Coluna Vitor Vogas
Capitã Estéfane é nomeada para cargo no governo Casagrande
Vice-prefeita de Vitória no primeiro mandato de Pazolini, mas rompida com o prefeito, ela é mais uma filiada ao Podemos absorvida pela Secretaria de Estado de Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social, agora sob a influência do deputado Gilson Daniel

Capitã Estéfane e Gilson Daniel. Crédito: Assessoria do Podemos
Estéfane da Silva França Ferreira foi nomeada pelo governador Renato Casagrande (PSB), nesta terça-feira (1º), para um cargo comissionado no Governo do Estado. Mais conhecida como Capitã Estéfane, ela se tornou “assessora especial nível III”, com salário de R$ 11,7 mil, na Secretaria de Estado de Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social (Setades).
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Hoje capitã da reserva da Polícia Militar do Espírito Santo (PMES), Estéfane elegeu-se vice-prefeita de Vitória, na chapa de Lorenzo Pazolini, na eleição municipal de 2020. Estava, então, filiada ao partido Republicanos, assim como Pazolini. Os dois romperam politicamente no meio do mandato, de maneira pública. O “ponto sem volta” se deu logo após as eleições gerais de 2022. Durante o mandato, Pazolini se consolidou como adversário político do governo Casagrande. Estéfane, por sua vez, apoiou a reeleição do governador no 2º turno, contra o ex-deputado Carlos Manato (PL).
Em declarações públicas, Estéfane acusou Pazolini de praticar violência política de gênero contra ela e de não lhe conceder mínima estrutura e equipe para exercer dignamente seu mandato de vice-prefeita. A gota d’água foi o episódio, em novembro de 2022, no qual o prefeito, diante da plateia, tirou o microfone da mão de sua vice para que ela não pudesse discursar durante um evento da Prefeitura de Vitória em Jardim Camburi. Desde então, o contato entre os dois foi o mínimo possível e Estéfane, de fato, foi mantida isolada, sem espaço algum na gestão, como vice apenas de direito.
Em 2024, último ano de seu mandato, Estéfane filiou-se ao Podemos, a convite do presidente estadual da sigla, o deputado federal Gilson Daniel. Inicialmente, o convite foi para que ela disputasse o cargo de prefeita. Ela acreditou nessa proposta, deu entrevistas confirmando isso, e o próprio Gilson Daniel repetiu em entrevistas, até bem perto do período de convenções, que a pré-candidatura dela era para valer. Como já se esperava, contudo, Estéfane acabou concorrendo a uma vaga na Câmara Municipal de Vitória. Não conseguiu se eleger.
Atualmente, a ex-vice-prefeita é a presidente do segmento Podemos Mulher no Espírito Santo. Ela é mais uma filiada ao Podemos absorvida pela Setades.
Como demonstramos aqui, a secretaria agora está sob a influência política de Gilson Daniel, como resultado de um acordo de bastidores selado entre ele e Casagrande – e que está diretamente relacionado ao apoio integral do Podemos à pré-candidatura do vice-governador Ricardo Ferraço (MDB) ao Palácio Anchieta em 2026. Ao lado do presidente da Assembleia, Marcelo Santos (União), e do prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio (MDB), o presidente estadual do Podemos tem sido um dos líderes políticos mais pessoalmente empenhados na “pré-campanha” de Ricardo.
A própria secretária Cyntia Grillo, chefe da Setades desde 2020, tende a se filiar ao Podemos para ser candidata a deputada estadual. Na mesma pasta, em menos de um mês, Gilson também emplacou dois subsecretários filiados ao Podemos: o de Trabalho, Emprego e Geração de Renda, André Pessoa dos Santos – no lugar de Carlos Casteglione (PT) –, e o de Assuntos Administrativos, Bruno Quintino Fernandes.
Estéfane bem empenhada no Podemos
No dia 22 de maio, em passagem por Brasília, ao lado de Gilson Daniel, a Capitã Estéfane se encontrou com a deputada federal Renata Abreu (SP), presidente nacional do Podemos, e postou uma mensagem defendendo o aumento da representatividade feminina na política e convidando mulheres a se filiarem ao Podemos.
“O Espírito Santo é um estado maravilhoso, mas que precisa romper com algumas práticas que denunciam uma visão distorcida do valor da mulher na sociedade, denunciada de forma mais gravosa nas estatísticas de violência contra a mulher, que vão do meio doméstico ao político, não raras vezes com repercussão nacional. Precisamos mudar este quadro, e a política é uma ferramenta poderosa e necessária para este fim. No Podemos temos líderes comprometidos em fazer com que as mulheres alcancem e exerçam seus mandatos e sua representatividade de forma legítima e sem impedimentos de cunho preconceituoso ou pejorativo ligado ao gênero”.
