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Coluna Vitor Vogas

ArcelorMittal anuncia investimento de R$ 4 bi no ES. Detalhes aqui

Gigante da siderurgia investirá R$ 4 bilhões nos próximos três anos para passar a beneficiar o aço que produz em sua planta na Serra. Previsão é de criação de quase 3 mil empregos

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ArcelorMittal Tubarão. Foto: Mosaico Imagem/ArcelorMittal

A ArcelorMittal anunciou, nesta quinta-feira (6), um dos maiores investimentos privados da história do Espírito Santo. A maior produtora de aço do Brasil investirá cerca de R$ 4 bilhões, ao longo dos próximos três anos, na implantação de dois novos equipamentos na planta da empresa no município da Serra: um laminador de tiras a frio e uma unidade de galvanização. A expectativa da empresa é que a iniciativa gere, aproximadamente, 2,5 mil empregos diretos na fase de implantação, além de 450 empregos, dentro da companhia, a partir da operação dos novos equipamentos. A previsão é que eles sejam inaugurados em 2029.

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O anúncio foi comemorado e detalhado, em uma coletiva de imprensa, pelo governador Renato Casagrande (PSB) e pelo vice-governador Ricardo Ferraço (MDB).

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O vice-governador definiu o investimento como um “marco na siderurgia do nosso Estado”. Segundo Ricardo, o laminador de tiras a frio e a unidade de galvanização vão proporcionar “a verticalização do setor siderúrgico no Espírito Santo”.

Hoje, no Espírito Santo, a ArcelorMittal produz bobinas de aço laminado a quente, sem galvanização. Traduzindo em linguagem leiga, é um material mais “bruto”, que não alimenta diretamente as indústrias de alguns segmentos.

Para isso, as bobinas fabricadas aqui são enviadas a outra fábrica da ArcelorMittal, localizada no estado de Santa Catarina, onde o aço é beneficiado e transformado em laminados de tiras a frio, com galvanização. Em linguagem leiga, em vez de um material mais “bruto”, você tem então partes e peças que serão utilizadas por uma série de segmentos industriais que utilizam o aço como matéria-prima, como o automotivo, o de eletrodomésticos e o da construção civil.

Qual é, para o Espírito Santo, o “pulo do gato” representado pelo investimento anunciado nesta quinta-feira?

É que, a partir de 2029, com a conclusão do projeto de verticalização, todo esse processo industrial poderá ser executado na fábrica da empresa localizada na Serra – daí o termo “verticalização”. A Arcelor não precisará mais enviar para Santa Catarina os rolos de aço produzidos na planta da Serra.

Com a instalação do laminador de tiras a frio e da unidade de galvanização (mesma estrutura já existente no estado da Região Sul), a Arcelor poderá realizar, em território capixaba, todo o processo de beneficiamento, fabricando aqui mesmo as partes e peças de aço mais elaboradas que abastecerão a indústria automotiva, a de eletrodomésticos e a da construção civil.

Consequentemente, é possível que esse upgrade da fábrica na Serra atraia a instalação de empresas de tais segmentos, que se valem dessas peças para produzir automóveis e outros artigos de aço. E é nesse sentido que o Governo do Estado começará a dirigir esforços. “Hoje nós não produzimos partes e peças para esse conjunto de indústrias. Com essa produção em território capixaba, com certeza vamos ampliar nossa capacidade de identificar no mercado empresas que possam instalar suas plantas aqui”, afirmou Casagrande.

“É uma excepcional notícia recebida por parte da Arcelor”, comemorou Ricardo Ferraço. “Por décadas, ouvimos a afirmação de que somos um estado que produz muitas commodities, muita matéria-prima, e que precisávamos avançar na verticalização, porque isso, no fim do dia, significa mais oportunidades, mais empregos de qualidade, mais valor agregado ao que se produz no Espírito Santo, mais arrecadação. E é essa arrecadação que a gente converte em investimento público.”

O vice-governador recapitulou a evolução do setor siderúrgico no Espírito Santo – onde a antiga CST começou a operar em 1983. “Começamos embarcando minério no porto. Depois passamos a fabricar placas de aço. Depois a empresa implantou o laminador de tiras a quente, que produz aqui as bobinas. Agora, a Arcelor passará a fazer, no Espírito Santo, o revestimento contínuo de lâminas de aço que permite a produção de partes e peças de aço industrializados”, destacou Ricardo.

Atrativo para novas indústrias

O governador comentou, com otimismo, as perspectivas de prospecção de outras indústrias, abertas por esse investimento:

“A verticalização gera oportunidades para mais empreendedores e investidores que poderão usar os produtos dessa verticalização. Estamos trabalhando na atração desses empreendedores. Isso mostra a confiança dos empreendedores, no caso a ArcelorMittal, naquilo que estamos fazendo no estado do Espírito Santo. A expectativa do Espírito Santo é maior que a nossa atual realidade”, afirmou Casagrande, ressaltando “a estabilidade política, a confiança jurídica e o bom ambiente de negócios” encontrados no Estado.

O vice-governador também expressou otimismo quanto à atração de outras fábricas: “Isso abre a expectativa de avançarmos muito na capacidade de prospectar outras indústrias e investimentos. Produzindo aqui partes e peças de laminados de tiras a frio galvanizados, estamos conectando com o setor produtivo, com o segmento que fabrica eletrodomésticos, com o da construção civil”.

Ricardo Ferraço também é o secretário estadual de Desenvolvimento – cargo que ele passará para o ex-prefeito da Serra Sérgio Vidigal (PDT) na próxima quarta-feira (12). Ele frisou que essa nova unidade de beneficiamento do aço foi muito disputada com o estado do Ceará, mas o Espírito Santo venceu a concorrência:

“Disputamos esse investimento com outros estados, sobretudo com o Ceará. Então competimos com outros estados e conseguimos trazer esse importante e estratégico investimento para o nosso estado, graças à nossa organização, à nossa capacidade de investimento, à nossa relação republicana com o setor privado, que se traduz em segurança jurídica, previsibilidade e confiança”.

Ricardo ainda destacou que essa “verticalização” da cadeia produtiva também tem se observado em outros segmentos industriais no Espírito Santo, como o de café, o de celulose e o de rochas ornamentais, o qual, segundo ele, já exporta mais de 60% de produtos acabados – no lugar do material bruto (os blocos de mármore e granito extraídos de pedreiras capixabas) para beneficiamento no exterior.

Segundo o vice-governador, essa soma de fatores “permite que a gente possa olhar para o futuro sem receio de enfrentar o desafio da reforma tributária”. Com efeitos a partir de 2029 – mesmo ano da inauguração prevista da nova unidade da Arcelor na Serra –, a reforma deve gerar perda de arrecadação própria para municípios e estados que “produzem mais do que consomem”, como o Espírito Santo.

A decisão da Arcelor, segundo Ricardo, já foi comunicada ao mercado pela direção global da empresa, como um “fato relevante”, em comunicado na manhã desta quinta-feira.

De acordo com o presidente do Iema, Mário Louzada, o licenciamento ambiental para a construção dos dois novos equipamentos na planta da Serra deve ser um processo simplificado, pois, segundo ele, as novas estruturas não aumentarão as emissões de particulados no ar nem o consumo de água.