Coluna Vitor Vogas
Análise: o que diz a primeira pesquisa sobre as eleições no ES em 2026
Instituto Paraná Pesquisas divulgou, nesta terça (10), o primeiro levantamento eleitoral referente às próximas eleições gerais no ES, em 2026. Confira
O instituto Paraná Pesquisas divulgou, na manhã desta terça-feira (10), o primeiro levantamento eleitoral referente às próximas eleições gerais no Espírito Santo, em outubro 2026. O instituto aferiu a preferência atual dos eleitores do Estado para os cargos de governador e senador.
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Logicamente, a pouco menos de dois anos das próximas eleições, qualquer prognóstico se revela bastante prematuro. A pesquisa, de todo modo, é importante por indicar algumas tendências iniciais e, sobretudo, o recall político alcançado, hoje, por vários players considerados potenciais candidatos tanto à sucessão de Renato Casagrande (PSB) no Palácio Anchieta como a uma das duas vagas abertas para o Espírito Santo em 2026 (aquelas hoje ocupadas por Marcos do Val e Fabiano Contarato, cujos mandatos se encerram em janeiro de 2027).
As movimentações eleitorais com foco em 2026 foram deflagradas antes mesmo das eleições municipais deste ano e intensificadas logo após o pleito, com a definição do novo tabuleiro geopolítico do Espírito Santo, reconfigurado pelas urnas em outubro.
Para o Governo do Estado, o instituto testou um primeiro cenário com sete nomes: o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), o ex-governador Paulo Hartung (sem partido), o vice-governador Ricardo Ferraço (MDB), o prefeito da Serra, Sérgio Vidigal (PDT), o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (Podemos), e os deputados federais Evair de Melo (PP) e Helder Salomão (PT).
Já no segundo cenário, três nomes (Ricardo, Arnaldinho e Evair) foram substituídos pelo prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio (MDB), e pelos deputados federais Josias da Vitória (PP) e Gilson Daniel (Podemos).
Para o Senado, a Paraná testou só um cenário, com onze nomes: Casagrande, Pazolini, Hartung, Da Vitória, Evair, os senadores Contarato (PT) e Do Val (Podemos), o deputado federal Gilvan (PL), o deputado estadual Sérgio Meneguelli (Republicanos), o ex-deputado federal Manato (PL) e o prefeito de Barra de São Francisco, Enivaldo dos Anjos (PSB). Cada entrevistado pôde citar até dois nomes da lista.
Antes de passarmos à nossa análise, apresentamos abaixo os principais resultados (intenções de voto):
GOVERNO: CENÁRIO 1
Pazolini: 22,4%
Hartung: 17,0%
Ricardo: 13,8%
Vidigal: 12,0%
Arnaldinho: 7,4%
Evair: 6,4%
Helder: 6,4%
Nenhum/branco/nulo: 9,0%
Não sabe/não opinou: 5,9%
GOVERNO: CENÁRIO 2
Pazolini: 23,6%
Hartung: 20,6%
Vidigal: 12,8%
Da Vitória: 7,8%
Helder: 6,6%
Euclério: 6,4%
Gilson Daniel: 3,7%
Nenhum/branco/nulo: 11,3%
Não sabe/não opinou: 7,2%
SENADO
Casagrande: 41,6%
Pazolini: 20,9%
Hartung: 17,4%
Contarato: 15,7%
Meneguelli: 15,5%
Da Vitória: 9,3%
Evair: 8,9%
Manato: 8,4%
Do Val: 5,1%
Gilvan: 5,0%
Enivaldo: 2,5%
Nenhum/branco/nulo: 6,2%
Não sabe/não opinou: 5,8%
Destaque para Pazolini
De acordo com o levantamento da Paraná Pesquisas, quem se destaca hoje, nos primórdios da corrida à sucessão de Casagrande, é o prefeito reeleito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos). Nos dois cenários estimulados testados pelo instituto, ele desponta como o potencial candidato com o maior índice de intenções de voto. Numa das simulações, Pazolini tem a preferência de 22,4% dos 1.520 entrevistados. No outro, é citado como o nome preferido por 23,6%.
O prefeito de Vitória jamais admitiu a intenção de concorrer ao Governo do Estado daqui a dois anos. Por outro lado, durante a campanha à reeleição, tampouco assumiu o compromisso de encerrar seu segundo mandato na prefeitura, no fim de 2028. Em mais de uma entrevista, indagado sobre a possibilidade de renunciar ao cargo em abril de 2026 para ser candidato a governador, ele preferiu não descartá-la: disse não saber do futuro… E de fato, hoje, ele é tratado como a principal aposta dentro do seu grupo político, reunido principalmente no partido Republicanos, sendo inclusive o único prefeito da legenda em uma capital do país.
A pesquisa, pois, confirma antes de mais nada aquilo que as urnas insistentemente têm provado, em 2018, 2020 e agora em 2024: Pazolini é popular e “bom de voto”.
Ainda não estamos nem na largada, aliás nem na volta de apresentação, nem mesmo no treino classificatório para a corrida. Talvez, no primeiro dia de treinos livres. Mas, nesta pré-pré-pré-largada, na qual os pilotos ainda dão as primeiras voltas para aquecimento de pneus, já é possível atestar que Pazolini será um postulante duro, altamente competitivo, se for mesmo para a prova.
Hartung com o recall preservado
Outro dado sumamente interessante é que, nos dois cenários simulados pela Paraná, quem aparece em segundo lugar, bem próximo ao prefeito de Vitória, é ninguém menos que o ex-governador Paulo Hartung (sem partido). No primeiro cenário, liderado por Pazolini com 22,4%, Hartung aparece logo atrás, com 17,0%. No segundo, o ex-governador obtém 20,6%, empatando tecnicamente na liderança com Pazolini, que tem 23,6% a – já que a margem de erro da pesquisa é de 2,6 pontos para mais ou para menos.
Os números mostram que, embora prestes a completar seis anos sem mandato (ou precisamente por isso), Hartung preserva sua imagem e seu recall junto ao eleitorado capixaba.
Nos últimos tempos, após o cumprimento de um longo período sabático – distante, inclusive fisicamente, da política local –, o economista, hoje presidente da Ibá, tem sinalizado fortemente a intenção de voltar a se inserir na cena política capixaba e na arena pública de debates no Espírito Santo, intensificando sua presença nas redes sociais e concedendo uma série de entrevistas a veículos da imprensa capixaba.
O “mergulhão” com escafandro de Hartung nos últimos seis anos, mantendo-se bem afastado da arena local, limitando-se a dar opiniões sobre a política e a economia nacionais, participando de painéis de think tanks da direita liberal no Rio e em São Paulo, pode ter se revelado estratégico para Hartung se poupar do desgaste inerente a quem emenda um mandato no outro – desgaste esse que já batia à sua porta e que foi um dos fatores determinantes em sua decisão de não disputar a reeleição em 2018. Agora, aparentemente, pode ter chegado o momento de Hartung voltar – e voltar com força política.
Um detalhe que não se pode ignorar é que a Paraná testou dois cenários com Hartung e com Pazolini concorrendo ao cargo de governador… Mas, por uma série de sinais já devidamente observados aqui, o ex-governador, não é de hoje, na verdade tem se aproximado muito de Pazolini e outros integrantes do grupo do prefeito de Vitória, do qual pode ser tido como aliado, se não como conselheiro político. Ora, partindo dessa premissa, soa muito pouco provável – porque muito pouco inteligente – que os dois venham de fato a disputar o mesmo cargo.
Partamos, pois, do pressuposto de que Hartung, na verdade, pode vir a disputar o Senado, e não o Palácio Anchieta, fazendo dobradinha com Pazolini em uma chapa majoritária e apoiando-o para governador.
Ora, nesse caso, o que a pesquisa também mostra é que um Pazolini que já começa forte, tendo Hartung como aliado, pode se fortalecer ainda mais. Esse bom recall do ex-governador, configurado em suas boas intenções de voto, pode, em tese, ser revertido ou canalizado, pelo menos em parte, para Pazolini. Se o prefeito, apoiado por PH, herdar parte das intenções que iriam para o ex-governador, ele largará com uma vantagem ainda maior sobre os oponentes.
Ricardo firme, mas com aliados no retrovisor. E o dilema agudo Casagrande
No primeiro cenário, quem surge na terceira posição é o vice-governador Ricardo Ferraço (MDB), com 13,8%. No limite da margem de erro, tanto o vice-governador como Sérgio Vidigal (12,0%) estão tecnicamente empatados na segunda posição com Paulo Hartung (12,0%), em tal simulação.
Aliado incondicional de Casagrande, Ricardo jamais admitiu que planeje concorrer à sucessão em 2026. O governador, por sua vez, jamais declarou que Ricardo é seu candidato à sucessão. Desde a campanha de 2022, o discurso convergente de ambos é o de que não existe nenhuma combinação entre eles relacionada a isso.
No entanto, Ricardo é considerado nos bastidores, de modo praticamente unânime, como o “candidato natural” à sucessão de Casagrande, principalmente se este renunciar em abril de 2026 para disputar uma das vagas do Espírito Santo no Senado.
Hoje, o vice-governador é tratado como o primeiro de uma “fila sucessória” que reúne outros possíveis pretendentes, também inseridos no grupo político liderado por Casagrande no Estado. Entre eles, atrás de Ricardo, estão os prefeitos de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (Podemos), e da Serra, Sérgio Vidigal (PDT).
Portanto, embora possa se dizer que Ricardo tem hoje uma “vantagem natural” sobre seus “concorrentes internos”, não se pode afirmar, de modo algum, que ele tenha garantias de que será mesmo o candidato (ou o único candidato) pelo grupo de Casagrande.
Como há muitos aliados de Casagrande interessados na mesma cadeira, o próprio governador já declarou que, se julgar necessário, pode até decidir não concorrer a nada em 2026 e encerrar o seu terceiro mandato no Anchieta, a fim de preservar a unidade e a harmonia do seu amplo grupo político – ou seja, para evitar que sua descida do poder desencadeie uma dispersão desses atores hoje amalgamados sob sua liderança, em prejuízo do próprio grupo e em benefício de adversários.
É possível ainda que, precisamente com o intuito de manter essa unidade e evitar a chegada de rivais políticos ao poder, Casagrande decida lá na frente abraçar e patrocinar a candidatura de outro aliado que não Ricardo como o representante da situação (Arnaldinho? Vidigal?), caso chegue à conclusão de que esse outro aliado é mais competitivo que o atual vice-governador para derrotar nas urnas, por exemplo, um adversário que se prova hoje tão forte como Lorenzo Pazolini.
A vantagem de Casagrande para o Senado
Quanto à corrida rumo ao Senado, o levantamento sinaliza, vivamente, que Casagrande, se quiser mesmo candidatar-se a um dos dois assentos em aberto (os de Marcos do Val e Contarato), será mais que competitivo.
Entretanto, é preciso ter prudência redobrada em qualquer consideração aqui. Se qualquer prognóstico sobre a corrida ao governo é bastante precoce a esta altura, isso é ainda mais verdadeiro em relação à corrida ao Senado.
Se algo restou demonstrado nas últimas duas eleições gerais (2018 e 2022) é que, mais que qualquer outro cargo eletivo, grande parte do eleitorado deixa para prestar atenção e decidir seu(s) voto(s) para senador só nos últimos três dias da campanha.
É até um pouco bizarro, mas essa tem se provado a disputa mais imprevisível.
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