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Diagnósticos de autismo crescem no Brasil e desafiam famílias

Entre 2017 e 2021, o número de estudantes com autismo aumentou 280% no Brasil, trazendo desafios para a ciência, famílias e escolas no processo de diagnóstico e acompanhamento

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Famílias enfrentam desafios diários no cuidado de crianças com autismo, mas o amor e a união. Foto: Fernanda Côgo

Famílias enfrentam desafios diários no cuidado de crianças com autismo, mas o amor e a união. Foto: Fernanda Côgo

O aumento expressivo de diagnósticos de Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Brasil preocupa tanto famílias quanto especialistas. De acordo com o último censo escolar, o número de estudantes com autismo matriculados em escolas públicas e particulares cresceu 280% entre 2017 e 2021. O dado evidencia a urgência de entender melhor o transtorno e garantir o acompanhamento adequado para essas crianças.

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Desafios no diagnóstico e sinais de alerta

Polânia Pancine, mãe de um menino diagnosticado com autismo, compartilha sua experiência no processo de descoberta. Seu filho, que está prestes a completar cinco anos, foi diagnosticado com autismo aos 1 ano e 8 meses, o que é considerado precoce. Durante o período da pandemia, com poucas interações sociais e comparação limitada com outras crianças, os primeiros sinais passaram despercebidos. Foi na escola que os comportamentos diferentes começaram a ser notados, como a organização extrema e episódios de estresse.

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O papel das escolas no reconhecimento dos sinais iniciais é fundamental. Com a ajuda da equipe pedagógica, Polânia e seu marido perceberam que o comportamento do filho não era típico para a idade, levando-os a procurar ajuda médica. Em poucos minutos de consulta, veio o diagnóstico: autismo.

O papel da família e dos especialistas

O diagnóstico precoce, embora assustador para muitos pais, é fundamental para garantir um desenvolvimento adequado e maior qualidade de vida para a criança. A fonoaudióloga Wânia Lima explica que, atualmente, o acesso à informação e os avanços científicos facilitam o reconhecimento dos sinais de autismo, o que não acontecia em décadas passadas. Ela lembra que, antigamente, muitos diagnósticos eram genéricos, como “disfunção cerebral mínima”, condição que hoje poderia ser classificada como autismo ou TDAH.

Em entrevista ao Estúdio 360, a fonoaudióloga Wânia Lima destacou que a fala, ou a ausência dela, é um dos principais motivos que levam os pais a buscar ajuda. No caso do filho de Polânia, ele é considerado um autista não verbal, o que aumenta a complexidade do tratamento e o acompanhamento diário. Ele consegue pronunciar palavras isoladas, mas ainda não desenvolveu a habilidade de formar frases ou estabelecer uma conversa. Segundo Polânia, isso cria uma preocupação constante, já que a criança pode passar por situações de desconforto ou perigo sem conseguir comunicar o que está acontecendo.

A importância do acompanhamento multidisciplinar

Para garantir o desenvolvimento adequado de crianças com autismo, é essencial que haja um trabalho conjunto entre família, escola e uma equipe multidisciplinar de profissionais, como neuropsicólogos, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais. Essa tríade é fundamental para atender as diversas necessidades da criança, que variam desde questões motoras até emocionais e cognitivas.

Wânia Lima enfatiza que, além de observar o desenvolvimento da fala, os pais devem estar atentos a outros sinais, como a falta de interação social, dificuldade de manter contato visual e atraso na linguagem. Em entrevista ao Estúdio 360, a especialista reforçou que o diagnóstico e o tratamento adequados podem ser prejudicados pela escassez de profissionais especializados, tanto na rede pública quanto na particular.

Dificuldade de acesso ao tratamento do autismo

Embora o Brasil tenha evoluído no reconhecimento e diagnóstico do autismo, o tratamento ainda é um desafio para muitas famílias. Polânia relata que, após receber o diagnóstico do filho, enfrentou dificuldades para encontrar vagas em clínicas especializadas e para conseguir acompanhamento pelo SUS. A fila de espera para atendimento com um neurologista chega a dois anos em algumas regiões, o que agrava a situação de famílias sem condições de arcar com tratamentos particulares.

A escassez de profissionais e clínicas sobrecarregadas é um obstáculo adicional para pais que buscam um tratamento de qualidade para seus filhos. Mesmo aqueles que possuem condições financeiras enfrentam desafios para encontrar vagas e profissionais disponíveis.

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