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Indenização de barragem era desviado para agiotas em Aracruz

A Operação Pyatã foi deflagrada para combater esquemas de agiotagem e extorsão em terras indígenas

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A Operação Pyatã foi deflagrada para combater esquemas de agiotagem e extorsão em terras indígenas. Foto: Divulgação (PF)

A Operação Pyatã foi deflagrada para combater esquemas de agiotagem e extorsão em terras indígenas. Foto: Divulgação (PF)

O Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) deflagraram nesta quinta-feira (25) a Operação Pyatã para combater esquemas de agiotagem e extorsão nas comunidades Tupiniquim e Guarani, em Aracruz, no Espírito Santo. Segundo as investigações, famílias indígenas eram alvo de empréstimos com juros abusivos, cobrados de forma violenta, o que mantinha muitos moradores em situação de endividamento permanente.

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Como funcionava o esquema de agiotagem?

O caso veio à tona após denúncias de que os repasses da Fundação Renova, destinados a reparar os danos do rompimento da Barragem de Fundão (Samarco Mineração), estavam sendo usados para alimentar práticas ilegais. Entre 2019 e 2022, mais de R$ 113 milhões foram transferidos para associações indígenas. Parte desse montante acabou desviada para pagar dívidas contraídas com agiotas, em vez de beneficiar as famílias atingidas.

As apurações apontam que dois grupos atuavam paralelamente na região. O primeiro, liderado por um homem identificado como o principal agiota, contava com o apoio dos filhos e usava contratos simulados de compra e venda ou de prestação de serviços para maquiar a prática de agiotagem. O segundo grupo, chefiado por outro homem, também explorava indígenas por meio de empréstimos ilegais, sempre impondo juros considerados abusivos.

A cobrança das dívidas era feita tanto diretamente quanto por intermediários indígenas para agir como cobradores. De acordo com o MPF, esses agentes usavam ameaças, intimidação e até violência para garantir o pagamento, espalhando medo dentro das comunidades.

Prisões e bloqueio de valores

A operação cumpriu cinco mandados de prisão e 11 de busca e apreensão em Aracruz, Ibiraçu e nas aldeias de Caieiras Velha e Irajá. Entre os presos estão três indígenas. A Justiça Federal determinou ainda o bloqueio de R$ 9,9 milhões em nome dos agiotas e de uma empresa ligada ao esquema, além de cerca de R$ 850 mil de ex-integrantes da Associação Indígena Tupiniquim e Guarani.

O MPF e a Polícia Federal reforçam que vítimas e testemunhas podem denunciar de forma segura e confidencial. A operação recebeu o nome de Pyatã, palavra tupi-guarani que significa “pedra dura, pé firme e coragem”, em referência à resistência das comunidades diante das práticas criminosas.