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Coluna Vitor Vogas

As estratégias de Rose, Magno e Erick nos dias decisivos da campanha

Os programas de despedida dos candidatos no horário eleitoral gratuito deram a ver as apostas de cada um para crescer nesta reta de chegada. São analisados aqui

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Rose de Freitas, Erick Musso e Magno Malta são candidatos ao Senado

Exibidos na noite desta quarta-feira (28), os programas de despedida dos candidatos ao Senado no horário eleitoral gratuito deram a ver as apostas de cada um para crescer nesta reta de chegada, até a votação no domingo (2). Permitiram-nos identificar as estratégias de Rose de Freitas (MDB), Magno Malta (PL) e Erick Musso (Republicanos) – os três que têm chances de vitória – nestes dias decisivos da campanha.

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Erick está apostando tudo no “voto nem-nem”, enquanto Rose privilegiou o diálogo com o eleitorado feminino e Magno decidiu dobrar a aposta, radicalizando ainda mais o discurso.

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Abaixo, analisamos um por um:

Eric Musso: nem-nem

Precisando crescer nestes últimos três dias de campanha para ultrapassar os dois pesos-pesados que lideram as pesquisas de intenção de voto da Rede Gazeta e da Rede Vitória, Erick está apostando tudo na atração do voto “nem-nem”: apresenta-se como alternativa para aqueles eleitores que não querem votar nem em Rose nem em Magno.

Para isso, o presidente da Assembleia Legislativa subiu o tom contra os dois. No início do seu último programa exibido no horário nobre, o locutor alertou: “Reviver o passado ou insistir no erro pode custar muito caro. Chegou a hora de alimentar a fé e a esperança de dias melhores para o Espírito Santo”. “Reviver o passado” direciona-se a Magno; “insistir no erro”, a Rose.

Para não deixar sombra de dúvida quanto a isso, algumas pessoas nas ruas verbalizaram: “Chega de Magno! Chega de Rose! Já deu, né?”

Em seguida, exibiram-se as declarações de apoio de dois aliados de Erick e parceiros dele no Republicanos: o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, e o deputado federal Amaro Neto. “Erick é o novo preparado para o futuro”, disse o segundo.

O próprio Erick assinou o programa com seu slogan: “Chegou a hora do povo no Senado”.

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Cabe destacar também a última inserção de 30 segundos de Erick, exibida nos intervalos comerciais, em que a investida contra Rose e Magno é ainda mais explícita, assim como a estratégia do candidato de se oferecer como um contraponto aos dois:

Diz o locutor: “Do lado de lá, velhas práticas e orçamento secreto no Senado”. Ao fundo, exibem-se matérias jornalísticas sobre a operação na Codesa deflagrada em 2021, que identificou indícios de desvios no órgão para pagamento de despesas da senadora, o que ela sempre rechaçou. “Aqui”, completa a voz em off, “ficha limpa e transparência”.

“Do lado de lá”, prossegue o locutor, “promessas vazias e ódio”. Ao fundo, recortes de matérias jornalísticas sobre denúncias contra Magno e polêmicas protagonizadas por ele. “Aqui, propostas reais e respeito.”

“Do lado de lá”, continua a voz masculina, “a famosa velha política.” Ao fundo, matérias sobre Rose e Magno. “Aqui, renovação, juventude e família.”

Rose de Freitas: ênfase nas mulheres

Ao longo dos 45 dias de campanha, Rose priorizou a exibição do apoio do governador Renato Casagrande (PSB) e de dezenas de prefeitos da Grande Vitória e do interior do Estado. No caso dos prefeitos, a candidata exagerou, ultrapassando mais de uma vez o limite de tempo permitido e ficando impedida de exibir alguns programas, por decisão do TRE, em ações movidas pela coligação de Erick.

Na noite desta quarta-feira, proibida de repetir a exibição do programa com falas de prefeitos, a campanha de Rose deu ênfase às mulheres, visando à captação do voto feminino.

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O programa foi aberto por uma “mulher comum” chamando-a de guerreira. Em seguida, a própria Rose introduziu suas duas suplentes: “A nossa chapa é formada por mais duas mulheres: a Solange Lube, que foi prefeita de Viana e teve dois mandatos de deputada estadual, muito bem avaliada, e a Vera Costa, que foi prefeita de Guaçuí, uma boa administradora, engenheira, muito bem avaliada politicamente”.

A formação de uma chapa com três mulheres foi, desde o início, parte fundamental da estratégia de Rose para atrair o voto das eleitoras capixabas. “Juntas vamos lutar pelo desenvolvimento do Espírito Santo”, disse ela, no derradeiro programa.

Em seguida, entraram em cena as próprias suplentes. “É um orgulho participar como primeira suplente dessa chapa de mulheres, com a nossa senadora Rose de Freitas, que tanto trabalha e nos representa no Senado”, afirmou Solange Lube (MDB). Foi seguida por Vera Costa (PDT), que ressaltou os recursos direcionados por Rose aos municípios capixabas – outra mola-mestra da campanha.

Antes do “Rá-ré-ri-ró-Rose” consagrado na voz de Carlos Papel, a própria senadora encerrou o programa, pedindo um “voto pelo trabalho”.

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Magno Malta: ameaça à “rataiada”

O último programa de Magno foi fiel ao tom ditado por ele mesmo e predominante em sua campanha: nervoso.

Mais do que agressivo, o teor do texto dessa vez foi ameaçador.

Com música de filme de ação ao fundo, Magno surgiu no centro da tela, em frente a algumas pessoas vestindo roupas escuras. Exibiu cara de bravo – assim como o olhar das mulheres atrás dele. E, naquele tom entre irritado e intimidador, desafiou a “rataiada” a trabalhar para que ele não volte ao Senado, deixando uma ameaça direta aos “que se sentem semideuses”:

“Voltando ao Senado, as minhas bandeiras vão continuar: a luta contra as drogas, contra a pedofilia, ideologia de gênero, aborto, defesa da nossa fé, liberdade de expressão. Agora, eu vou dizer: ‘rataiada’, trabalhem muito pra eu não voltar, porque, se eu voltar, os senhores também, que se sentem semideuses, vai ser o tempo ruim o tempo inteiro pros senhores!”

Seguiram-se gritos de “Volta, Magno!”

Como já assinalei aqui, Magno passou a campanha inteira, do primeiro ao último programa, dialogando apenas com o nicho dele – o dos bolsonaristas radicalizados. Pode dar certo, é claro, mas tenho sérias dúvidas de que seja uma estratégia acertada, numa disputa em que só há uma vaga em jogo e ele, portanto, precisa ser o mais votado.

Vitor Vogas

Nascido no Rio de Janeiro e criado no Espírito Santo, Vitor Vogas tem 39 anos. Formado em Comunicação Social pela Ufes (2007), dedicou toda a sua carreira ao jornalismo político e já cobriu várias eleições. Trabalhou na Rede Gazeta de 2008 a 2011 e de 2014 a 2021, como repórter e colunista da editoria de Política do jornal A Gazeta, além de participações como comentarista na rádio CBN Vitória. Desde março de 2022, atua nos veículos da Rede Capixaba: a TV Capixaba, a Rádio BandNews FM e o Portal ES360. E-mail do colunista: [email protected]

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