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Empreendedoras capixabas unem forças e conquistam espaço

Com apoio do Sebrae Delas, empreendedoras capixabas formalizam marcas, ganham mercado e fortalecem uma rede de crescimento

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Thaise Lima apresenta seus antepastos artesanais na feira orgânica de Jardim Camburi

Thaise Lima apresenta seus antepastos artesanais na feira orgânica de Jardim Camburi. Foto: Arquivo Pessoal

Quem passa pela feira orgânica de Jardim Camburi, em Vitória, talvez não perceba de imediato, mas ali, entre barracas, duas marcas lideradas por mulheres ganham espaço e consolidam seus negócios com trabalho, estratégia e parceria. É onde Thaise Lima, 36 anos, jornalista de formação, e Ana Paula Freire, 51, junto da sócia Cíntia Ribeiro, 52, dividem não apenas uma tenda, mas também desafios, colaborações e sonhos.

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Thaise é criadora da marca “Antes do Prato“, especializada em antepastos artesanais. Natural do Piauí, ela deixou a carreira na comunicação pública para recomeçar em Vitória, acompanhando o marido em uma transferência de trabalho. Em 2021, decidiu transformar uma tradição familiar em negócio: os antepastos sempre estiveram presentes nas reuniões com amigos e familiares. “Empreender sempre foi meu sonho, mas eu não sabia com o quê”, conta. Começou com a caponata de berinjela e o tomate confit. Hoje, são nove sabores — todos preparados com técnica, afeto e cuidado, utilizando insumos da agricultura familiar e seguindo protocolos rígidos de higiene e separação entre os utensílios domésticos e os da produção.

Sob a mesma barraca, Ana Paula e Cíntia, da NanaTiti Confeitaria Inclusiva, oferecem doces artesanais sem glúten e sem lácteos. A amizade começou em cursos do Senac e se transformou em sociedade. Ambas perceberam, a partir da própria vivência com restrições alimentares, que havia uma lacuna no mercado de confeitaria inclusiva. Lançaram a marca em 2021, com o objetivo de atender públicos com intolerâncias, alergias, diabetes, lipedema, além de veganos e crianças pequenas. “Nosso diferencial é mostrar que comida com restrição também pode ser cheia de sabor”, explica Ana. As receitas são testadas com rigor técnico para substituir ingredientes tradicionais sem comprometer a textura e o paladar — uma resposta direta à ideia de que comida inclusiva é sem graça.

Cíntia Ribeiro e Ana Paula Freire, da NanaTiti Confeitaria Inclusiva, oferecem doces artesanais sem glúten e sem lactose na feira de Jardim Camburi

Cíntia Ribeiro e Ana Paula Freire, da NanaTiti Confeitaria Inclusiva, oferecem doces artesanais sem glúten e sem lactose na feira de Jardim Camburi. Foto: Arquivo Pessoal

Rede de apoio e formalização com o Sebrae Delas

O Sebrae Delas foi o ponto de virada nas duas trajetórias. Criado em 2022 no Espírito Santo, o programa oferece capacitação, mentoria e apoio à formalização para mulheres em diferentes fases do negócio. Foi por meio dele que Thaise se tornou microempreendedora individual, registrou a marca e profissionalizou a rotulagem de seus produtos. Mais recentemente, passou a vender em pontos comerciais além das feiras.

Na NanaTiti, o impacto também foi significativo. A capacitação ajudou a fortalecer a identidade da marca, aprimorar o controle financeiro e qualificar a presença digital. “A capacitação nos ajudou a consolidar a marca e a enxergar o negócio com mais visão de futuro”, afirma Ana Paula. As sócias seguem em constante aprendizado, inclusive por meio de consultorias técnicas oferecidas pelo Sebrae.

Desde o início do programa, mais de 3 mil mulheres foram impactadas diretamente no Espírito Santo. Segundo Suzana Fernandes, gestora do Sebrae Delas no estado, a maioria dessas empreendedoras atua na informalidade e enfrenta desafios como sobrecarga de tarefas domésticas, pouco apoio familiar e dificuldade de acesso ao crédito. O programa busca justamente reduzir essas barreiras com uma atuação que combina escuta, técnica e conexão entre mulheres.

De acordo com dados do IBGE de 2022, mais de 10,3 milhões de mulheres empreendem no Brasil. No Espírito Santo, elas representam cerca de 36% das pessoas à frente de negócios formais. A maior parte atua sozinha, enfrenta dificuldade de acesso a crédito e concilia a gestão da empresa com a responsabilidade pelo cuidado da casa e da família.

Afetos, inclusão e mercado

Para Thaise, empreender com comida é uma forma de compartilhar memórias. Cada pote carrega um pouco da sua história e da sua identidade, e muitos clientes, além de consumirem os produtos, escolhem presenteá-los a pessoas queridas. Na NanaTiti, o cuidado é redobrado: não há contaminação cruzada com glúten ou leite, e os ovos — único ingrediente de origem animal — são usados apenas na linha low carb. Todas as demais linhas seguem critérios rigorosos, inclusive a baby friendly, que utiliza apenas frutas para adoçar.

Mais do que dividir uma barraca, as três empreendedoras dividem aprendizados, estratégias e apoio mútuo. A colaboração entre elas vai além do espaço físico: há troca de ideias, sugestões sobre gestão e divulgação, e uma torcida genuína para que todas cresçam juntas. “A gente compartilha não só a estrutura, mas também visão, escuta e parceria”, resume Thaise. A união reflete o espírito de redes como a promovida pelo Sebrae Delas — onde a conquista de uma fortalece o caminho de muitas.

COMO PARTICIPAR DO SEBRAE DELAS?

O Sebrae Delas é voltado para mulheres à frente de pequenos negócios formalizados. O programa oferece capacitações técnicas e socioemocionais, mentorias coletivas, encontros de networking e acesso a conteúdos sobre mercado, boas práticas e gestão. A ideia é fortalecer negócios com propósito, gerar conexões valiosas e ampliar o impacto do empreendedorismo feminino.

Para participar, é preciso preencher uma autoavaliação online. Após esse passo, a candidata recebe uma devolutiva e pode agendar a Mentoria Delas para Elas, construindo um plano de desenvolvimento focado em seu crescimento pessoal e profissional. O link para inscrição e mais informações está disponível no site.

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