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Coluna André Andrès

Os vinhos mais usados em golpes (e como identificar as fraudes)

Os preços de vinhos famosos podem até ser atraentes, mas escondem fraudes e golpes capazes de provocar uma enorme decepção no consumidor

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Foto mostra os rótulos de vinhos ligados à Catena Zapata, grande vinícola argentina, são alvo de fraude. Foto Divulgação

Rótulos de vinhos ligados à Catena Zapata. Por conta da alta qualidade de seus produtos, a vinícola argentina é vítima de fraude. Foto: Divulgação

É uma tentação. De repente você se depara com aquele vinho famoso, muito elogiado por quem entende do assunto, por um preço espetacular. Tão barato quanto vinhos bem menos conceituados. Está sendo oferecido por um “contatinho” no WhatsApp ou em redes sociais. No Instagram, as imagens são lindas, o link leva a um site de compras, tudo aparentemente perfeito. É tudo feito para dar um golpe em quem não é capaz de resistir a uma oferta como essa e também não sabe como identificar um vinho falsificado ou contrabandeado. A decepção surge quando as garrafas não chegam ou, se chegam, estão muito longe da qualidade esperada.

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Além do golpe, há um ponto lamentável: o arranhão sofrido por marcas consagradas. Os golpistas, lógico, procuram atrair a atenção com vinhos bem avaliados e bastante conhecidos. Por isso, alguns deles aparecem com mais frequência. É o caso dos argentinos DV Catena, Alma Negra, El Enemigo e, mais recentemente, Mosquita Muerta. Os três primeiros têm ligação com a Catena Zapata, a mais famosa das vinícolas argentinas. E o Mosquita Muerta é um dos principais tintos da casa de mesmo nome, criada por Jose Millán. A lista também pode incluir chilenos famosos, como Memórias e Calicanto.

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Foto mostra o vinho argentino Mosquita Muerta, usado por golspitas para atrair vítimas. Foto: Divulgação

Por conta de seus sucessos, o vinho argentino Mosquita Muerta também é usado pelos golpistas para atrair as vítimas. Foto: Divulgação

 

Prejuízo para todos

Em todos os casos, a cadeia de prejuízos causada pelo golpe é enorme. Perdem os produtores, os importadores, os distribuidores, os comerciantes e, lógico, o consumidor. Muitas vezes esse consumidor pensa ser muito esperto ao driblar as regras fiscais e sai contando vantagem por ter conseguido “comprar uma garrafa de vinho top pelo valor de vinho básico nacional”. Provavelmente, descobrirá mais tarde ter adquirido algo equivalente a vinhos suaves de péssima qualidade. Ou, pior, não vai descobrir nada porque simplesmente não receberá as garrafas.

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Então, como saber se um vinho é contrabandeado ou não? E como desconfiar das ofertas nas redes sociais? Como abrir uma garrafa com a segurança de estar abrindo algo original e com a qualidade prometida?

Foto mostra garrafas de vinhos Calicanto e Memórias, alvo de fraude por parte de golpistas.

Sucesso no mercado, vinhos Calicanto e Memórias são usados por golpistas em suas fraudes. Foto: Divulgação

Não é tão difícil quanto parece. Mas vamos por partes. Primeiro, vamos falar das ofertas com sinais de golpe, quando os vinhos não são entregues. Depois, falaremos sobre as garrafas trazidas para o Brasil de forma ilegal e, portanto, sem controle sobre como chegaram aqui, se foram trazidas de forma correta ou se vieram sofrendo com as alterações do tempo. Não é complicado. Basta prestar atenção a alguns detalhes. Vamos lá?

Os sinais de golpe

O preço – Não se engane: não há como uma garrafa de vinho normalmente vendido por R$ 200 ou R$ 300 ser vendida por R$ 25 ou R$ 30. Mas os golpistas oferecem seis garrafas de DV Catena por R$ 140. E tem quem acredite! Ou não é DV Catena ou o vinho jamais será entregue. Como evitar cair num golpe assim? Pesquise o preço médio praticado pelo mercado. Se o valor da garrafa estiver muito abaixo dele, fuja!

O perfil – Atenção para os perfis dessas ofertas nas redes sociais. Veja o número de postagens já feitas, o número de seguidores, o histórico. Tem poucos seguidores, poucas postagens, desconfie. Apesar do nome comercial atraente, sempre usando o “vinho” como referência e da postagem muito bem feita, com vídeos bem editados, a possibilidade de ser perfil falso é grande.

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O site – Talvez aqui esteja um dos pontos fundamentais. Muitas vezes, o site de venda desses vinhos é muito bem feito. A apresentação das garrafas, os comentários sobre o vinho, as telas para preenchimento dos dados e, lógico, do cartão de crédito. Tudo parece ser correto. Mas não é. É uma armadilha bem feita para pegar desavisados. Portanto, dê preferência para lojas online conhecidas. Se quiser arriscar, pesquise antes há quanto tempo o site existe, se há reclamações em páginas especializadas em direito do consumidor, tome todos os cuidados. Mas se quer um conselho, evite o risco. A possibilidade de perder dinheiro é grande.

Os sinais de contrabando

A garrafa – Vinhos contrabandeados entram no país das mais diversas maneiras. Pode ter certeza de algo: não há preocupação alguma em preservar a garrafa, manter a temperatura da bebida, proteger o produto. Por isso, o vinho pode “sofrer” e os sinais desse sofrimento podem estar no rótulo danificado, na cápsula (no gargalo da garrafa) amassada, na rolha estufada, querendo sair do gargalo. A garrafa não está no estado ideal? Desconfie.

O rótulo – Ele só servirá como sinal de algo errado se estiver danificada, como dito acima. Na maioria das vezes, o rótulo original é mantido na importação legal do produto. Em outras palavras, não procure ali algum texto em português ou algo assim, porque isso não diferencia o produto correto do contrabandeado. A questão está mesmo nas condições do rótulo.

Foto mostra contrarrótulo de garrafa de vinho. Ele é fundamental para descobrir se o vinho é ilegal ou não.

Um contrarrótulo de vinho importado corretamente: informações sobre a importação em português e o número de registro do Mapa.

O contrarrótulo – Aqui está o ponto de enorme diferenciação entre vinhos legais e ilegais. Curioso notar: por estar em sua língua original, o contrarrótulo pode até parecer mais charmoso. E enganoso. Porque o contrarrótulo correto pode até ter algumas informações em outra língua, mas obrigatoriamente deverá ter vários dados em português. Procure pelo nome da vinícola ou empresa produtora, do importador, o endereço do importador e, principalmente, o Mapa. Esta é a sigla para os registros concedidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, necessários para a importação de produtos de origem vegetal. Se o vinho do seu “contatinho”, do supermercado ou do restaurante não tiver esses dados no seu contrarrótulo, tenha certeza: é ilegal.

Para finalizar…

Há quem traga o vinho diretamente das vinícolas e presenteie os amigos, por exemplo. Neste caso, lógico, o contrarrótulo será original, mas não será contrabando. É compra legal, prevista na legislação brasileira.

Importante mesmo é o seguinte: fuja de ofertas boas demais. Elas podem significar uma ressaca tripla: a moral, pelo fato de ter sido enganado, a financeira, por ter perdido dinheiro, e, talvez a pior delas, aquela capaz de fazer você passar o dia inteiro sentindo os efeitos de uma noite feita de bebida ruim… É dose!


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André Andrès

Há mais de 10 anos escrevo sobre vinhos. Não sou crítico. Sou um repórter. Além do conteúdo da garrafa, me interessa sua história e as histórias existentes em torno dela. Tento trazer para quem me dá o prazer da sua leitura o prazer encontrado nas taças de brancos, tintos e rosés. E acredite: esse prazer é tão inesgotável quanto o tema tratado neste espaço.

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do ES360.