fbpx

Coluna Vitor Vogas

Lorenzo Pazolini reage e prova ter maioria para fazer o presidente da Câmara

Em dia marcado pela deflagração de uma urgente “Operação Apaga Incêndio”, Erick Musso entrou em cena para conter os focos de dissidência, evitar racha da base do prefeito e salvar a eleição de Anderson Goggi. Candidato de Pazolini reuniu-se e tirou foto com vereadores eleitos, provando ter votos suficientes para ser o novo presidente da Casa. Grupo da Saborear ficou com o espeto na mão

Publicado

em

Anderson Goggi com apoiadores

Anderson Goggi com apoiadores

Desde antes das eleições municipais, por um acordo do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) com o PP, seu principal aliado partidário, a presidência da Câmara de Vitória no biênio 2025-2026 está “reservada” para o vereador reeleito Anderson Goggi, vice-presidente municipal da sigla. Depois da vitória eleitoral em 6 de outubro, o próprio Goggi começou a se movimentar nessa condição, enquanto Pazolini e emissários políticos fizeram a mensagem chegar aos vereadores eleitos por sua base (a grande maioria dos próximos 21 parlamentares). Tudo parecia garantido e bem encaminhado para Goggi chegar lá sem problemas… mas, nos últimos dias, essa construção política esteve muito perto de desmoronar. Por muito pouco, a casa não caiu.

> Quer receber as principais notícias do ES360 no WhatsApp? Clique aqui e entre na nossa comunidade!

Como demonstrado aqui na manhã desta quinta-feira (12), parte da base de Pazolini se rebelou contra a “imposição” e se organizou para emplacar uma alternativa ao nome de Goggi, visando derrubar o candidato do prefeito ou, no mínimo, evitar sua vitória antecipada. Nos últimos dias, ganhou muita força um movimento paralelo liderado por cinco vereadores experientes e reeleitos, insatisfeitos com a condução antecipada em favor de Goggi, com o comportamento do próprio e com recentes projetos saídos do forno da prefeitura com o intuito de enfraquecer as prerrogativas dos próprios vereadores na próxima legislatura. O quinteto botou o pé na porta.

Receba as notícias da coluna no grupo de Whatsapp do Vítor Vogas.

Os líderes “rebeldes” são Aloísio Varejão (PSB), Dalto Neves (SD), Luiz Paulo Amorim (PV), Maurício Leite (PRD) e André Brandino (Podemos). Reeleito para o segundo mandato e transitando bem entre todos, Brandino foi o nome aventado por eles para encabeçar uma chapa dissidente.

O movimento dos “rebelados” – apelidado aqui de Grupo dos 5 ou Grupo da Saborear – chegou ao ápice nos últimos dias, com direito a derrubada de sessão, boicote a um pacote de medidas de interesse da prefeitura e uma mais que sugestiva foto dos cinco, publicada por Brandino, com ninguém menos que Renato Casagrande (PSB), na churrascaria Saborear, em Bairro República – daí o segundo apelido. No atual mandato, os cinco fazem parte da base de Pazolini no plenário, votando quase sempre com o prefeito, embora de fato tenham boa relação com Casagrande. Formam algo como o “Centrão” no plenário atual na Câmara de Vitória.

Em evidente retaliação, na última terça-feira (10), Pazolini exonerou mais de 30 servidores indicados pelos cinco vereadores, até então ocupantes de cargos comissionados na Prefeitura de Vitória. Ação e reação implacável.

Mas Brandino e companhia não estavam para brincadeira. Partindo com cinco vereadores, se conseguissem juntar mais seis dos 21 eleitos (por exemplo, os três de oposição do PT e do PSol, os outros dois do PSB e os dois eleitos pelo PL), chegariam ao número mágico de 11, formando maioria para garantir a vitória matemática na eleição da Mesa, marcada para 1º de janeiro,

Não chegaram a tanto, mas a ameaça de derrota política foi real, muito real, e Pazolini nunca esteve tão perto de começar o novo mandato sofrendo um revés político em uma questão vital para o sucesso de seu segundo governo: a liderança do Legislativo Municipal. A água chegou a bater no queixo. Era preciso reagir, e rápido – não apenas com exonerações em série.

Nesta quinta-feira (12), veio a resposta. E veio de maneira contundente.

Captando a gravidade da situação, o principal articulador político de Pazolini, Erick Musso, presidente estadual do Republicanos e muito provável futuro secretário municipal de Governo, encerrou precocemente um período de folga em Aracruz e colocou em prática, às pressas, uma “Operação Apaga Incêndio”, deflagrada com a urgência que o momento pedia.

Para conter a ameaça real de desmoronamento da base e retomar o controle sobre a definição da próxima Mesa, o articulador de Pazolini suou para controlar o princípio de incêndio, em uma série de telefonemas e reuniões. Nesse esforço para abafar o foco de dissidência, conseguiu “trazer de volta” para o grupo pró-Goggi o vereador Maurício Leite, um dos cinco rebelados reunidos no Grupo da Saborear. O próprio Goggi também foi chamado a entrar em cena para ajudar a apagar o foco de incêndio, superar a resistência de colegas e salvar a própria candidatura, que esteve mesmo por um fio.

Às 14 horas, o vice-presidente do PP em Vitória reuniu-se, em Jardim da Penha, com outros 11 vereadores eleitos de centro e centro-direita, incluindo o “resgatado” Maurício Leite – a maioria deles eleita no palanque de Pazolini e leal ao prefeito.

O objetivo foi não só reorganizar a base como reagrupar o “eleitorado” de Goggi, isto é, seu time de apoiadores na eleição de 1º de janeiro. Uma foto dos 11 com Goggi foi tirada e enviada à coluna, como prova imagética (das que “valem mais que mil palavras”) de que o candidato do prefeito, hoje, reúne maioria absoluta (12 de 21) para garantir o triunfo na disputa pela presidência da Câmara. Em tese, ao menos simbolicamente, os vereadores presentes na foto reassumiram o compromisso com a eleição do colega ungido por Pazolini e Erick. São eles, por ordem alfabética:

  1. Anderson Goggi (PP)
  2. Armandinho Fontoura (PL)
  3. Aylton Dadalto (Republicanos)
  4. Baiano do Salão (Podemos)
  5. Camillo Neves (PP)
  6. Darcio Bracarense (PL)
  7. Davi Esmael (Republicanos)
  8. João Flavio (MDB)
  9. Léo Monjardim (Novo)
  10. Luiz Emanuel (Republicanos)
  11. Mara Maroca (PP)
  12. Maurício Leite (PRD)

Ato contínuo, no mesmo escritório em Jardim da Penha, Goggi recebeu vereadores de centro-esquerda e de esquerda (declaradamente “independentes” ou de oposição), com o intuito de estreitar a relação e negociar a adesão também desses parlamentares à sua candidatura na cabeça de uma chapa de consenso – claro, após a reunião anterior e a “prova pública” dada de que ele já arregimentou a maioria dos votos.

Para essa reunião “complementar”, foram convidados Karla Coser (PT) – ausente –, Professor Jocelino (PT), Ana Paula Rocha (PSol), Bruno Malias (PSB) e Pedro Trés (PSB).

Muito sugestivamente, dos 20 futuros colegas, Goggi só não se sentou para conversar com quatro dos cinco membros do Grupo as Saborear, enquanto Maurício Leite roeu a corda. O grupo ficou com o espeto na mão, só chegou até o pão de alho, mas não conseguiu saborear o gosto de uma virada de mesa exitosa.

Enquanto isso – em uma prova no sentido contrário, de que existe um movimento forte visando à derrocada do candidato de Pazolini –, o dia também foi marcado pela circulação, por grupos de aplicativos de mensagens, de nada menos que um dossiê pesado com acusações contra o possível futuro presidente da Câmara Municipal da Capital.

A princípio, porém, a ameaça de rebelião parece ter sido contornada. É o que podemos dizer, pelo menos neste momento.


Valorizamos sua opinião! Queremos tornar nosso portal ainda melhor para você. Por favor, dedique alguns minutos para responder à nossa pesquisa de satisfação. Sua opinião é importante. Clique aqui