Dia a dia
“Suprema humilhação”, diz Bolsonaro sobre tornozeleira eletrônica
Com tornozeleira e restrições severas, ex-presidente Bolsonaro critica decisão de Moraes e nega plano de fuga ou pedido de asilo

Jair Bolsonaro fala a imprensa após colocar tornozeleira na Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal. Foto Antônio Cruz/Agência Brasil
Após ter uma tornozeleira eletrônica instalada pela Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal, o ex-presidente Jair Bolsonaro classificou as medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) como uma “suprema humilhação”.
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A declaração foi feita na manhã desta sexta-feira (18), logo após o ex-presidente deixar o local e descer do carro para conversar com jornalistas. Bolsonaro afirmou que nunca considerou sair do Brasil ou buscar asilo em alguma embaixada, apesar de o ministro Alexandre de Moraes ter citado risco de fuga como justificativa para a decisão.
“A suspeita [de fuga] é um exagero. O inquérito do golpe é político, não há nada de concreto ali”, disse.
Recolhimento, tornozeleira e silêncio digital
Pelas determinações do STF, Bolsonaro está proibido de deixar a comarca do Distrito Federal, deve cumprir recolhimento domiciliar entre as 19h e as 6h, além de permanecer em casa durante todo o fim de semana.
O ex-presidente também não pode utilizar redes sociais nem manter contato com outros réus do processo, incluindo o deputado Eduardo Bolsonaro, embaixadores ou diplomatas estrangeiros.
A decisão foi tomada no âmbito da investigação sobre uma tentativa de golpe de Estado, que teria sido liderada por Bolsonaro após o segundo turno das eleições de 2022.
Dinheiro em casa e pen drive apreendido
Durante a entrevista, Bolsonaro também comentou sobre os valores em espécie apreendidos em sua residência, no Jardim Botânico, em Brasília: US$ 14 mil e R$ 8 mil. Segundo ele, o hábito de guardar dólares em casa é antigo e a origem dos valores pode ser comprovada.
Já ao ser questionado sobre um pen drive encontrado no banheiro da casa, o ex-presidente se limitou a dizer: “Não tenho conhecimento.”
“Suprema humilhação” e expectativa por julgamento técnico
Para Bolsonaro, as medidas impostas têm o objetivo de constrangê-lo publicamente. “No meu entender, o objetivo é a suprema humilhação”, declarou. Ainda assim, ele disse esperar que o julgamento ocorra com base em critérios técnicos e não políticos.
As investigações que envolvem o ex-presidente também apuram sua suposta participação na elaboração da chamada “minuta do golpe” e o possível conhecimento de planos radicais, como o que ficou conhecido como Punhal Verde Amarelo, que previa ataques a autoridades dos Três Poderes.
Além disso, Bolsonaro já é investigado por atacar o sistema eleitoral, por tentar interferir em instituições brasileiras e por manter joias recebidas de governos estrangeiros fora do acervo oficial.
