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Aracruz: a nova menina dos olhos da logística?
Aracruz se consolida como hub logístico estratégico no Espírito Santo, atraindo investimentos e reconfigurando o mapa da infraestrutura nacional

Com rodovia, ferrovia e portos integrados, Aracruz desponta como hub logístico promissor no Sudeste brasileiro. Foto: Reprodução
Em um cenário em que a eficiência logística é determinante para a competitividade dos mercados regionais, a cidade de Aracruz/ES desponta como um polo logístico promissor no Espírito Santo. No raio de 1200 km, conecta-se cerca de metade da população do país e mais de 50% do PIB do Brasil. Com localização estratégica, infraestrutura em expansão e forte vocação industrial, o município não só atende às demandas locais, como se projeta nacionalmente como elo essencial na cadeia de suprimentos. Seria essa, afinal, a nova “menina dos olhos” da logística brasileira?
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Com os gargalos logísticos e limitações urbanas e espaciais de crescimento da capital capixaba, Aracruz, situada a apenas 70 km de Vitória, destaca-se como alternativa logística regional. O município conta com acesso facilitado por rodovias estaduais, conexão com a BR-101, linha férrea por meio da Estrada de Ferro Vitória-Minas e, ainda, acesso marítimo, com portos já operando e novos em desenvolvimento.
Entre os terminais marítimos, o Grupo Imetame faz uma grande aposta no porto que está sendo o construído, com previsão de movimentar 300 mil contêineres anualmente, e com investimentos estimados em R$ 3 bilhões, com início das operações previsto para 2026. A empresa também obteve aprovação implantar a primeira Zona de Processamento de Exportação (ZPE) privada do país, consolidando o potencial logístico e comercial internacional da região. Esse avanço abrirá novas portas para o fluxo de grandes volumes de cargas, atraindo investimentos e gerando empregos.
Mas não é apenas o futuro que inspira — a realidade atual já comprova a relevância logística de Aracruz. O Portocel, porto com quase meio século de operação, movimenta mais de 6 milhões de toneladas de cargas por ano. Embora a celulose seja sua principal mercadoria, o porto também opera com granito, veículos, sal e produtos siderúrgicos. Somente no primeiro trimestre deste ano, mais de 5 mil veículos elétricos foram desembarcados por ali.
A cidade abriga, também, grandes empresas que fortalecem o ambiente de negócios, geram demanda e impulsionam o fluxo logístico da região. Entre os novos investimentos previstos, destacam-se nomes como Suzano, Estaleiro Seatrium, BW Energy, Ecovias 101, VLI e Grupo Tristão. De acordo com a Findes, o volume de CAPEX estimado para a região ultrapassa os R$ 12 bilhões.
Outro diferencial importante diz respeito à articulação entre setor público e privado. Sabe-se o quanto a burocracia e a ineficiência pública podem comprometer a dinâmica empresarial, reduzem a produtividade e desestimulam investimentos, sufocando o livre mercado. Nesse aspecto, Aracruz também se destaca! Por meio do ParkLog ES, uma iniciativa do Governo estadual com forte reflexão, integração e participação do setor privado, a região se estrutura para se consolidar como um hub logístico de relevância nacional.
Assim, com localização estratégica, integração de modais e ambiente favorável aos negócios, Aracruz se consolida como um dos principais expoentes logísticos do Brasil, com potencial real de crescimento sustentável, livre dos entraves comuns a outras regiões. Como já dizia Adam Smith: “Não é da benevolência do padeiro, do cervejeiro ou do açougueiro que esperamos o nosso jantar, mas do cuidado que eles têm com seus próprios interesses.” E, ao que tudo indica, os interesses – públicos e privados – estão convergindo para Aracruz, que reúne os elementos certos para transformar vocação em protagonismo logístico. Seria essa, afinal, a nova “menina dos olhos” da logística brasileira? Tudo aponta que sim.
Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo.
*Elimar Fardin Lorenzon é Engenheiro de Produção, atua com Planejamento Estratégico na Portocel e Vice-Presidente do IBEF Academy.
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