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Coluna Vitor Vogas

Guerra na Serra: 2º turno entre Weverson e Muribeca vira quase faroeste

Estrelando: Sergio Vidigal, Lorenzo Pazolini, Xambinho e Amaro Neto… Além de briga entre torcidas ontem, dia foi marcado por choque entre prefeitos da Serra e de Vitória, e uma suposta “queixa-crime” de Vidigal contra Pazolini, depois desmentida pelo primeiro. Weverson e Vidigal pedem reforço no policiamento nas ruas

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Em frente à sede da Polícia Federal (da esquerda para a direita): Alexandre Xambinho, Gracimeri Gaviorno, Weverson Meireles, Sergio Vidigal e Saulinho da Academia

Campanhas na Serra sempre são muito acaloradas, mas o segundo turno entre Weverson Meireles (PDT) e Pablo Muribeca (Republicanos) já extrapolou há algum tempo os níveis aceitáveis de “calor”. Está ultrapassando os limites em matéria de agressividade e troca de hostilidades entre as duas campanhas.

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Nos últimos dois dias, foram registrados episódios graves que envolveram, direta ou indiretamente, aliados importantes dos dois candidatos, incluindo autoridades políticas como o prefeito da Serra, Sergio Vidigal (PDT), e o de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos). A confusão gerou também uma guerra de narrativas e versões relacionadas à participação de Pazolini na campanha de Muribeca. De um lado, integrantes da campanha de Weverson afirmam que o prefeito de Vitória esteve em campanha de rua na Serra; do outro, Pazolini garante que não participou de atos de campanha na Serra e estava trabalhando na prefeitura.

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Na tarde deste sábado (19), num primeiro momento, a assessoria da campanha de Weverson chegou a divulgar, em nota, que ele e Vidigal teriam ido pessoalmente à sede da Superintendência Regional da Polícia Federal no Espírito Santo, em São Torquato, para registrar uma queixa-crime contra Pazolini, por conta de uma ameaça que o prefeito de Vitória teria feito ao grupo político do PDT na Serra. A ameaça teria sido feita em telefonema realizado por Pazolini na manhã deste sábado para o secretário-chefe da Casa Civil do Governo Estado, Juninho Abreu:

“Da próxima vez que eu for à Serra, estarei armado, assim como toda a equipe que me acompanha”, teria dito Pazolini a Juninho, segundo a assessoria de imprensa de Weverson.

Juninho é antigo aliado de Vidigal e também é amigo de Pazolini. Por essa versão, o prefeito de Vitória teria usado o amigo em comum como o emissário de um recado para o grupo de Weverson e Vidigal: não gostou nem um pouco da maneira como foi tratado na Serra por apoiadores do candidato pedetista.

Pazolini é apoiador e correligionário de Pablo Muribeca no Republicanos. Na sexta-feira (18), já reeleito, o prefeito de Vitória entrou de cabeça na campanha de Muribeca. Os dois fizeram fotos e gravaram um vídeo no Viaduto de Carapina, durante o horário de almoço.

Lorenzo Pazolini e Pablo Muribeca no Viaduto de Carapina

Lorenzo Pazolini e Pablo Muribeca no Viaduto de Carapina

Desse ponto em diante, as versões são muito diferentes.

“Hostilidades a Pazolini”

Segundo a versão transmitida por pessoas ligadas à campanha de Weverson, após fazerem as fotos, Muribeca e Pazolini teriam seguido juntos em atividades de rua. No bairro Feu Rosa, a “torcida organizada de Muribeca” cruzou com a de Weverson.

Na “tropa” de Muribeca, de acordo com essa versão, além do próprio candidato e de Pazolini, ia o deputado federal Amaro Neto (também do Republicanos). Na de Weverson, nesse momento, ia o deputado estadual Alexandre Xambinho (Podemos).

Pazolini, então, segundo a mesma versão, teria sido hostilizado por apoiadores de Weverson. E Xambinho teria interpelado Pazolini e Amaro de maneira ríspida, por estarem em plena campanha na Serra.

A versão de Pazolini

Em resposta oficial, a Prefeitura de Vitória desmentiu a informação de que Pazolini tenha participado pessoalmente de atividade de rua em Feu Rosa, ou em qualquer outro bairro, ao lado de Muribeca:

“Até a presente data, o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, não participou de nenhum ato de campanha de Pablo Muribeca. A manifestação de apoio se deu apenas com uma foto ao lado de Muribeca, mas ele não esteve em carreatas nem em atividades de campanha de rua até hoje”.

Portanto, segundo a Prefeitura de Vitória, não é verdadeira a informação de que o prefeito da Capital tenha sido pessoalmente hostilizado por apoiadores de Weverson na sexta-feira.

O telefonema

Sobre a ligação (ou suposta ligação) de Pazolini para Juninho Abreu, não conseguimos obter a versão nem de um nem do outro. A assessoria do prefeito de Vitória não se manifestou sobre esse ponto. O chefe da Casa Civil no governo de Renato Casagrande (PSB) não retornou os nossos contatos.

Vidigal confirmou, porém, em conversa com a coluna, que Juninho Abreu ligou para ele neste sábado, reportando a ele a ligação recebida mais cedo de Pazolini. Segundo o prefeito da Serra, Juninho lhe relatou que Pazolini expressou indignação pela maneira como foi recebido por apoiadores de Weverson na véspera; que Pazolini disse ter visto pessoas armadas entre os apoiadores de Weverson; e que o prefeito de Vitória avisou que, da próxima vez que for a Serra, ele também se fará acompanhar de segurança armada.

Segundo a primeira nota enviada à tarde pela assessoria de imprensa de Weverson, essa “ameaça” teria levado Weverson e Vidigal a prestarem uma queixa-crime em face de Pazolini na sede da Polícia Federal. A informação, no entanto, foi desmentida pelo próprio Vidigal, em conversa com a coluna: não houve nenhuma queixa-crime.

Pedido de reforço policial

De fato, Vidigal e Weverson chegaram a ir pessoalmente à sede da Polícia Federal, em São Torquato, acompanhados da delegada Gracimeri Gaviorno (MDB), candidata a vice-prefeita de Weverson, do deputado Alexandre Xambinho e, ainda, do presidente da Câmara da Serra, Saulinho da Academia (PDT), reeleito com o maior número de votos entre os candidatos a vereador.

Mas o que eles fizeram na verdade foi pedir à Polícia Federal, e também à Polícia Civil, reforço no policiamento nas ruas da Serra durante os dias finais de campanha e, principalmente, no domingo do 2º turno (dia 27), a fim de coibir os atos de violência política que, segundo eles, têm transbordado das redes sociais e invadido as ruas da Serra.

Como não há delegado plantonista na sede da Federal em São Torquato nos fins de semana, as petições, na verdade, precisaram ser registradas por meio do protocolo online, no site da Polícia Federal e no da Polícia Civil. Para não perder a viagem, a comitiva de Weverson e Vidigal fez um vídeo em frente ao portão do prédio da Polícia Federal, com o candidato exibindo, em mãos, a petição em papel solicitando o reforço.

À coluna, o prefeito Sergio Vidigal queixou-se do clima que tomou conta desse 2º turno na cidade:

“Essa disputa eleitoral na Serra está sendo sui generis. Eleições na Serra sempre são bastante acaloradas, mas eu nunca tinha visto nada parecido com essa. Primeiro foram as fake news. Todos os dias surge uma nova fake news contra nós nas redes sociais e nós temos que recorrer à Justiça para derrubá-la. Já foram várias. Agora, esse clima de agressividade nas redes sociais está chegando às ruas. Por isso, pedimos o reforço no policiamento”.

O prefeito da Serra também critica a participação de Lorenzo Pazolini na campanha de Pablo Muribeca e a maneira como tem se dado, segundo ele, a atuação do prefeito vizinho, não só atravessando a divisa municipal como levando grande parte da sua militância eleitoral para reforçar as hordas de Muribeca:

“O prefeito de Vitória tem vindo com secretários, como Léo Formigão [ex-chefe da Central de Serviços de Vitória], e com um grande número de assessores. Eles têm incitado a agressividade. Se você parar para pensar, é um negócio até estranho a presença do prefeito de Vitória e da sua militância vinda de Vitória…”

No vídeo gravado em frente à entrada da Polícia Federal, Weverson afirmou que vem sendo atacado:

“A nossa campanha está a todo tempo sendo atacada por fake news. A minha honra tem sido atacada por mentiras. […] E nos últimos dias a nossa preocupação tem aumentado ainda mais, pois essa violência que está acontecendo nas redes sociais, acontecendo nos grupos de Whatsapp, está tomando as ruas. Isso é preocupante. Nunca se viu isso na história da Serra”.

Gracimeri Gaviorno acusou “pessoas vindo de outro município [para] incitar e ofender as pessoas que estão fazendo a campanha de bem”.

Troca de agressões em Serra Sede

Em meio a esse choque de prefeitos, o bairro Serra Sede foi cenário, na manhã deste sábado, de outra manifestação incontroversa da violência política que tem levado as duas campanhas a, literalmente, bater de frente. O episódio em questão incluiu violência física entre as campanhas adversárias e violência verbal de parte a parte.

Neste sábado, a campanha de Weverson programou que cada vereador eleito pela coligação faria um grande adesivaço no respectivo bairro. O de Saulinho da Academia é Serra Sede. No meio da atividade, a “tropa” de Saulinho colidiu com um “batalhão” da campanha de Muribeca, incluindo o atual vice-prefeito, Thiago Carreiro (União Brasil), adversário de Vidigal desde o começo do mandato.

As versões são conflitantes: cada lado acusa o outro de ter praticado a primeira agressão. Mas vídeos publicados por envolvidos nas redes sociais e compartilhados o dia inteiro no Whatsapp mostram militantes dos dois lados extremamente exaltados e trocando insultos. Num vídeo feito e publicado por Carreiro, um apoiador de Weverson faz-lhe um gesto obsceno.

No vídeo, Carreiro afirma: “O 12 deu um tapa na cara do rapaz aqui. Olha a política do 12 como é. A política do 12, agredindo mulher na rua. Vergonha! Vergonha!”

Sobre o episódio em questão, o presidente estadual do Republicanos, Erick Musso, publicou: “Política tem limite! A democracia é debater ideias e propostas. É triste ver a turma do Weverson e Vidigal, por desespero, indo para as vias de fato e agredindo a nossa turma”.

E o próprio Muribeca postou o vídeo do gesto obsceno em suas redes sociais, acrescentando um comentário pessoal:

“Nossa equipe foi atacada por manifestantes do outro grupo. Você que vai ver esse vídeo agora, vocês querem esse tipo de gente governando a Serra? Vocês querem esse tipo de gente nos espaços públicos?”

A assessoria de Muribeca também distribuiu a seguinte “Nota de Repúdio”:

“A campanha do candidato a prefeito da Serra Pablo Muribeca repudia o ato de violência cometido por funcionários públicos da prefeitura (cargos comissionados) e militantes que trabalham na candidatura adversária. Nossa proposta é pôr um fim a esse modelo de governar, apegado ao poder, que usa de meios violentos com as pessoas e fere o direito democrático de ir e vir. São quase 30 anos de manutenção no poder. A Serra não é condomínio de determinado político e seu grupo; a Serra é livre para pensar e votar. A cidade não aguenta mais isso.”

Em outro vídeo a circular em grupos de Whatsapp, um trio elétrico “puxado” por Xambinho se mistura ao pessoal de Muribeca, enquanto este e seus apoiadores tentavam caminhar pelas ruas de Feu Rosa, e o candidato do Republicanos se queixa da “marcação cerrada”:

“Nós estamos tentando andar na comunidade e, aonde eu vou, essa turma vai atrás! Ô, Xambinho, vocês quer passar, passa! Vocês estão achando que Feu Rosa é de vocês?!?”

Observação

Na publicação original deste texto, às 5 horas deste domingo (20), não constava a nota da Prefeitura de Vitória desmentindo a participação de Pazolini em atividade de rua na campanha de Muribeca no bairro Feu Rosa, na Serra. A assessoria do prefeito foi demandada às 17h30 de sábado. A nota foi enviada pela assessoria de Pazolini na manhã deste domingo, e a coluna foi atualizada.

Atualização

Após a publicação deste texto, recebemos uma nota da assessoria de imprensa da Casa Civil. A nota confirma que o secretário Juninho Abreu recebeu telefonema de Pazolini no sábado, mas não especifica o teor da conversa:

“A interlocução com atores políticos de diferentes esferas faz parte das atribuições do cargo de Secretário Chefe da Casa Civil, sendo comuns as conversas entre prefeitos e o Secretário. De fato, houve contato por parte do prefeito de Vitória neste sábado, 19 de outubro, para tratar de temas diversos, como tem ocorrido com diferentes prefeitos eleitos do Estado.”


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