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Coluna Vitor Vogas

Análise: quem ganhou e quem perdeu com a ausência de Pazolini ao debate da Band

Do ponto de vista estritamente pragmático, é preciso compreender a opção de Pazolini por ignorar o importantíssimo debate promovido pela Band. Já do ponto de vista democrático…

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Candidatos posicionados no estúdio do debate da Band, com a cadeira de Pazolini vazia entre eles

Candidatos posicionados no estúdio do debate da Band, com a cadeira de Pazolini vazia entre eles

Antes de atirar pedras, cada adversário de Lorenzo Pazolini (Republicanos) deve refletir se, exatamente para evitar as pedras atiradas pelos outros, não faria (ou, pelo menos, consideraria fazer) o mesmo se estivesse no lugar dele. E qual é o lugar do prefeito, hoje? É o lugar do atual ocupante do cargo, favorito para ganhar a eleição, em um ou dois turnos, mas com chances reais de liquidar a fatura em turno único, como apontam as pesquisas eleitorais mais recentes. O prefeito está no cargo e na ponta. Faltavam, ontem (16), 20 dias para o primeiro (e talvez último) encontro dos eleitores de Vitória com as urnas este ano.

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No caso de um candidato que se encontra em semelhante situação, os estrategistas de campanha em geral desaconselham, com boa dose de prudência e pragmatismo, a participação nesse tipo de confronto no qual o candidato tem muito mais a perder do que a ganhar – mais ainda sendo o atual mandatário, candidato à reeleição, portanto ainda mais “vidraça”.

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A regra costuma ser evitar ao máximo esse tipo de exposição e de confronto cara a cara com adversários sequiosos por uma oportunidade de pegá-lo ao vivo em contradições e de lhe morder os tendões de Aquiles, para exibir seus pontos fracos ao público com ampla repercussão – ainda mais nesta era de virais, memes e cortes, na qual qualquer vacilo ou deslize pode ganhar proporções imprevistas, muito além da audiência orgânica do debate, e fugir do controle dos “controladores de danos”. “Quanto menos você, favorito, se expuser até o dia da votação, melhor”, lê-se no manual do marketing eleitoral para principiantes.

Isso posto, do ponto de vista estritamente pragmático, é preciso compreender a opção de Pazolini e de sua campanha por não comparecer ao primeiro e importantíssimo debate promovido na noite dessa segunda-feira (16) pela TV Capixaba/Band entre os candidatos a prefeito de Vitória, com transmissão ao vivo também da Rádio BandNews FM e do Portal ES360. Faz sentido… se o objetivo for só ganhar o pleito. E o que pode, alguns poderão contrapor, ser mais importante do que ganhar o pleito? Tá certo…

Feitas todas as ressalvas acima e o exercício de nos colocarmos na pele do prefeito, é preciso passar para o que mais importa: do ponto de vista estritamente democrático, foi ruim, muito ruim, a ausência de Pazolini – mais ainda, pela forma como se deu. Não é que o atual prefeito tenha apenas faltado ao debate. Ele o ignorou solenemente. Prefeito e seu time de campanha não deram à equipe de jornalismo da Rede Capixaba explicação nem justificativa alguma para o não comparecimento. Ignoraram o convite e pronto.

Nenhum candidato é obrigado a aceitar convites para participar de debates eleitorais. Nenhuma emissora tampouco é obrigada a promover debates. Quando se faz isso, é porque se acredita na importância de um momento como esse para o processo eleitoral e democrático, como uma chance ímpar de oportunizar aos candidatos a apresentação e a comparação de perfis e propostas e, aos eleitores, elementos que os ajudem a conhecer melhor os concorrentes e a tomar a sua melhor decisão, com informações e embasamento.

Foi imbuída desse espírito democrático que a Rede Capixaba organizou e realizou o primeiro debate eleitoral de Vitória este ano, fiel à sua melhor tradição nas várias praças do país.

> Análise – A falta e o asfalto: a mais que presente ausência de Pazolini no debate da Band

Uma vez convidado, o mínimo que se espera de um candidato, qualquer candidato, é uma recusa justificada.

No caso de Pazolini – pensando agora não nele e no que o deixa mais perto da vitória, mas no que é melhor para o público –, sua participação teria sido ainda mais importante exatamente pelos mesmos motivos que na certa motivaram a sua decisão de passar bem longe do debate: é precisamente por ele ser o atual incumbente, precisamente por ser favorito à reeleição e ter altas chances de seguir à frente da prefeitura, precisamente por dever prestar contas do atual mandato à população, que sua participação no debate se faria ainda mais fundamental.

Do ponto de vista de Sua Excelência, o Eleitor, seria de suma importância e do mais alto interesse público que o prefeito se dispusesse a enfrentar seus adversários, confrontar suas propostas com as deles, prestar contas do mandato, e por que não?, defender-se das críticas que na certa viriam, fora da zona de conforto e segurança artificial proporcionada pelo marketing eleitoral, mas em autêntico exercício do contraditório, tão salutar e tão essencial em um regime democrático como o nosso.

Sim, as críticas certamente viriam, mas também estas, se feitas nos limites do respeito e da urbanidade, fazem parte – aliás, não apenas “fazem parte” como são parte fundamental do jogo democrático. Quanto a eventuais “pedradas”, cá para nós, Pazolini nunca foi de guardar pedras no bolso e levá-las para casa. Bem o sabe qualquer um que se lembre dos seus tempos de deputado estadual, de seus debates com João Coser no 2º turno da eleição passada e até de suas recentes prestações de contas à Câmara Municipal de Vitória, bem frescas na memória de quem viu.

Com a ausência injustificada de Pazolini ao debate da Rede Capixaba, ele mesmo e sua campanha podem ter ganhado – ou deixado de perder, num “zero a zero”, em si mesmo, vantajoso para quem está na frente.

O resto? O resto saiu perdendo com essa decisão do prefeito.

Sobretudo ele: Sua Excelência, o Público.

> O Cordel do Debate da Band entre os candidatos a prefeito de Vitória


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