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Coluna Vitor Vogas

Ricardo Ferraço: “Defesa do SUS é premissa inegociável na Secretaria de Saúde”

Vice-governador eleito confirma que levou a Casagrande a indicação do médico Remegildo Milanez e de outros nomes para o lugar de Nésio Fernandes. Ele defende que próximo governo melhore o diálogo com a classe médica, com a rede privada e com os filantrópicos

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Ricardo Ferraço e Nésio Fernandes

“O SUS é inegociável. O fortalecimento do SUS, da saúde básica, da atenção primária, isso é inegociável”, assevera Ricardo Ferraço (PSDB), com um importante complemento: “Mas isso também não é condição suficiente para você prover uma saúde num nível de complexidade que nós estamos desafiados a prover”.

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Em entrevista exclusiva à coluna, o vice-governador eleito confirma que levou ao governador Renato Casagrande (PSB) a indicação de alguns nomes, entre os quais o do médico Remegildo Gava Milanez, como possíveis substitutos do secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes (PCdoB), a caminho do governo Lula. O próprio Remegildo, em entrevista à coluna publicada no último dia 7, havia revelado a informação sobre a mediação conduzida por Ricardo.

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Na conversa com a coluna, que você pode ler abaixo, mais que uma discussão acerca de nomes, Ricardo revela o perfil defendido por ele para o disputado comando da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa): um perfil que agregue a defesa incondicional do Sistema Único de Saúde (SUS) com uma boa receptividade a parcerias com a rede privada de saúde e com os hospitais filantrópicos. “Você não precisa ser estatal para ser público.”

Na visão do vice-governador eleito, o próximo governo Casagrande – no qual ele será peça-chave – necessita melhorar o diálogo com os representantes dos filantrópicos, do sistema privado (saúde suplementar) e, destacadamente, com a própria classe médica: “Melhorar a relação, por exemplo, com o profissional médico. […] Para fazer saúde pública, você precisa ter uma convivência harmônica com os profissionais da saúde, sejam eles sanitaristas, sejam eles médicos da saúde suplementar, sejam eles dos hospitais filantrópicos”.

Ricardo preconiza uma “relação muito equilibrada e muito eficiente” com essas categorias.

Confira o bate-bola completo com o vice-governador:

Sobre Remegildo Milanez, um dos cotados para ser o próximo secretário estadual da Saúde, no lugar de Nésio Fernandes, o senhor confirma ter feito a indicação?

Confirmo.

Por que essa indicação? Qual é o conceito para além do nome?

O projeto de saúde pública pressupõe algumas premissas. A mais relevante delas é a compreensão, o convencimento e a necessidade de a gente aprofundar cada vez mais os esforços para fortalecer o SUS. O SUS, antes, durante e depois da pandemia, é o que há de mais eficiente, mesmo que precise ser aperfeiçoado. Tem problemas de gestão, tem problemas de subfinanciamento, mas o SUS é o que há de mais eficiente para você prover saúde pública, sobretudo para as pessoas mais frágeis.

Então isso é inegociável, independentemente de nomes?

Isso é absolutamente inegociável. Inegociável, tá certo? Agora, para além de você fazer isso, que não é pouco, nós precisamos de um ambiente bastante equilibrado com quem faz saúde suplementar. Então nós precisamos ter uma relação muito equilibrada e muito eficiente com os hospitais filantrópicos, que cumprem um papel decisivo neste estado: Santas Casas de Misericórdia, hospitais evangélicos na Região Metropolitana e no Sul.  E você tem também empreendedores que estão no setor privado fazendo a média e a alta complexidade e que podem ajudar muito o Estado. Basta identificar o acerto que foi a iniciativa do governador Casagrande no momento mais agudo da pandemia. No lugar de fazer como outros estados fizeram, ou seja, implantar hospitais de campanha, o Governo do Estado comprou leitos desses hospitais, que interromperam as suas cirurgias eletivas para priorizar na pandemia o atendimento das pessoas impactadas pela Covid. Então, você não precisa ser estatal para ser público. Os hospitais filantrópicos, as Santas Casas, são públicos sem serem estatais. Eles são parceiros decisivos. Então, o projeto é este. E o que nós estamos conversando, e conversando muito, é a necessidade de termos um profissional que possa liderar um time – porque é uma secretaria complexa e desafiadora –, mas não há um projeto de secretário A ou secretário B. Há um projeto de Estado liderado pelo governador Casagrande com essas premissas.

O senhor avalia que esse aspecto do relacionamento do governo estadual com a iniciativa privada, com o sistema privado de saúde e com os hospitais filantrópicos é um dos pontos que precisam ser aperfeiçoados na próxima administração?

Eu diria que os governos, como nós nas nossas vidas, vão caminhando e vão vendo a necessidade de aperfeiçoamento. Acho que nós precisamos continuar indo na direção de melhorar a relação, por exemplo, com o profissional médico. Escuta, você faz educação sem professor? Você faz educação sem magistério? Você faz segurança sem policiais militares, sem policiais civis, cada qual no seu quadrado? Não. Então, do mesmo modo, para fazer saúde pública, você precisa ter uma convivência harmônica com os profissionais da saúde, sejam eles sanitaristas, sejam eles médicos da saúde suplementar, sejam eles dos hospitais filantrópicos. Acho que nós precisamos construir uma pactuação e uma relação equilibrada, para todo mundo trabalhar na mesma direção.

Além do Remegildo, o senhor levou algum outro nome ao governador como potencial substituto do Nésio Fernandes à frente da Secretaria da Saúde?

Sim. Nós levamos alguns nomes. Outros nomes estão frequentando a reflexão do governador Renato Casagrande, que por certo, com muita cautela, saberá no fim do dia escolher um secretário que possa ter esse perfil. Qual é o perfil? O SUS é inegociável. O fortalecimento do SUS, da saúde básica, da atenção primária, isso é inegociável. Mas isso também não é condição suficiente para você prover uma saúde num nível de complexidade que nós estamos desafiados a prover.

Vitor Vogas

Nascido no Rio de Janeiro e criado no Espírito Santo, Vitor Vogas tem 39 anos. Formado em Comunicação Social pela Ufes (2007), dedicou toda a sua carreira ao jornalismo político e já cobriu várias eleições. Trabalhou na Rede Gazeta de 2008 a 2011 e de 2014 a 2021, como repórter e colunista da editoria de Política do jornal A Gazeta, além de participações como comentarista na rádio CBN Vitória. Desde março de 2022, atua nos veículos da Rede Capixaba: a TV Capixaba, a Rádio BandNews FM e o Portal ES360. E-mail do colunista: [email protected]

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