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Coluna Vitor Vogas

Entrevista exclusiva: Magno Malta revela seus planos de crescimento para o PL no ES

Senador rebate alegações de que estaria “condenando o PL ao isolamento” e comenta a disputa travada com outro partido, o Republicanos, pela liderança do campo conservador na política capixaba tendo em mente o pós-Casagrande. “O PL não será escada para ninguém”

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Magno Malta com Jair Bolsonaro. Crédito: Reprodução Facebook

Magno Malta com Jair Bolsonaro. Crédito: Reprodução Facebook

O senador Magno Malta costuma chamar a atenção e se destacar na mídia por conta das controvérsias. Mas, debaixo das camadas de polêmica, existe uma faceta de Magno importantíssima e às vezes subestimada: a do dirigente partidário. No Espírito Santo, o senador é quem preside e dita os rumos do Partido Liberal (PL). O partido tem sido controlado por ele ao longo deste século no Estado, muito antes de se tornar a legenda com que Jair Bolsonaro disputou a última eleição presidencial.

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Além de ser a sigla de Bolsonaro, o PL elegeu em 2022 a maior bancada na Câmara dos Deputados, muitos senadores e governadores. Virou uma potência nacional. Agora, Magno tem o desafio de transformar o partido também numa potência estadual, a partir destas eleições municipais.

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No último sábado (27), logo após a convenção do PL em Vitória – na qual foi aprovada a candidatura de Capitão Assumção a prefeito da cidade –, Magno gentilmente concedeu esta entrevista à coluna, enquanto fãs aguardavam para fazer selfies com ele. Nela, o senador apresenta as estratégias e os planos de crescimento do PL na política capixaba em 2024, tendo no horizonte a próxima eleição ao Governo do Estado e ao Senado: “2026 passa por 2024”.

Recuperando-se de uma cirurgia nos joelhos realizada em abril, Magno falou por mais de dez minutos sentado numa cadeira de plástico, após descer com dificuldades, de muletas, do palanque. Para ficar na mesma altura que ele, precisei me ajoelhar. É o que Magno não pretende fazer diante de ninguém.

Na entrevista, o senador deixa claro que não se curvará nem se ajoelhará perante nenhuma outra força política, nem mesmo no campo da direita conservadora. Quer elevar o PL, também no Espírito Santo, a patamares bem acima da “altitude” da nossa entrevista – feita a um metro do chão.

Para isso, o PL, que hoje só tem um prefeito nos 78 municípios capixabas – Tiago Rocha, de São Gabriel da Palha –, lançou nada menos que 53 candidatos a prefeito no Espírito Santo (além de 800 candidatos a vereador). Em muitos desses municípios, o partido irá à luta sem coligação. Magno rebate, porém, alegações de que estaria “condenando o PL ao isolamento”.

O senador também comenta a disputa travada com outro partido, o Republicanos, pela liderança do campo conservador na “geopolítica” capixaba, defendendo que o PL representa a verdadeira direita, enquanto uma “direita relativa” (alfinetada no Republicanos) teria se acomodado com o governo Lula (PT).

> Os bastidores da convenção em que Capitão Assumção foi lançado a prefeito de Vitória

No plano macropolítico, Magno explica o projeto de “depuração” que ele prega no país inteiro, inclusive junto à direção nacional do PL.

“O PL não será escada para ninguém”, avisa o senador. Nem muleta.

Leia abaixo, na íntegra, a entrevista exclusiva de Magno Malta:

O PL hoje só tem um prefeito no Espírito Santo, mas é, disparadamente, o partido que terá candidatos próprios a prefeito em mais municípios capixabas: já são 53. Qual é a meta que o partido pretende alcançar em termos de prefeitos eleitos? Quantos, pelo menos, o senhor acredita que é possível eleger em outubro?

Eu não vou fazer planejamento de quantos prefeitos nós vamos fazer. Eu posso fazer todos e posso não fazer nenhum. Hoje, a política brasileira tem dois espectros políticos. Um é a extrema-esquerda, que está toda de um lado e criou uma estratégia que é a dessa “direita relativa”, essa direita que pode tudo. Está muito claro. E você tem esse espectro político que eles estão chamando agora de “extrema-direita”, e nós não temos problema nenhum com isso. Se nós quisermos mudar o Brasil, só o Senado pode fazer isso. Então, nós temos que fazer dois terços do Senado.

Com o senhor e o Gilvan lá?

Não, não só na bancada do Espírito Santo. Temos que fazer dois terços de todo o Senado. E nós teremos essa chance tendo candidato em todos os municípios. Por quê? Porque, se você tem candidatos em todos os municípios, aquelas pessoas que votaram em Jair Bolsonaro em 2018, e nós fomos majoritários em quase todos os municípios do Brasil… se eu fui majoritário em quase todos os municípios, por que é que eu tenho que ser escada para o outro subir na laje? Dizem “ah, a direita tem que se unir”. Mas querem dizer se unir com eles. Porque, se você não se unir com eles, é “extrema-direita”. Não, nós somos patriotas.

O senhor acredita que o PL é o partido que verdadeiramente representa a direita no Espírito Santo e no Brasil?

No Espírito Santo e no Brasil. É o maior partido do Brasil.

Então a direita real hoje está no PL?

Há hoje uma “direita relativa” que está dentro do espectro político que hoje governa o Brasil, que é a ditadura da esquerda. Eles estão lá, participam do governo, têm ministérios dentro do governo, mas nos estados eles são “de direita”, como se não tivessem nada lá dentro do governo. Isso é uma coisa inteligente que saiu da cabeça de um cara chamado José Dirceu. Eles nem têm a capacidade de criar isso, de criar essa confusão de que “a direita não se entende”. Quando eles falam que “a direita tem que se juntar”, não é se juntar ao PL, que é majoritário. Eu fui majoritário em quase todos os municípios. O meu voto é orgânico. Tenho um eleitorado fiel. Então esse voto orgânico meu, teoricamente, é de Gilvan. Teoricamente, esse eleitor vai votar em Gilvan. Esse voto orgânico que votou em Jair Bolsonaro vai ser repetido dentro desse processo. Quando eu digo que essa “extrema-direita”, como eles chamam – e nós somos conservadores mesmo, não temos nenhum problema com isso –, é como se fosse um wi-fi, é porque eles não estão nos vendo e serão surpreendidos. É a natureza da sociedade brasileira.

Voltando à minha pergunta inicial, então não é uma questão numérica, nem de meta numérica, e sim uma questão de princípios? O PL quer lançar candidatos a prefeito no maior número de municípios por uma questão de princípios e também de estratégia no médio prazo, pensando no fortalecimento do partido lá em 2026?

Exatamente. Boa palavra. Por uma questão de princípios e pensando em 2026. E a outra questão é que ninguém nunca foi enganado por mim. A minha palavra será sempre a minha palavra.

Não só o senhor como outros líderes do PL no Espírito Santo (Gilvan, Ramalho, Danilo Bahiense, Assumção) têm repetido, quase como um mantra, que “2026 passa por 2024”. Por quê?

Porque passa. O voto do vereador pode fazer um deputado federal que vai lutar pelas bandeiras que nós lutamos. Apesar de o eleitor votar em Jair Bolsonaro, se ele não for esclarecido, o voto dele para vereador vai somar forças contra um candidato nosso, e o cara vai fazer isso de forma inocente. Então é dando esclarecimento e mostrando que há dois espectros políticos. Eu tenho ensinado isso, tenho pregado isso no Brasil inteiro, e comecei pregando isso dentro do próprio partido nacional. Ainda não deu para depurar no Brasil inteiro, mas o desejo é que, ao passar do tempo, se depure em todo o país. Nós temos uma meta. Agora, teremos muitas surpresas nessas candidaturas de prefeito. Se nós fizermos 100%, ótimo. Será uma grande surpresa. Se fizermos 50%, ótimo. Se fizermos 10%, uma surpresa. Então não tenho cálculo. Sempre disse que o PL vai lançar as pessoas que têm sonhos. Elas não serão tiradas dos seus sonhos.

Já está muito certo para todos, até porque vocês têm reiterado isso, que o candidato do PL ao Senado no Espírito Santo em 2026 será o Gilvan da Federal. E para governador? Já está definido?

Teremos que discutir lá na frente. Agora, nós temos quadros hoje.

Na convenção, o Capitão Assumção falou que o deputado estadual Lucas Polese será governador. É um nome a ser considerado?

Ele quer ser deputado federal. Mas é um nome. Eu sentiria muito prazer se ele topasse ser candidato a governador. Nós temos quadros. Ele é um desses quadros.

Quem mais poderia?

Os próprios candidatos fortes a prefeito. Muitos deles têm condição de disputar uma eleição para governador. Temos quadros como o próprio Gilvan. Amanhã Gilvan diz “ah, eu topo ser candidato a governador”…

Ele poderia fazer essa troca?

Se ele topar, se ele quiser… Estou te mostrando que nós temos quadros. Nós temos quatro deputados estaduais [Assumção, Polese, Bahiense e Callegari]. Todos eles estão preparados.

Hoje acredito que eu tenha feito uma avaliação equivocada. Mas, até meados do ano passado, muitas pessoas, entre as quais me incluo, faziam uma leitura de que, pensando nesse pós-Casagrande que está totalmente em aberto, o PL e o Republicanos, aqui no Espírito Santo, como as duas maiores forças do campo conservador de direita, poderiam unir forças exatamente visando à próxima eleição estadual, para governador, e que essa união de forças já poderia se refletir agora, neste pleito municipal. No entanto, deu-se o contrário: PL e Republicanos estão unidos em pouquíssimos municípios*, e chegamos a ver até alguns episódios de conflito entre os dois partidos, como ocorreu em Aracruz, aqui mesmo em Vitória… Assumção acabou de fazer críticas duras ao atual prefeito, Pazolini, do Republicanos, para citar um exemplo. Por que está havendo essa falta de entendimento? O PL e o Republicanos estão disputando a hegemonia desse campo conservador de direita no Espírito Santo, mirando no pós-Casagrande?

Não, até porque é nacional. Nós, do PL, não temos nenhum ministério no governo Lula. Nós nunca batemos à porta do governo Lula. “Ah, porque lá no PL tem três, quatro que votam com o governo Lula”… Na minha visão, já tinham que ser expulsos, mandados embora do PL, dentro daquilo que nós pregamos. Nós não podemos pregar uma coisa e praticar outra. Mas nós não temos ministério no governo Lula. E nós nunca ficamos calados e omissos. Você diz que é “conservador”, é “de direita” e não sei o quê, mas não abre a boca. Quer dizer, quem vai saber o que você pensa? Como é que vão saber se você não falar? Jair Bolsonaro ficou inelegível por causa de vacina**. Eu nunca vi esses “conservadores” abrirem a boca. Eu não vi essa gente que é “de direita” abrir a boca, sair em defesa… não é em defesa de Bolsonaro, é verbalizar as coisas erradas.

Então PL e Republicanos estão separados hoje no Espírito Santo? Na “geopolítica estadual”, hoje, é cada um no seu caminho?

Sim. Eu acho que é possível que lá na frente, num outro momento… [o senador não completa a frase]. Sobre a questão de Aracruz, eu quero esclarecer que nós não temos nada com isso. Nós recebemos uma pessoa [o delegado Leandro Sperandio], que nos procurou querendo ser candidato a prefeito. Fiz uma “prova do Enem” com ele e o filiei.***

Mas é possível que lá na frente vocês caminhem juntos?

Sim. Veja, eu já fui muito usado. E o PL já foi muito usado. Eu já participei de muitos processos eleitorais, no Brasil inteiro, em que eu ia lá e lograva êxito, com o espírito mais puro do mundo. Então, o PL é muito importante para se aliar aos outros. Ninguém quer se aliar a nós. “A direita tem que se unir”… Esse discurso não é nosso. Mas tem que se unir a quem? A eles! Se eu quero fazer um senador em 2026, o ciclo de Casagrande se encerra, certo? Então o campo estará aberto para muitas lideranças de partido que poderão disputar cargos majoritários. Hipoteticamente, o próprio prefeito de Vitória vai para um cargo majoritário. O prefeito de Cariacica vai para um cargo majoritário também, no mínimo. O de Vila Velha também. O próprio governador vai disputar a eleição para senador. Então você terá um campo aberto.

* O PL não apoia o candidato a prefeito do Republicanos em nenhuma cidade capixaba. O Republicanos apoia o candidato do PL em apenas duas (Muqui e São Gabriel da Palha) e está perto de fechar apoio ao candidato do partido de Magno em Vargem Alta.

** A causa foi outra: https://www.tse.jus.br/comunicacao/noticias/2023/Junho/por-maioria-de-votos-tse-declara-bolsonaro-inelegivel-por-8-anos

*** Após se filiar ao PL em março, o delegado Leandro Sperandio trocou o partido de Magno pelo Republicanos, no começo de abril. Na semana passada, desistiu se ser candidato a prefeito de Aracruz.


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