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Coluna Vitor Vogas

Davi Diniz com as duas mãos no cargo de conselheiro do TCES

Com endosso de Marcelo Santos e apoio declarado da maioria dos deputados, candidato do governo pode ser visto como virtual sucessor de Sérgio Borges

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Davi Diniz e Marcelo Santos se encontraram nesta segunda (26) de manhã

Desde janeiro de 2019, Davi Diniz (sem partido) despacha na sede da Casa Civil do Governo Estadual, no Palácio da Fonte Grande, Centro de Vitória. Tudo leva a crer que, em breve, muito em breve, passará a dar expediente no Tribunal de Contas do Estado (TCES), na Enseada do Suá. O candidato do governo Casagrande já pode ser considerado o virtual sucessor de Sérgio Borges na cadeira de conselheiro do tribunal. Ele já conseguiu consolidar a maioria dos votos dos 30 deputados estaduais. Só uma catástrofe política, para ele mesmo e para o governo, tira a vaga de Davi a esta altura. Seria preciso uma pouco provável traição em série de deputados da base.

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Com o processo sucessório se aproximando das etapas decisivas, o chefe da Casa Civil não encontra nenhum concorrente – ou, ao menos, nenhum concorrente em condições de reunir mais votos que ele na votação em plenário. Da forma como tudo se desenha hoje, a votação, se bem que secreta, tende a ser quase homologatória.

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Para consolidar a sua ampla maioria, desde a quinta-feira (22) passada, Davi tem recolhido as assinaturas dos deputados que se comprometem a votar nele. Hoje, ao longo do dia, abordamos quase todos os 30 deputados. Nada menos que 17 confirmaram já ter assinado a lista de apoiamentos (veja a relação abaixo) e um disse que vai assinar.

Alguns deles chegam a estimar que Davi terá pelo menos 25 votos. Outros, mais comedidos, afirmam que a relação já soma mais de 20 assinaturas. Todos afirmam em uníssono que ele tem, tranquilamente, mais de 15 promessas de apoio (o que a nossa apuração confirma).

Conforme largamente analisado aqui, o único que poderia ameaçar o favoritismo de Davi Diniz seria Marcelo Santos (Podemos). Se decidisse se colocar na disputa, o presidente da Assembleia assumiria a condição de favorito, pelo apoio interno construído e pela influência mantida sobre os colegas, entre os quais é praticamente uma unanimidade no momento – lembrando sempre: o próximo conselheiro será escolhido pelos 30 deputados, em votação secreta.

Marcelo, no entanto, preferiu não ir para essa disputa – o que significaria desafiar o governo Casagrande e poderia lhe trazer consequências na relação com seu principal parceiro político. Não é nem que Marcelo tenha recuado. Ele simplesmente preferiu não dar o passo adiante que só ele poderia ter dado. Em vez disso, ficou parado onde está: na presidência da Assembleia. Aliás, “parado” não. Passou a se movimentar, mas em favor de Davi.

O acordo de apoio de Marcelo a Davi foi selado pelo presidente da Assembleia com o governador Renato Casagrande (PSB) em reunião no Palácio Anchieta, na última quarta-feira (21).

Desde então, Davi tem contado com Marcelo como seu principal apoiador e cabo eleitoral. O presidente da Assembleia tem conversado com os outros deputados, falando em nome de Davi e abrindo o caminho para ele, antes de o próprio secretário os abordar pessoalmente. Os dois estiveram juntos no gabinete de Marcelo na manhã desta segunda-feira (26).

Davi também tem feito a sua parte – ô, se tem… Tão logo o governador o “liberou” para pedir votos, o secretário se atirou em uma autêntica maratona física em busca de apoios, materializados em sua lista de assinaturas.

Com a lista na mão, Davi tem procurado um por um os deputados que podem votar nele, incluindo alguns da oposição com quem mantém excelente relação, como o Capitão Assumção. O deputado do PL confirma ter recebido ligação de Davi, querendo falar com ele, há poucos dias.

Em “sinal de humildade” – afinal, é ele o maior interessado, o candidato que precisa dos votos –, o secretário tem literalmente batido de porta em porta, nos gabinetes dos deputados e até em suas residências. Nos últimos dias, tem ido pessoalmente ao encontro dos seus potenciais eleitores seja onde for, literalmente de Montanha a Cachoeiro de Itapemirim.

Nessa peregrinação, só a título de exemplo, entre quinta e sexta-feira, Davi pegou a firma de Bruno Resende (União Brasil) em Cachoeiro, Mazinho dos Anjos (PSDB) em Montanha e Adilson Espindula (PDT) em Nova Venécia. Ainda encontrou tempo para pegar a de José Esmeraldo (PDT) na casa do deputado governista em Vitória, em plena sexta-feira à noite, dia do aniversário de Esmeraldo.

No fim de semana, o ritmo insano prosseguiu. Sábado foi dia colher as assinaturas de Gandini (PSD) e de João Coser (PT) nas respectivas residências em Vitória, e a de Xambinho (Podemos) em seu endereço na Serra. No domingo, uma visita a Pablo Muribeca (Republicanos) em sua residência na Serra e uma esticadinha a Marataízes para receber a assinatura de Theodorico Ferraço (PP) na casa dele. Na manhã desta segunda, uma batidinha à porta do gabinete de Camila Valadão (PSol). Nesta terça (27), na Casa Civil, ele receberá Allan Ferreira (Podemos), que também garantiu a assinatura.

A coluna não conseguiu confirmar com o próprio Marcelo Santos se ele chegou a assinar a lista. Alguns deputados ouvidos dizem ter visto o nome dele lá… Mas, no caso do presidente, sua articulação em prol de Davi até dispensa assinatura.

Por que a lista é tão importante para Davi Diniz?

Primeiro é preciso ter em mente o regulamento do processo para preenchimento da vaga. O primeiro passo formal compete ao presidente do Legislativo Estadual: Marcelo precisa publicar, no Diário do Poder Legislativo, um edital abrindo prazo para inscrição de candidaturas, o que será feito ainda nesta semana.

Atenção aqui: vínhamos publicando, com erro, que esse prazo precisa ser de dez dias, mas não é assim. Com base no artigo 248 do Regimento Interno, o prazo na verdade é de, no máximo, dez dias. Mas, se assim quiser, Marcelo pode fazê-lo mais curto. Findo o prazo de inscrições, o presidente marcará a votação em plenário, no prazo de três sessões ordinárias.

Para concorrer à vaga de Borges, o interessado precisa ter a candidatura protocolada pela Mesa Diretora, por uma bancada ou por qualquer um dos 30 deputados. Mas atenção de novo: o regulamento admite a hipótese de “inscrição conjunta”. Dois ou mais deputados podem protocolar, logo bancar politicamente, a inscrição de um mesmo candidato. No caso concreto, a candidatura de Davi pode ser registrada por todos os deputados que assinarem a sua lista de apoio.

Isso define o preenchimento da vaga? Não. De novo: o que vai valer de fato é a votação secreta – com votinho em cédula de papel. Mas já é um senhor recado para eventuais concorrentes: “Olha, já cheguei com a maioria consolidada”.

E vale dizer: para ser eleito na votação, um candidato não precisa ter 16 dos 30 votos. Basta-lhe ter um a mais que o segundo colocado. Mas é claro que, matematicamente, se ele atinge a metade mais um, a vitória está assegurada.

O segundo ponto é que a assinatura na lista equivale a uma “promessa de voto”. Como a votação é secreta, há margem para algumas traições, ou seja, um ou mais deputados que tenham assinado a lista e prometido apoio a Davi podem resolver não votar nele.

Se o número de votos recebidos pelo secretário for menor que o de nomes em sua lista, será impossível individualizar de onde partiram as “falsas promessas”, mas será possível quantificá-las. Ele, o governo e todo mundo saberão a quantidade de traições.

Algum outro concorrente?

Alguns deputados comentaram sobre a possibilidade de lançamento de uma candidatura de oposição a Davi Diniz e ao Palácio Anchieta, vinda do bloco minoritário formado por PL, Republicanos e PTB. É o bloco que, com algumas exceções, reúne os deputados de oposição ao governo Casagrande. O nome mais cotado para isso é o do 1º vice-presidente da Mesa Diretora, Hudson Leal (Republicanos).

Desde meados de janeiro, Hudson tem atuado nos bastidores como o líder do movimento defensor da tese de que a vaga de Sérgio Borges, por ser de indicação da Assembleia, deveria necessariamente ser preenchida por um dos 30 deputados.

No almoço de abertura do ano legislativo oferecido por Marcelo Santos aos colegas, Hudson foi um dos deputados que fizeram falas nesse sentido. A tese foi ecoada por alguns deputados de oposição. Em contrário, posicionaram-se Gandini e Vandinho Leite (PSDB), este enfaticamente. Na ocasião, Vandinho defendeu que a vaga não precisava ser preenchida necessariamente por um deputado, mas por alguém com quem os deputados tivessem canal direto e bom relacionamento político (caso de Davi Diniz).

De qualquer forma, hoje é possível dizer que o movimento para que a vaga ficasse com um deputado não avançou. E não foi à frente justamente porque Marcelo Santos não quis encabeçá-lo. Como dito, ele era o único que poderia ter feito essa tese prosperar, se quisesse ir contra os desígnios do Palácio Anchieta. Como não quis, o movimento perdeu força internamente.

Abaixo, segue a lista dos deputados que confirmaram ter assinado a lista de Davi Diniz. Quando possível, indicamos o dia e o local da assinatura:

1. Dary Pagung (PSB), líder do governo
2. Tyago Hoffmann (PSB), vice-líder do governo
3. Janete de Sá (PSB)
4. Vandinho Leite (PSDB)
5. Raquel Lessa (PP)
6. Denninho Silva (União Brasil)
7. Bruno Resende (União Brasil) – quinta ou sexta, em Cachoeiro
8. Adilson Espindula (PDT) – quinta ou sexta, em Nova Venécia
9. Mazinho dos Anjos (PSDB) – quinta ou sexta, em Montanha
10. Alcantaro Filho (Republicanos) – quinta ou sexta, na casa dele, em Aracruz
11. Zé Esmeraldo (PDT) – sexta, na casa dele, em Vitória
12. Gandini (PSD) – sábado, na casa dele, em Vitória
13. João Coser (PT) – sábado, na casa dele, em Vitória
14. Xambinho (Podemos) – sábado, na casa dele, na Serra
15. Pablo Muribeca (Republicanos) – domingo, na casa dele, na Serra
16. Theodorico Ferraço (PP) – domingo, na casa dele, em Marataízes
17. Camila Valadão (PSol) – nesta segunda, no gabinete dela na Ales
18. Allan Ferreira (Podemos) – vai assinar nesta terça, na Casa Civil


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