Coluna Inovação
A IA nossa de cada dia, cada vez mais estratégica
Com modelos menores e ferramentas acessíveis, a Inteligência Artificial se descentraliza e abre novas oportunidades para empresas, universidades e governos

A IA nossa de cada dia, cada vez mais estratégica. Foto: Reprodução
A vida é aquilo que acontece enquanto fazemos planos para o futuro, dizia John Lennon. A mesma frase poderia ser dita sobre a IA. Enquanto fazemos planos grandiosos de colocar um supercomputador no LNCC-Laboratório Nacional de Computação Científica, em Petrópolis, no Rio de Janeiro, por conta do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) 2024-2028, algumas cidades, como Uberlândia e Goiânia, deslancham iniciativas promissoras em IA por conta própria e se posicionam bem nessa verdadeira corrida. Esses projetos se baseiam sobre as universidades federais que atuam nessas cidades. Por exemplo, no vestibular para o curso de IA na UFG(Goiás), a nota de corte já é maior do que para o curso de medicina.
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Quando o PBIA foi lançado, em 2024, o grande tema era o desenvolvimento de uma LLM(Large Language Model como o ChatGPT) nacional, em português. O quadro tecnológico se modificou desde lá. Hoje existe espaço para os chamados SLM(Small Language Model), pequenos modelos, que gastam menos tempo e recursos de treinamento e operam com custos menores. Modelos open source oferecidos no mercado facilitam esse desenvolvimento.
As experiências empresariais de implantação de IA estão mostrando que podemos usar vários modelos diferentes lançados no mercado, cada um mais especializado em um tipo de aplicação. Com isso , o custo de tokens(unidade de medida) fica bem menor que usar uma LLM.
Há alguns anos, quando surgiram as primeiras ofertas de processamento em nuvem, muitas empresas reagiram, preocupadas em perder o controle sobre seus dados, sua manutenção, seu backup. Ao longo do tempo, a segurança, facilidade e custo de operação ofertada pelos grandes players do mercado, AWS, Google, Azure etc., fez desaparecer os CPDs e servidores próprios.
O caminho da IA parece ser semelhante. Grandes ofertantes de IA como OpenIA, Google, Meta, Anthropic etc. ocupam o mercado e praticamente inviabilizam desenvolvimentos próprios de modelos de linguagem. A disputa está tão acirrada que técnicos estão recebendo propostas como se fossem grandes astros da NBA.
Onde ficam as oportunidades, então? Ficam no desenvolvimento de aplicações especializadas, por exemplo, uma IA treinada e falando juridiquês ou voltada para informações internas de empresas. Agora, com PCs generativos lançados pela NVIDIA, qualquer pessoa pode ser desenvolvedora. Uma nova onda de ferramentas low-code e no-code, como Langflow(feita em Uberlândia), permite que os entusiastas usem modelos de IA em fluxos de trabalho complexos por meio de interfaces gráficas de usuário simples.
Uma tendência mais recentemente percebida seria a disseminação das ferramentas de IA dentro das empresas e instituições em geral para que todos utilizassem e não apenas uma gerência centralizada. Da mesma forma que todos usam o pacote Office, usariam também a IA no seu dia-a-dia. As experiências de empresas que tentaram fazer isso com LLMs mostraram um custo absurdo e inviável de tokens circulando. Mas tudo muda o tempo todo também no mundo da IA. Plataformas de gerenciamento do processo de uso de SLMs, geração individualizada de agentes e controle de tokens, como a UNIA da Aumo(em Vitória), permite a disseminação do uso, aumentando a produtividade sem comprometer o orçamento. Há espaço para nos desenvolvermos no tema. Não podemos perder mais esse bonde da história.
O importante nesse momento é a certeza que IA não é hype, não é onda passageira, os problemas de alucinações podem ser controlados e o impacto da sua utilização é absurdo. A IA está no mercado corporativo, mas também nos veículos autônomos, nos robôs humanoides, nos drones de guerra ou embutidos em milhões de produtos e serviços. Quando falamos de terras raras, data centers, energias alternativas, taxação de big techs, tarifaços, geopolítica e outros temas atuais, tenhamos certeza que por trás de tudo está, altamente relevante, a disputa pela IA.
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