Coluna Vitor Vogas
A aproximação política do Coronel Ramalho com o Republicanos
Pazolini nomeou assessores de Ramalho em cargos comissionados na Prefeitura de Vitória, incluindo o coordenador da campanha dele em Vila Velha
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Coronel Ramalho foi candidato a prefeito de Vila Velha pelo PL
Ao ser derrotado, com sobras, pelo prefeito Arnaldinho Borgo (Podemos) na eleição à Prefeitura de Vila Velha, o Coronel Alexandre Ramalho (PL) perdeu “potência política”. Agora, para conseguir chegar competitivo às eleições parlamentares de 2026, precisa recarregar as baterias. E se reposicionar no jogo.
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Para isso, Ramalho tem feito um movimento de aproximação política com o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, e com o partido do prefeito, o Republicanos. Pazolini pode ser candidato ao Palácio Anchieta no ano que vem, como adversário do grupo político do governador Renato Casagrande (PSB).
O mediador dessa aproximação tem sido o presidente estadual do Republicanos, Erick Musso, secretário de Governo de Vitória desde janeiro. Ele e Ramalho têm se falado intensamente.
Como evidência maior do movimento, Pazolini nomeou dois colaboradores diretos de Ramalho para cargos comissionados na Prefeitura de Vitória.
Desde o dia 13 de janeiro, Heydner Leonardo Rodrigues de Faria é assessor adjunto da secretaria comandada por Erick, enquanto Anderson dos Santos Barbosa é assessor especial da Secretaria de Desenvolvimento da Cidade e Habitação (Sedec). Esta última é chefiada pela vice-prefeita Cris Samorini (PP) desde o início de fevereiro.
Anderson Barbosa foi o coordenador político da campanha de Ramalho à Prefeitura de Vila Velha. Desde 29 de janeiro, ele também é o gestor das parcerias celebradas no âmbito da Sedec. Desde 5 de fevereiro, é membro titular do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente, representando a Sedec.
Sinais: “recarregando as baterias”
Um outro forte indício do estreitamento da relação de Ramalho com o grupo de Erick e Pazolini pode ser extraído de suas redes sociais. No dia 27 de janeiro, num post sobre um tema inusitado – recarga de carros elétricos –, o ex-secretário estadual de Segurança Pública criticou implicitamente a Prefeitura de Vila Velha e, explicitamente, parabenizou Pazolini:
“Pessoal, estou mais uma vez aqui em Vitória, abastecendo o veículo elétrico, porque em Vila Velha não tem a recarga rápida, então nós, usuários desse veículo elétrico, temos que vir a Vitória para recarregar as nossas baterias. No ano de 2024, aproximadamente 90 mil veículos elétricos chegaram ao estado do Espírito Santo, muitos deles por Vitória. [Quero] parabenizar o prefeito Pazolini, que cedeu áreas, tanto para que a EDP explorasse, como ali na Dante Michelini, como permitiu também agilidade para que empresários […] pudessem atender os veículos elétricos”.
Os planos do Republicanos para Ramalho
O Republicanos procura atrair Alexandre Ramalho para se filiar à sigla. O sonho do partido dirigido no Estado por Erick Musso é lançar o coronel da reserva da PMES a deputado federal em 2026. Seria uma maneira de reforçar a chapa do partido.
O próprio Erick Musso pretende ser candidato a deputado federal. Hoje, o partido tem dois federais na bancada do Espírito Santo: Amaro Neto e Messias Donato. Mas, até a próxima janela para mudança de sigla, em março do ano que vem, o partido pode sofrer algumas baixas. O próprio Messias, muito ligado a Euclério Sampaio, é cotado para migrar para o União Brasil, já que o prefeito de Cariacica assumirá a presidência do partido no Espírito Santo.
Assim, a presença de Ramalho na chapa de federais do Republicanos poderia compensar eventuais baixas.
Em 2022, pelo Podemos, Ramalho concorreu a federal. Não se elegeu, mas obteve mais de 30 mil votos. Desde que deixou a Sesp, em fevereiro de 2024, não exerce cargo público. Hoje está filiado ao Partido Liberal (PL), pelo qual disputou a Prefeitura de Vila Velha.
Flerte não é de hoje…
Ramalho e Erick Musso mantêm excelente relacionamento. Os dois abriram conversações políticas antes mesmo de Ramalho decidir sair do governo Casagrande. Entre fevereiro e março do ano passado, quando Ramalho saiu do Podemos e buscava uma legenda para concorrer em Vila Velha, ele chegou a se aproximar bastante do Republicanos. Mas o namoro não evoluiu.
Para a direção do Republicanos, pesou uma questão prática (de ordem financeira) e um cálculo político. O partido conservador já tinha candidaturas onerosas para alimentar com o Fundo Eleitoral, como a de Pazolini à reeleição em Vitória e a de Pablo Muribeca à Prefeitura da Serra. E, avaliando que Arnaldinho estava imbatível naquele pleito, decidiu apoiar a reeleição do prefeito de Vila Velha.
Àquela altura, então, a aproximação esfriou, e Ramalho filiou-se ao PL para ser candidato em Vila Velha. Agora, como se vê, o namoro foi reabastecido, com direito a nomeações de aliados na Prefeitura de Vitória.
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