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Dia a dia

A história da origem de Vila Velha que ninguém nunca te contou

No aniversário da cidade, você vai conhecer fatos que grande parte dos capixabas desconhecem sobre Vasco Fernandes Coutinho, o primeiro donatário do Estado

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Vasco Fernandes Coutinho. Foto: Reprodução internet

Vasco Fernandes Coutinho. Foto: Reprodução internet

Quando se fala em colonização do Espírito Santo, o primeiro nome que a gente lembra é o de Vasco Fernandes Coutinho. O português foi o primeiro nobre a quem a Coroa portuguesa doou terras no país, as famosas capitanias hereditárias. Você lembra, né? Todo mundo estudou sobre isso no ensino fundamental. Mas há outros capítulos na vida do Vasco Fernandes Coutinho que não são muito falados. E sobre isso que se trata este texto: contar peculiaridades de um homem que, ninguém pode negar, era persistente.

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O navegador era de origem nobre, mas não era rico. Aí fez o quê? Decidiu se aventurar pelos mares atrás de muito dinheiro. Foi para a África e para a Ásia, Provavelmente, esteve na China. Ele ganhou dinheiro durante essa expansão portuguesa? Até ganhou, mas não ficou rico, como pretendia. Quando voltou para Portugal, só deu para comprar um sítio e umas casas.

O rei da época, dom João III, agradecido a Vasco Fernandes Coutinho, concedeu uma espécie de aposentadoria ao navegador. Vasco, então, deu uma parada por um tempo. Chinelão no pé, pastel de Belém de sobremesa, só no descanso. Foi aí que o rei teve a ideia de dividir o Brasil nas capitanias hereditárias. Como eu disse, todo mundo estudou sobre isso, mas para quem esqueceu, vamos lá: foram 15 áreas de terra demarcadas de forma horizontal de Norte a Sul do Brasil. Cada uma foi entregue por dom João a um homem de confiança. O agraciado deveria colonizar e desenvolver economicamente a capitania.

Vasco Fernandes Coutinho ficou sabendo da novidade e deve ter pensado: Opa! Tô meio parado mesmo, não enriqueci na África, nem na Ásia, vou me apresentar para o cargo. “Os ricos de Portugal não se interessaram pelo Brasil”, explica o historiador e professor da Ufes, Estilaque Ferreira, profundo conhecedor da história do Espírito Santo. Era mais uma chance por Vasco enriquecer. Ele logo pensou na possibilidade de extrair ouro e prata, cortar pau-brasil e plantar cana-de-açúcar, que eram as grandes riquezas da época.

Só tinha um pequeno porém: a caravela… Vasco não tinha uma. Pensa daqui, pensa dali, teve uma ideia. Vendeu o que tinha, procurou dom João e fez a proposta: trocar a aposentadoria paga pela Coroa pela caravela Glória – daí veio no nome do bairro em Vila Velha -, que pertencia ao rei. Dom João topou, claro. E lá veio Vasco, com um número, digamos, decepcionante de colonos: 60 gatos pingados. “Ou seja: ele não tinha dinheiro para investir na capitania, nem gente para trabalhar”, explica o historiador.

Aqui cabe um aparte, como explica Ferreira. “Todo mundo pensa que os colonos eram bandidos. Mas temos que entender o que eram foras-da-lei naquela época. Não eram somente ladrões e assassinos. Todo mundo que tinha uma questão com a Justiça se enquadrava na situação. Gente que tinha alguma dívida, por exemplo. E muitos nobres foram condenados ao exílio”.

Mas, lembra, Vasco Fernandes Coutinho era persistente. Tanto que trouxe um especialista em mineração judeu para prospectar ouro e prata. “A primeira coisa que Vasco Fernandes Coutinho fez após se instalar, em maio de 1535, foi ir com o especialista ao Mestre Álvaro atrás de ouro, mas não se tem notícia que algo tenha sido encontrado”, diz Ferreira.

Bom, o pouco dinheiro foi acabando e estava cada vez mais difícil de fazer prosperar uma porção de terra tão grande. (cada capitania tinha cerca de 350 km de largura, dimensões similares às das maiores nações europeias, então Vasco decidiu voltar a Portugal quatro anos depois, em busca de algum sócio que topasse investir em expedições para procurar ouro e prata no interior do Brasil. Mas antes de ir teve uma péssima ideia: deixou no comando da capitania dom Jorge de Meneses. O cara era meio doido, quebrou acordo com os índios Goitacás e invadiu seu território. Foi morto a flechadas. E pensar que tinha dado tanto trabalho para ficar em paz com os índios…

Bom, Vasco Fernandes Coutinho voltou de Portugal em 1540 sem os investidores. E ainda encontrou a capitania quase destruída pela luta com os índios. A historiografia diz que ele morreu em 1561. Mas o professor Estilaque Ferreira acredita que tenha sido dez anos depois, em 1571. “Em minhas pesquisas, encontrei informações que me levam a crer que Vasco Fernandes Coutinho ficou 10 anos sumido, porque estava cego e inutilizado”.

Vasco Fernandes Coutinho não ficou rico. Faltaram recursos materiais e humanos, mas se esforçou muito para fazer o Espírito Santo prosperar. “Tanto que, com exceção de Pernambuco, em nenhum outro estado o donatário é tão lembrado, respeitado e reverenciado”, lembra Ferreira.


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