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Coluna Vitor Vogas

Assumção pede ajuda a Casagrande para governar Vitória. “Vou precisar muito”

Segundo relato do deputado, pedido foi feito pessoalmente por ele, em recente encontro com o governador, e este lhe garantiu: as portas estão abertas

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Assumção e Casagrande

Assumção e Casagrande

Candidato do PL e representante do bolsonarismo na eleição a prefeito de Vitória, o deputado estadual Capitão Assumção tem dito que, se eleito, buscará manter a melhor relação institucional possível com o governo estadual e o federal. Fez questão de colocar isso no papel, como último compromisso do seu plano de governo registrado oficialmente na Justiça Eleitoral:

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“Garantir uma boa comunicação institucional com o Governo Estadual e com o Governo Federal, de forma a garantir os recursos e investimentos disponíveis para serem aplicados no município de Vitória”.

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Só tem um detalhezinho: no momento – e até o fim de 2026 –, o governo estadual e o federal são chefiados, respectivamente, por Renato Casagrande (PSB) e Lula (PT), tratados há muitos anos por Assumção como os piores inimigos políticos.

No caso do governador, a relação é historicamente marcada por ataques e insultos da parte do deputado contra ele, tanto nas redes sociais como, notadamente, da tribuna da Assembleia Legislativa (Ales).

Na Justiça comum, tramitam pelo menos sete ações movidas por Casagrande contra Assumção, por crimes contra a honra, nas quais ele pede reparação por danos morais. Tanto a ação (ataques da tribuna) como a reação (processos na Justiça) se estendem a outros membros de alta patente do governo Casagrande, como o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Douglas Caus.

Não vamos nem mencionar aqui o tratamento dispensado pelo deputado do PL ao presidente Lula…

Dado todo esse histórico, como crer que Assumção, se eleito prefeito de Vitória, possa mesmo cultivar uma boa relação institucional com o governo Casagrande? Foi a pergunta que fizemos ao próprio candidato, nesta quinta-feira (5), durante sua entrevista ao telejornal da TV Capixaba EStúdio 360.

A resposta de Assumção surpreendeu.

O deputado afirmou que não só vai pedir como já pediu a Casagrande que o ajude a governar Vitória, com parcerias institucionais e investimentos estaduais na cidade. Segundo o seu relato, o pedido foi feito pessoalmente por ele, em recente encontro com o governador, e o chefe do Executivo Estadual lhe assegurou que seu governo está de portas abertas para ajudá-lo a governar Vitória, inclusive com aportes financeiros.

Conforme a narração de Assumção, há poucas semanas, um veto do governador a um projeto de lei dele (o que cria o Selo Escola Amiga do Autista) foi derrubado em plenário, em acordo firmado por ele com o governo e com a base governista. O projeto virou lei estadual, promulgada pelo presidente da Ales, Marcelo Santos (união), no dia 26 de agosto, e publicada no dia seguinte no Diário Oficial do Poder Legislativo.

Assumção contou, então, que foi ao encontro do governador para agradecer pessoalmente a ele – em um gesto de humildade. Na ocasião, segundo o deputado, ele pediu a Casagrande ajuda para governar Vitória:

“Eu fiz questão de, na outra semana, agradecer ao governador pessoalmente. Nós fizemos uma agenda. Ele aceitou rapidamente o nosso encontro. Agradeci a ele porque a comunidade de autistas estava reconhecendo o gesto que ele fez. E eu reafirmei que, se for da vontade de Deus eu ganhar a prefeitura, eu vou precisar muito da ajuda dele.”

Na entrevista ao EStúdio 360, Assumção destacou que, na administração do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos), por falta de diálogo institucional, Vitória está deixando de receber recursos do Estado e só estaria fazendo investimentos com dinheiro emprestado por órgãos externos, enquanto cidades vizinhas na Grande Vitória estão recebendo grandes somas do Governo Estadual.

“Vitória precisou de um empréstimo para fazer a Orla Noroeste. Cariacica não gastou nem um centavo, economizou dinheiro do caixa, e tem dificuldade de caixa. Olha como é que Vila Velha cresceu em quatro anos, Serra, Cariacica… Vitória ficou para trás. Dependeu de empréstimos. Depois de 25 anos, nós vamos pagar quase R$ 2 bilhões.”

A obra citada por Assumção, de urbanização da área costeira da Grande São Pedro, tem sido realizada com recursos provenientes de uma operação de crédito contratada junto ao BID, banco internacional de fomento, pela gestão de Luciano Rezende (Cidadania), anterior à de Pazolini. O financiamento é de US$ 100 milhões.

Perguntamos, então, a Assumção, de maneira direta: se for eleito prefeito, ele pedirá ajuda ao governador, inclusive financeira?

O candidato respondeu, à queima-roupa, que a ajuda na verdade já lhe foi garantida por Casagrande:

“O governador já sabe disso, já falei com ele. Ele falou que está de portas abertas para me ajudar até o final da gestão dele”.

Bancada do PL: Assumção e Casagrande se cumprimentam durante diplomação de ambos, no TRE-ES, em dezembro de 2022

O acordo em torno do projeto

O acordo político citado por Assumção com o Palácio Anchieta e a base do governo na Ales diz respeito ao Projeto de Lei nº 002/2024, apresentado pelo deputado do PL no começo do ano. Após aprovação em plenário no mês de maio, o governador o devolveu à Assembleia com veto total, datado de 10 de junho.

Em sessão plenária realizada no dia 19 de agosto, com a campanha eleitoral já oficialmente deflagrada, o veto de Casagrande foi rejeitado em plenário, por unanimidade, com o voto dos 25 deputados que participaram da votação, inclusive muitos da base.

O projeto virou a Lei Estadual nº 12.197, que institui, no Espírito Santo, o Selo Escola Amiga do Autista, “a ser conferido às instituições de ensino, públicas e privadas, que comprovarem a inclusão social de pessoas com transtorno do espectro autista (TEA), especialmente seus alunos, promovendo a sua inserção junto à comunidade escolar”.

A Nova Orla Noroeste

Com 1,1 quilômetro de extensão às margens do manguezal, a obra citada por Assumção, cuja primeira etapa foi entregue Pazolini em julho, inclui estacionamento, paisagismo, passeio contínuo com calçada, ciclovia, deques, arquibancadas alagáveis, rampas e cinco atracadouros, entre outros equipamentos. Essa primeira fase, concentrada na Ilha das Caieiras, custou R$ 96 milhões.

A verba é da prefeitura, mas, assim como a que proporcionou outros importantes projetos do atual governo municipal, foi obtida por meio de operação de financiamento contratada na administração passada, de Luciano Rezende, junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

O empréstimo de US$ 100 milhões foi contraído em 2019, com contrapartida de US$ 25 milhões por parte do município. Tem 25 anos de prazo de amortização, 5,5 anos de carência (até o ano que vem) e juros baseados na taxa Libor (London Interbank Offered Rate).

Enquanto isso, a segunda fase da Nova Orla Noroeste já começou a ser executada. A um custo de R$ 114 milhões, financiados da mesma maneira, as intervenções urbanísticas abarcarão mais de 4 quilômetros de extensão, contemplando quatro bairros da Grande São Pedro: Santo André, Redenção, Nova Palestina e Resistência.


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