Dia a dia
Especialistas alertam para mudança de hábitos após covid-19
Para infectologista, já seria um avanço se brasileiros continuassem a lavagem constante de mãos

Para especialistas, é fundamental que os brasileiros continuem lavando as mãos mesmo após a pandemia. Foto: Pixabay
Muito comuns contra a disseminação do novo coronavírus, os hábitos de usar máscaras, lavar as mãos e usar álcool em gel podem perder força após o desaparecimento da pandemia, alertam especialistas. Essa dificuldade de rever velhas práticas, portanto, aumentaria o risco de uma “segunda onda” de casos.
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“A gente não sabe quando tudo isso vai acabar. Quando nos referimos ao fim da pandemia, falamos de uma diminuição de casos, mas o vírus vai continuar circulando”, pontua a infectologista Rubia Miossi.
A especialista enfatiza que não voltaremos a ser como éramos antes enquanto não for desenvolvida uma vacina, inclusive nos hábitos de higiene, que devem seguir o mesmo padrão do aplicado durante o isolamento social.
“Nos próximos anos, vamos ter que continuar evitando aglomerações, lavando mãos e, de preferência, até usando máscara. Mas, é difícil acreditar que isso possa acontecer, especialmente com a calorosidade do brasileiro. Precisamos alertar para o que virá depois”, pontua Rubia.
Para ela, um grupo que pode herdar de vez algumas dessas práticas são as crianças menores de 8 anos. “Como elas possuem mais dificuldade de entender o momento que estamos passando, essa deve ser uma memória mais forte no futuro”, explica.
Dentre as práticas prevenção adotadas durante a pandemia, segundo Rubia, a mais importante de adotar definitivamente para o cotidiano é lavar as mãos. “As pessoas já estão cansadas dessas regras de desinfecção, como higienizar compras e lavar roupas ao chegar em casa. No futuro, será preciso manter pelo menos a lavagem das mãos, que previne de doenças tanto fora quanto dentro de um hospital”, esclarece.
Outras pandemias
Rúbia critica que pensar num mundo “pós-pandemia” resgata duas crises sanitárias que ganharam destaque na história: a Gripe Espanhola, em 1918, e o surto de H1N1, em 2009. Por causa do aparecimento dessas doenças, houve uma mudança de hábitos de higiene que, logo em seguida, foram perdidas com o tempo.
“A Gripe Espanhola matou milhões de pessoas e, até hoje, não é comum vermos alguém usando máscara, cuja atuação era fundamental na época. As coisas se perdem. Na crise do H1N1, todo mundo falava de álcool em gel, e, mais de 10 anos depois, quase ninguém usa. Precisamos adotar certas medidas para o nosso futuro, senão a situação ficará ainda pior”, ressalta a especialista.
