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Dia a dia

Crianças alimentam e dão banho em tartarugas em Vitória

Projeto Biólogo Por Um Dia, proporciona uma experiência que tem como objetivo despertar a consciência ambiental

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Tartaruga do Projeto Tamar

Projeto Tamar. Foto: Patrícia Battestin

Nesta sexta-feira (16) é celebrado o Dia Mundial da Tartaruga Marinha. E você sabia que em Vitória é possível alimentar, pesar e até dar banho em um desses animais? É o “Programa Biólogo Por Um Dia”, do Projeto Tamar. Uma experiência  que tem como objetivo despertar a consciência ambiental, principalmente nas crianças.

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“Quando a gente trabalha com as famílias, com as crianças, a gente confia muito no futuro melhor. E tendo essa relação muito clara da paixão que é trabalhar com a natureza, a gente acredita que como os adultos do futuro, teremos cidadãos mais conscientes e preocupados em cuidar da natureza”, explicou o oceanógrafo do Projeto Tamar, Rafael Kuster.

Pensando nisso, as atividades do programa começam com uma explicação sobre as espécies encontradas no Espírito Santo. Das sete existentes no mundo, cinco espécies são encontradas no Estado. São elas:  Tartaruga-oliva,  Tartaruga-verde, Tartaruga-de-pente, Tartaruga-cabeçuda e Tartaruga-de-couro – também conhecida como Tartaruga Gigante.

Projeto Tamar.

Projeto Tamar. Foto: Patrícia Battestin

Depois da pequena aula, os visitantes seguem para a rotina dos biólogos do projeto. Eles são encaminhados para o tanque onde ficam os filhotes de tartarugas e colocam a mão na massa, ou melhor, na água. “Se é biólogo por um dia eles precisam fazer tudo o que eu faço. Eles vão ter a oportunidade de fazer a biometria dos filhotes, que é a medição e pesagem dos filhotes, para saber se eles estão desenvolvendo. E também irão alimentar os filhotes, que faz parte da minha rotina nos bastidores do Tamar, destacou a bióloga do Projeto Tamar Carolina Silva.

Depois do trabalho com os filhotes é hora de dar atenção às tartarugas adultas. Elas também precisam de banho e cuidados. “Elas acumulam limo no casco, até mesmo por causa da água. Elas ficam no mesmo ambiente onde elas se alimentam, fazem as necessidades. A água é trocada regularmente, mas acaba acumulando. E nós precisamos fazer a limpeza da carapaça delas”,  reforçou a Carolina.

Na visita que acompanhamos, uma tartaruga de pente, espécie em extinção, foi retirada do tanque para que os biólogos interinos pudessem realizar a limpeza do casco do animal. As crianças ficam encantadas. “Eu amei, posso dizer que realizei um sonho. Quero voltar com certeza!”, disse o pequeno Heitor Tristão Duarte, de 8 anos.

Para ser biólogo por um dia basta fazer o agendamento pelo Whatsapp (27) 99925-2279.

ES é o único Estado com desova de cinco espécies

O Espírito Santo se destaca quando o assunto é a reprodução das tartarugas marinhas. É o único Estado que tem a desova das cinco espécies de tartarugas que se reproduzem no Brasil. Além disso, somente nas praias capixabas acontece a desova regular da Tartaruga Gigante. Elas colocam os ovos no litoral de Linhares e São Mateus.

Também é o Estado que possui a principal área de desova da Tartaruga-verde no país, que é a Ilha da Trindade, uma ilha oceânica distante mais de 1.200 km da costa, pertencente à Vitória.

E esses detalhes fazem diferença. Somente na última temporada (de setembro de 2022 à março de 2023) mais de dois milhões de filhotes foram para o mar. 

“Nossa meta é que sempre cresça o número de tartarugas que chegam ao mar. Nessa última temporada o Tamar conseguiu proteger muitos ninhos. A gente sabe que existe uma estimativa conhecida pela ciência de que a cada mil filhote, um ou dois chegam à fase adulta. Com esses dois milhões repovoando os oceanos, a gente espera daqui um tempo, ver essa recuperação acontecendo ano após ano”, disse o Rafael Kuster.

Parceria com os pescadores

O Tamar está sempre em busca de aliados pela preservação. Em Vitória, por exemplo, existe um projeto em parceria com os pescadores da região de Jesus de Nazareth. Os pescadores doam para o Tamar peixes que não possuem valor comercial e assim criam laços, portas abertas e espaço para trocas de experiências.

“A gente gosta de destacar muito essa parceria com os pescadores. A gente gosta sempre de destacar o diálogo em prol em da mudança. Quando a gente olha para a década de 80, onde havia matança de tartarugas, consumo de ovos, consumo de carne, utilização das carapaças para objetos de decoração…Hoje isso mudou”, disse o oceanógrafo.

E segundo Rafael, não são apenas os biólogos e oceanógrafos que ensinam os pescadores. “A gente aprendeu muito com os pescadores no início do Tamar. Nós começamos numa época que não tinha muita informação sobre tartarugas nas universidades, quem tinha essas informações eram os pescadores, as pessoas que vivem da pesca.”

E hoje contam com eles e com toda a sociedade para serem os olhos do Tamar nos quase oito mil quilômetros de costa do Brasil.