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Vigilante reencontra psicólogo que o ajudou a deixar as ruas após 14 anos

Ex-morador de rua reconheceu o profissional que o incentivou a mudar de vida e agradeceu pelo apoio recebido na infância

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Após 14 anos, o vigilante Gabriel Inácio reencontra o psicólogo Pedro Telles, que o ajudou a deixar as ruas na infância

Após 14 anos, o vigilante Gabriel Inácio reencontra o psicólogo Pedro Telles, que o ajudou a deixar as ruas na infância. Foto: Divulgação

A ponte entre passado e presente se formou no saguão de um edifício na Enseada do Suá, em Vitória. O vigilante Gabriel Inácio Viana, 26 anos, reconheceu o psicólogo Pedro Rangel Telles de Sá, do Serviço de Abordagem Social (Seas), como o profissional que, 14 anos atrás, insistiu para que ele deixasse as ruas, abandonasse a mendicância e o trabalho infantil e aceitasse apoio para mudar de vida.

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O reencontro rendeu abraços, conversas e um pedido de desculpas. Gabriel relembrou a persistência do psicólogo e da colega Elizabeth. “Ele não desistiu de mim, nem dos meus irmãos e amigos. Era chato para o nosso bem. Insistia, e isso fez diferença”, disse.

Infância marcada pela rua

Gabriel viveu a infância em situação de vulnerabilidade extrema. Aos sete anos, após perder a casa e ver a mãe ser presa, passou a morar nas ruas com o pai e dois irmãos. O antigo depósito de alimentos de um supermercado em Jardim da Penha virou abrigo e sustento, alternando entre ajuda em feiras e vigilância de carros.

Nesse período, enfrentou violência, como a tentativa de ser queimado vivo por outro morador, e viu amigos morrerem ou se envolverem em crimes. “Ninguém quis ficar com a gente. Eu ia para onde conhecia e podia sobreviver”, contou.

Nova trajetória

A mudança veio com o acolhimento institucional e a rede de assistência. Hoje, Gabriel é casado com Erika Cardoso Martins, tem casa própria pelo programa Minha Casa Feliz e Segura e três filhos. O mais novo, com deficiência motora, motivou ainda mais sua busca por estabilidade.

“Comecei como ASG, depois auxiliar de expedição. Usei o benefício do meu filho para pagar o curso de vigilante. Valeu a pena. Hoje tenho emprego fixo e perspectiva de crescimento”, afirmou.

Impacto das políticas públicas

Para Pedro Telles, o reencontro confirma o valor de um trabalho de longo prazo. “A gente semeia e nem sempre vê o resultado. No caso dele, as orientações viraram ação”, disse.

A gerente de Proteção Social Especial de Média Complexidade, Fabíola Calazans, destacou a importância das ações intersetoriais. Segundo ela, Gabriel passou pelo Seas, Centro Pop, acolhimento, Cras e contou com apoio do Banco de Alimentos até conquistar a casa própria.

A secretária de Assistência Social, Soraya Manato, reforçou, que “nada como políticas públicas que se encontram e se completam em prol de um munícipe”.

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