fbpx

Coluna Vitor Vogas

Aridelmo Teixeira revela o que fará nesta eleição… e na de 2026

Até o último momento, ex-secretário de Governo de Vitória era um dos dois cotados para ser o candidato a vice do prefeito Pazolini, mas foi preterido. Agora, tem outros planos, anunciados por ele em uma entrevista reveladora sobre o passado recente e o futuro próximo

Publicado

em

Aridelmo Teixeira  foi candidato a governador pelo Novo em 2022

Aridelmo Teixeira foi candidato a governador pelo Novo em 2022

Até o último momento, o ex-secretário de Governo de Vitória Aridelmo Teixeira (Novo) era um dos dois cotados para ser o candidato a vice do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos). A coluna sempre atribuiu favoritismo à empresária Cris Samorini (PP), mas a possibilidade de Aridelmo prevalecer era real, em razão da proximidade política e administrativa desenvolvida por ele com Pazolini desde o fim de 2020, na transição. Deu Cris Samorini na cabeça, em anúncio feito na última quarta-feira (14) na ausência de Aridelmo, o que deu muito o que falar.

> Quer receber as principais notícias do ES360 no WhatsApp? Clique aqui e entre na nossa comunidade!

Quem fala agora é o próprio Aridelmo. Em entrevista à coluna, ele opina que a ex-presidente da Findes foi uma “boa escolha” para Pazolini e diz sempre ter tido a consciência de que o complemento da chapa viria, preferencialmente, do PP, já que o Novo é um partido bem menor. “O Novo tem uma marca boa, mas não tem grandes ativos para entrar numa negociação política. Ainda não tem porte”, admite.

Receba as notícias da coluna no grupo de Whatsapp do Vítor Vogas.

Mesmo assim, em combinação com Pazolini, Aridelmo desincompatibilizou-se e manteve-se de prontidão até o último momento – como um reserva no aquecimento, pronto para entrar em campo a qualquer tempo –, para o caso de a negociação com o PP dar errado por algum motivo, incluindo eventuais pressões do Palácio Anchieta.

Outra razão, pragmática, aberta agora por ele, transpondo para a política as leis do mercado: diminuir o poder de barganha do PP. “Quando você entra numa negociação sem outras opções, o preço sobe. Quando você tem outras opções, o preço cai. Negociação simples. Imagine se não tem ninguém… O cara passa a valer milhões!” Aridelmo, assim, também cumpriu esse papel, a fim de não permitir que o PP se sentisse no direito de fazer exigências excessivas.

O relacionamento do Republicanos com o PP em Vitória chegou a ficar estremecido quando Soraya Manato (PP), do nada, se lançou candidata a prefeita, no dia 8 de julho. Mas essa crise foi superada, e no fim – homenagem a Silvio Santos – não deu amizade. Deu namoro na chapa de Pazolini.

Aridelmo ouviu a decisão de Pazolini do próprio, em reunião a portas fechadas com ele, no mesmo dia, pouco antes de o prefeito receber e anunciar Cris Samorini. Até o final, ponderou com ele prós, contras e possíveis cenários futuros, fazendo as vezes de “advogado do diabo”. Mesmo sem ter sido o escolhido, o ex-secretário afirma que não deixará de fazer campanha nem de pedir votos para Pazolini. Continua apoiando o projeto. Foi o responsável, aliás, por coordenar o seu plano de governo.

O que ele não quer, de jeito nenhum, é voltar a ser secretário municipal, a partir de janeiro de 2025, em eventual segundo governo de Pazolini na Capital. Isso porque a prioridade total de Aridelmo agora é outra. Passa por outro projeto e por outra eleição. Seu olhar agora já mira 2026.

O empresário, professor e dono da faculdade Fucape Business School afirma em primeira mão à coluna: “Serei candidato a governador na próxima eleição estadual. Dois e mil e vinte e seis, para mim, já começou. Começarei a me preparar no dia seguinte ao término desta eleição municipal”.

Se Aridelmo “tivesse que ser” (palavras dele) o candidato a vice de Pazolini, o plano, diz ele, seria outro. Em caso de vitória eleitoral, ele não renunciaria ao mandato de vice-prefeito em abril de 2026 para se candidatar a governador… Até porque, se um reeleito Pazolini renunciasse ao cargo de prefeito precisamente para disputar o Palácio Anchieta, Aridelmo assumiria a Prefeitura de Vitória no lugar dele, até o fim de 2028. Nada mau.

No entanto, como agora está livre de qualquer compromisso político, Aridelmo pretende mesmo é se concentrar na sua candidatura a governador, aliás, sua próxima candidatura. Em se confirmando, será a terceira consecutiva para o mesmo cargo.

Em 2018, pelo PTB, ele foi timidamente votado na eleição que marcou o retorno ao Palácio Anchieta de Renato Casagrande (PSB), de quem é opositor. Em 2022, já no partido Novo, seu desempenho foi pior: não chegou a 1% dos votos válidos. No 2º turno, apoiou Manato (PL) e foi anunciado pelo ex-deputado como seu futuro secretário estadual da Fazenda em caso de vitória. Mas deu Casagrande de novo.

Agora, Aridelmo está convicto de ter plenas condições de obter um resultado bem melhor. Parte dessa convicção se deve ao partido Novo.

Ainda muito pequeno no Espírito Santo, e mesmo nacionalmente, o partido de orientação liberal finalmente filiou, em março, o seu primeiro político com mandato no Espírito Santo: o vereador de Vitória Leonardo Monjardim, candidato à reeleição. Agora, com 21 cadeiras em disputa na Câmara de Vitória, Aridelmo acredita que o Novo possa fazer até dois vereadores na Capital. Acredita, acima de tudo, que o partido estará muito melhor estruturado até 2026, em bem melhores condições de abrigar sua nova candidatura ao Governo do Estado.

Além disso, desde princípios de 2023, o partido tem passado por uma grande reformulação interna, abrindo mão de uma série de purismos, tabus e normas internas que, na prática, impediam o seu próprio crescimento. Exemplo importante: agora o partido tem uma flexibilidade bem maior no que diz respeito a coligações com outras siglas em disputas majoritárias. “Em 2022, até fomos procurados por outros partidos interessados em se coligarem, mas não podíamos fazer coligações.”

Exatamente por já estar com o olhar fixo em 2026, Aridelmo se recusa, de antemão, a voltar a assumir qualquer função em eventual novo governo de Pazolini. Quer ficar liberado, tocando só suas obrigações na Fucape. “Antes da última eleição a governador, fui ficando, fui ficando, e fiquei como secretário municipal da Fazenda até março de 2022. Saí muito em cima. Tive muito pouco tempo para preparar minha campanha a governador. Não quero cometer o mesmo equívoco da vez passada: ficar preso e não conseguir fazer as articulações.”

Ok, mas e se o próprio Pazolini decidir ser candidato a governador, renunciando a um segundo mandato e entregando a Prefeitura de Vitória a Cris Samorini? Como frisado acima, é uma possibilidade a ser seriamente considerada. Aridelmo é aliado de Pazolini e assim deverá se manter. Neste caso, o que fará o ex-secretário? Será candidato assim mesmo, enfrentando o próprio Pazolini? Ele nem reluta em responder:

“Pazolini pode até ser candidato a governador, aí não sei, porque não conversamos sobre isso. Se for, vai concorrer comigo. Eu vou sair candidato em 2026. Se ele vier também, nós vamos concorrer. Meu compromisso era fazer a gestão, ajudar. Entreguei. Acho que fiz um bom trabalho, sem falsa modéstia. Mas ele sabe, desde quando voltei pra prefeitura, que 2026 é meu objetivo.”

Na verdade, a única hipótese que levará Aridelmo a repensar sua terceira candidatura passa por outro personagem, de nome e história bem maiores que a dele, a de Pazolini e a de qualquer outro político vivo no Espírito Santo (exceto Casagrande, que está na mesma prateleira).

Para Aridelmo, o ex-governador Paulo Hartung, de quem ele é antigo aliado, não pode deixar de ser aproveitado pelo Espírito Santo nas eleições majoritárias de 2026… Inicialmente, ele “sugere” o Senado:

“Paulo sempre me incentivou. Inclusive um dos que me convenceu a assumir a Secretaria da Fazenda de Vitória foi ele. Ele achava que eu precisava passar um período dentro [da administração pública] e que eu sairia fortalecido para ser candidato ao governo, e estava certíssimo. […] A gente se fala com frequência. O Paulo é um quadro excepcional. O Estado não contar com ele… Olha quem está no Senado, e olha o Paulo do lado… Perdemos uma oportunidade! Então, enquanto estado, para ter voz ativa e protagonismo, o Paulo é um dos melhores quadros que temos. Tem reconhecimento nacional e autoridade para falar. Acho que temos que usá-lo. Agora, se ele quiser vir a governador, vai ter que disputar comigo [risos].”

Não, calma aí, espere um pouco. Se o ex-governador decidir voltar a concorrer ao Palácio Anchieta em 2026, no vácuo do pós-Casagrande, Aridelmo não vai mudar de ideia? Insistimos na pergunta. Aí ele admite estar disposto a buscar uma composição com Hartung.

“Na eleição passada ao governo, quem eram os candidatos possíveis? Por exemplo, se Eugênio Ricas viesse, eu iria apoiá-lo, porque ele tem um alinhamento, e os outros não têm. Eu não vejo eles como essa disruptura que o Espírito Santo precisa. O Eugênio Ricas era uma disruptura com o velho status quo estabelecido politicamente. Em 2026, se o Paulo vier de fato a governador, eu aceito conversar e compor, com certeza.”

Aridelmo sobre Cris Samorini

“A Cris foi uma parceirona enquanto presidente da Findes. Trabalhou com a gente direto. É do time, vamos dizer assim. Tem alinhamento com o nosso projeto. É uma mulher. Em minhas duas candidaturas, minha vice foi mulher. Eu acho importante para você ter um contraponto. As mulheres têm uma visão diferente dos homens. Então soma e agrega. Em campanha, ela não tem experiência. Mas, na gestão, ela tem toda a experiência dela de executiva. Comandou a Findes. Toda essa habilidade dela vai somar, e muito. Se Pazolini for reeleito, ela tem tudo para ser aproveitada no próximo secretariado. Não conversamos sobre isso, mas a vejo na Secretaria de Desenvolvimento da Cidade. É uma boa pasta para ela. Ela tem domínio na área. Vai depender de ela querer também.”

O dinheiro em caixa e a reforma tributária

Segundo Aridelmo, a Prefeitura de Vitória tem “dois anos de sucesso contratados”, graças à gestão fiscal da administração de Pazolini. Pelas suas contas, a atual administração deve deixar nada menos que R$ 1,4 bilhão livres em caixa – dinheiro que a prefeitura poderá gastar como quiser, ou simplesmente guardar para eventualidades futuras. “Se acontecer uma catástrofe, hoje, não fica uma obra parada em Vitória.”

É bom lembrar que vem aí reforma tributária, já aprovada no Congresso Nacional, cujos efeitos devem ser sentidos a partir de 2029, mas, principalmente, a partir de 2033. Boa para o Brasil no cômputo geral, na medida em que tende a fazer a economia do país crescer bem mais, a reforma tende a prejudicar, especificamente, a economia dos maiores municípios, já que vai acabar com o Imposto sobre Serviços (ISS), principal fonte de arrecadação tributária própria de Vitória, unificando esse imposto municipal ao ICMS (estadual) no IVA subnacional.

Além disso, o tributo passará a ser recolhido no destino (o estado consumidor), e não mais na origem do produto ou do serviço. Isso é ruim para Vitória e para o Espírito Santo, já que município e estado, proporcionalmente, produzem muito mais do que consomem.

“R$ 1,4 bilhão é muito dinheiro? É. Mas é a nossa alforria. Nossa arrecadação deve despencar. A intempérie está dada, com data precificada, que é a reforma tributária. Num cenário ruim, no que já apareceu de pior de proposta lá, Vitória perderá R$ 600 milhões por ano”, calcula o ex-secretário municipal da Fazenda.


Valorizamos sua opinião! Queremos tornar nosso portal ainda melhor para você. Por favor, dedique alguns minutos para responder à nossa pesquisa de satisfação. Sua opinião é importante. Clique aqui