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Trabalho escravo: 30 resgates já foram feitos no Espírito Santo em 2023

O número, em menos de cinco meses deste ano, já representa o total de resgates feitos ao longo de todos os 12 meses de 2022

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Foto: divulgação/MTE-ES

Os recentes casos do resgate de trabalhadores em situação análoga à escravidão acendem um alerta por parte das autoridades. Dados do Ministério Público do Trabalho no Espírito Santo (MPT-ES) mostram que, de janeiro a maio deste ano, o número de denúncias recebidas representa mais da metade de todas as notificações de 2022. Foram 59 casos denunciados até a primeira quinzena de maio, enquanto em todo ano de 2022 foram 104 denúncias. Somente este ano, 30 pessoas foram resgatadas nesta situação.

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Um dos últimos casos aconteceu em Sooretama, norte do estado, onde 13 pessoas viviam e trabalhavam em condições insalubres, em uma propriedade de produção cafeeira. O município, de acordo com o Ministério Público do Trabalho, está entre os que mais concentram resgate de trabalho análogo a escravidão no Espírito Santo.

Desde 2002, foram mais de 900 resgates de trabalhadores em situação análoga a de escravo no estado. Além de Sooretama, fiscais resgataram trabalhadores em Jaguaré, São Mateus, Conceição da Barra e Pedro Canário. As cinco cidades juntas são responsáveis por 556 resgates em dez anos, ou seja, 61% do total das ações de fiscalização em todo o estado.

Muitos chegam nessa situação na expectativa de sair da extrema pobreza e ter uma condição melhor de vida, já que a promessa de trabalho vem junto com a de moradia. O auditor fiscal e superintendente regional do Ministério do Trabalho e Emprego no Espírito Santo (MTE-ES), Alcimar Candeias, explica quais são as situações caracterizadas como trabalho análogo ao de escravo.

“A submissão a trabalhos forçados, jornadas exaustivas de trabalho, sujeição a condições degradantes de trabalho e a restrição de locomoção do trabalhador. O trabalho degradante é aquele exercido, geralmente, em locais insalubres e com jornadas excessivas, sem boa alimentação e ausência do fornecimento de equipamentos de proteção individual. São situações em que o empregador trate o trabalhador com descaso, de maneira vexatória e humilhante”, explica.

Os números do Espírito Santo nos últimos três anos

A ocupação mais frequente é a de trabalhador agropecuário. São 69% dos resgates realizados nesta ocupação, sendo o cultivo de café o setor que mais abriga essa condição degradante de trabalho, com 56% dos casos registrados no Espírito Santo.

Em 2022, foram 104 denúncias recebidas pelo órgão, contra 55 contabilizadas em todo o ano de 2021. Quando analisados os dados de 2023, o número já chega a superar o de 2021 ainda nos cinco primeiros meses do ano, com 59 denúncias.

As denúncias são divididas pelo MPT em três classificações: notícia de fato, quando o procurador recebe a denúncia e inicia a investigação; procedimento preparatório, quando os indícios não são claros e é necessária uma apuração mais longa; e inquérito civil, quando há fortes indícios de direitos desrespeitados.

Segundo o site SmartLab, plataforma pública do MPT que reúne dados sobre trabalho análogo a escravidão, foram 81 trabalhadores nessas condições resgatados em 2021 e, em 2022, foram 30. Este ano já possui o mesmo número de resgates do ano anterior.

Submeter pessoas ao trabalho análogo ao de escravo é crime previsto no Código Penal brasileiro, sob pena de cinco a dez anos de prisão e pagamento de multa. Essas situações podem ser denunciadas diretamente no site do Ministério Público do Trabalho.

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