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Lojas Americanas confirma negociação preliminar para a compra da Marisa

Rede de moda, que enfrenta uma situação difícil há vários anos, já fez rodadas anteriores de negociação – inclusive com a Americanas, sem sucesso; ações da Marisa disparam na Bolsa

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Em nota ao mercado, a Americanas informou que ainda não há formalização de interesse da companhia pela Marisa. Foto: Divulgação/Lojas Americanas

A Americanas S.A. confirmou que seus assessores financeiros mantiveram contato preliminar com os assessores da Lojas Marisa para uma eventual oportunidade de aquisição, mas que neste momento não há qualquer tipo de formalização de interesse por parte da Americanas.

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“A Americanas sempre monitora, no curso normal de seus negócios, inclusive por meio de seus assessores financeiros, potenciais oportunidades no mercado. Nesse contexto, os assessores da Americanas mantiveram contato preliminar com os assessores da Marisa Lojas, sendo que não há qualquer tipo de formalização de interesse por parte da Americanas”, disse a empresa, em nota divulgada nesta sexta-feira, 6.

Ao mesmo tempo, a Lojas Marisa informou que contratou a assessoria da Lazard para avaliar alternativas de otimização de sua estrutura de capital (incluindo sua unidade de negócios Mbank, voltada ao crédito). No entanto, disse que, neste momento, não há qualquer acordo concreto para a realização de uma operação, seja com as Americanas S.A., ou com outro participante de mercado. A varejista também está sendo assessorada pelo Credit Suisse na operação.

As ações ON da Marisa tinham alta de 13,18% às 10h30 e as da Americanas, 1,45%. No mesmo horário, o Ibovespa, principal índice da B3, avançava 0,62%, chegando aos 122.392 pontos.

O fato relevante faz parte de um longo esforço da Lojas Marisa de encontrar um parceiro de negócios para sair do momento de dificuldades em que vive. Já faz alguns anos que a empresa busca alternativas de mercado para uma venda. No passado, segundo apurou o Estadão, a família Goldfarb, controladora do negócio, já manteve conversas com a Renner e a própria Americanas, mas elas não prosperaram.

A aposta, agora, é que dentro do conceito de marketplace – em que as grandes varejistas precisam ter um leque muito maior de produtos para vender -, a Americanas esteja avaliando a Marisa para ampliar seu portfólio. Além disso, seria uma oportunidade, dada à baixa avaliação do negócio na Bolsa e também ao fato de a Marisa estar sendo oferecida por bancos de investimento ao mercado há bastante tempo.

A Lojas Americanas tem demonstrado que pode ser agressiva em sua expansão. Há exatamente um ano levantou em uma oferta de ações na Bolsa brasileira quase R$ 8 bilhões, com o acionista controlador, um veículo de investimento do trio Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, injetando  novos recursos na empresa.

E o primeiro movimento já foi dado neste ano, com a aquisição da Uni.Co, dona das marcas conhecidas nos corredores de shoppings Imaginarium e Puket, ajudando a empresa a reforçar seu portfólio e a ganhar uma nova via de crescimento no formato de franquias.

Tradição na classe C

De acordo com uma fonte de mercado, o último “boom” vivido pela Marisa foi há cerca de dez anos, na época da explosão do consumo da classe C. Nessa época, a companhia empreendeu um forte projeto de expansão e chegou a 400 lojas, inclusive investindo em nichos, como o de lingerie. No entanto, quando a crise veio, a partir de 2014, atingindo em cheio à baixa renda, a companhia começou a sofrer.

Desde então, passou por diversas mudanças, que resultaram na saída da família fundadora da gestão do negócio e, posteriormente, do conselho da companhia. Mesmo assim, o negócio seguiu enfrentando dificuldades. Recentemente, para otimizar o espaço dentro das lojas, fechou parceria como Magazine Luiza para a abertura de quiosques de venda de celulares em suas unidades (cerca de 170 destes já foram abertos).

No primeiro trimestre de 2021, a companhia teve prejuízo de R$ 53,4 milhões, uma queda de 50% em relação ao resultado negativo obtido no mesmo período do ano anterior, que havia sido de R$ 107,1 milhões. Entre janeiro e março, a companhia viu as vendas no varejo caírem 30%. Em 2020, a companhia havia tido um prejuízo de R$ 432 milhões; no ano anterior, antes do início da pandemia, a perda, foi de R$ 91 milhões.