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Coluna André Andrès

Excelência? Exagero? O sucesso do vinho Pêra-Manca no Brasil

O lançamento da safra 2018 do Pêra-Manca, produzido pela Fundação Eugénio de Almeida há 60 anos, coroa a relação desse vinho com o Brasil

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Garrafa do vinho Pêra-Manca tinto, safra 2018, lançado no Brasil. Foto: Divulgação

O Pêra-Manca tinto, lançado em São Paulo dias atrás: mercado garantido no Brasil. Foto: Divulgação

O diálogo não aconteceu apenas uma ou duas vezes. Enólogos portugueses renomados, donos de prêmios nacionais, em certo ponto da conversa perguntam: “Ora, me explique: por que o Pêra-Manca faz tanto sucesso por cá, no Brasil?” Não há no questionamento nenhuma disputa mercadológica, porque os rótulos produzidos por esses enólogos também alcançam ótimos números de vendagem por aqui e em outras partes do mundo. Os dados, no entanto, colocam o Pêra-Manca num patamar difícil de ser alcançado pelos chamados vinhos icônicos no Brasil, sejam eles de Portugal, da Espanha, do Chile ou da Argentina. Houve quem atribuísse o lançamento mundial da safra 2018, ocorrido em São Paulo há poucas semanas, a uma tentativa de se aproveitar o bom momento do vinho português no Brasil. Na realidade, a safra 2018 foi aqui lançada como um prêmio ao enorme grupo de brasileiros amantes do tinto da Fundação Eugénio de Almeida (EA).

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Os números impressionam. A safra 2018 do Pêra-Manca rendeu 21 mil garrafas. Desse total, 6 mil unidades, ou quase 30%, terão como destino o Brasil. Na Cartuxa, onde o tinto é produzido, ficarão 3 mil garrafas. E aí vem um dado importante: sete em cada dez visitantes da vinícola são brasileiros. Ou seja, mais 2,1 mil garrafas devem ser trazidas para cá. O lote destinado a Portugal é de 11 mil unidades. Sobram, então, cerca de 2 mil garrafas para serem distribuídas no resto do mundo. Deu para dimensionar o fascínio dos brasileiros pelo tinto produzido no Alentejo?

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Visita à Évora ou à Cartuxa

A presença de brasileiros é constante na Cartuxa. E muitos vão diretamente à vinícola para adquirir sua garrafa. “Nós até, a título de brincadeira, por vezes dizemos que não sabemos se as pessoas vêm a Évora para conhecer a Cartuxa e aproveitam e veem o resto da cidade ou se, já que estão em Évora, vêm conhecer a Cartuxa”, brinca o diretor comercial da Cartuxa, João Teixeira, em declaração para o jornal português Público.

Os raros vinhos de Osvaldo Amado, senhor dos dias, meses e anos

Teixeira faz cálculos e revela os ganhos. “Estamos a projetar um total de faturamento, este ano, à volta dos 27 milhões de euros, com o Brasil a representar 30% do total e o mercado nacional, cerca de 60%”, disse. Em Portugal, um Pêra-Manca custa 350 euros, pouco mais de R$ 2 mil. No Brasil, ele pode ser encontrado por pelo menos o dobro do preço, mas a média de mercado ultrapassa facilmente os R$ 5 mil. É o preço a ser pago por quem é fascinado por esse tinto. Um fascínio enorme, a ponto de intrigar os produtores de outros grandes vinhos portugueses.

O Pêra-Manca

Para usar a definição da vinícola, “Pêra-Manca é a marca que a Fundação Eugénio de Almeida destina aos seus vinhos de exceção”. Segundo historiadores ligados ao mundo do vinho, o tinto trazido por Pedro Álvares Cabral em sua jornada até o Brasil saiu das terras onde é produzido o Pêra-Manca. O tinto é feito com as castas Trincadeira e Aragonez, colhidas de videiras de mais de 30 anos. Passa 18 meses em tonéis de carvalho francês São vinhos de grande longevidade, necessitando de algum tempo para revelar todo o seu potencial.

Quanto: a partir de R$ 5 mil


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André Andrès

Há mais de 10 anos escrevo sobre vinhos. Não sou crítico. Sou um repórter. Além do conteúdo da garrafa, me interessa sua história e as histórias existentes em torno dela. Tento trazer para quem me dá o prazer da sua leitura o prazer encontrado nas taças de brancos, tintos e rosés. E acredite: esse prazer é tão inesgotável quanto o tema tratado neste espaço.

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