-se Renato Casagrande. Ele sempre vota com o seu partido, nos candidatos do PSB ou apoiados pelo PSB. No caso concreto, Luiz Paulo é esse candidato.

Mas não é só isso. Mais até que fidelidade partidária, a característica que melhor define Casagrande como político, a mesma que lhe permitiu sobreviver politicamente por quatro décadas, é o seu profundo pragmatismo.

Casagrande sabe, como o comitê de campanha de Pazolini sabe, como até o comitê de João Coser deve saber, que Luiz Paulo tem bem maiores chances de fazer um enfrentamento real com Pazolini em eventual 2º turno. Coser, por sua vez, é o adversário dos sonhos de Pazolini se houver 2º turno. O prefeito já o derrotou em 2020, com boa margem de votos, e poderá derrotá-lo de novo sem dificuldades, menos por méritos próprios que por conta da rejeição ao PT.

Qual morador de Vitória não tem um conhecido que já afirmou: “João Coser: político sério, muito bom prefeito, grande ser humano, mas não dá pra votar nele por causa do partido…”? O “antipetismo” pegou em cheio em Vitória, e rebaixa demais o teto do candidato do PT.

Luiz Paulo, no mínimo, pode dar a Pazolini mais trabalho.

Enfim, por todo o exposto, e retomando o título desta análise, Luiz Paulo não pode ser subestimado.

É isso, tão somente isso.

O erro crasso e insistente de João Coser

Como todos os governantes, Pazolini tem seus defeitos, mas é muito difícil atingi-lo no campo da ética e colar nele a pecha de “desonesto”. A eleição municipal passada deveria ter ensinado algo aos adversários do atual prefeito.

Em 2020, a campanha de Fabrício Gandini tentou de todas as formas vincular Pazolini a José Carlos Gratz. Cadê Gratz no governo Pazolini? Além disso, cá para nós, Coser tem telhado de vidro aí, toda vez que leva a discussão para o campo ético – não por ele, especificamente, mas pelo partido que ele representa. O PT adora fazer de conta que a Lava Jato não passou de “perseguição” e que os desvios de recursos durante os governos Lula e Dilma não passam de “narrativa”, mas…

Foi até certo ponto incompreensível a insistência da campanha de Coser em puxar, implicitamente, o tema “corrupção” nos debates.

No de ontem da TV Gazeta, o petista, com a teimosa estratégia, foi quem proporcionou a Pazolini seu melhor momento no debate inteiro. De modo geral, o prefeito jogou na defensiva, foi muito burocrático e aparentou grande cansaço, até certo abatimento, estampado em sua fisionomia. Mas eis que, no terceiro bloco, Coser volta a pregar em Pazolini o rótulo de “desonesto”, suposto patrocinador de uma prática “imoral”, devido aos contratos sem licitação.

Foi a deixa para o prefeito crescer, subir o tom e lembrar de ações de improbidade contra Coser relacionadas a desapropriações, valores dos quiosques de Camburi, bloqueio de bens etc. Os processos contra Coser estão sendo arquivados na Justiça? Ok. Ele não tem nenhuma condenação? Ok. Mas por que insistir em guerrear numa arena onde ele e seu partido expõem tantas vulnerabilidades, ensejando a Pazolini um contragolpe sempre mais forte que o seu golpe inicial?

No debate da TV Gazeta, o atual prefeito conseguiu, muito facilmente, virar a mesa e inverter as posições. Coser logo passou de pedra a vidraça. A partir do contragolpe de Pazolini, o ex-prefeito nitidamente perdeu o prumo e se mostrou muito nervoso, até nas considerações finais (nas quais gastou metade dos seus 2 minutos para seguir se defendendo).

Coser acusou Pazolini de “ofender e fazer acusações sem prova, por não ter o que dizer”, mas… foi ele quem jogou a primeira pedra nesse confronto na arena ética, então… o que se poderia esperar?

É cair na própria armadilha


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