Coluna Vitor Vogas
Propaganda de Rigoni na TV supera o tempo de candidatos ao governo e ao Senado
Vídeo do candidato a deputado federal ocupa, sozinho, mais tempo no horário eleitoral que o de quase todos os postulantes a cargos majoritários no Espírito Santo. Veja os detalhes

Frame de propaganda eleitoral de Felipe Rigoni
Em um bem produzido vídeo exibido no horário eleitoral gratuito, o deputado federal Felipe Rigoni, candidato à reeleição pelo União Brasil, narra, em primeira pessoa, a sua história verídica de superação pessoal. Na propaganda em questão, a palavra “superação” também assume um segundo sentido. Com a incrível duração de 1 minuto e 58 segundos, esse programa eleitoral de Rigoni supera, sozinho, o tempo de TV de todos os candidatos do Espírito Santo ao Senado e ao Governo Estadual (à exceção de Rose de Freitas e Renato Casagrande) em cada bloco reservado para a propaganda dessas candidaturas majoritárias.
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Uma propaganda tão longa, para um só candidato a deputado federal, é algo muito, muito raro. Não vou afirmar que seja inédito, mas pessoalmente não me lembro de ter visto nada do gênero antes. No horário eleitoral, candidatos a deputado federal costumam se enfileirar no vídeo, naquele famoso enquadramento fixo. Cada um costuma permanecer de 15 a 30 segundos na tela, no máximo. Nesta eleição não é diferente, o que inclui os demais candidatos a deputado federal do União Brasil. O partido é presidido no Espírito Santo por Rigoni.
A título de comparação, no caso dos candidatos a governador, a cada bloco de 10 minutos no horário eleitoral gratuito (às segundas, quartas e sextas), Manato (PL) tem direito a 1 minuto e 17 segundos; Guerino (PSD), 1 minuto e 05 segundos; Audifax (Rede), 59 segundos; e Aridelmo (Novo), 24 segundos.
No caso dos candidatos a senador, a cada bloco de 5 minutos no horário eleitoral (também às segundas, quartas e sextas), Erick Musso (Republicanos) tem direito a 1 minuto e 25 segundos (sendo 51 segundos só por causa da presença do União Brasil na coligação); Magno Malta (PL), 33 segundos; Gilberto Campos (Psol), 12 segundos; e Nelson Junior (Avante), 10 segundos.
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Exibida na semana passada e na última terça-feira (13), no horário nobre, a propaganda de Rigoni, isoladamente, durou mais que a de Aridelmo e a de Manato somadas, por exemplo. Ou o mesmo que a de Erick e Magno juntas. E só um pouco menos que a de Guerino e Audifax casadas.
É um tempo, enfim, de dar inveja aos concorrentes de Rigoni na disputa por uma das 10 vagas de deputado federal do Espírito Santo e até a candidatos a senador e a governador que jamais puderam (nem poderão) desfrutar de tamanho tempo de exposição no horário eleitoral.
Como é a propaganda
Dirigido por Marcos Júnior, da produtora MJ Filmes, o vídeo de quase 2 minutos de Rigoni tem roteiro criado a partir de um texto autoral do próprio deputado.
Com narração de Rigoni, a propaganda começa com ele contando a história de como ficou cego, ainda na adolescência. Nesse “flashback”, ele é interpretado por um ator mirim. “Aquela”, diz Rigoni, em referência à cegueira, “era uma condição que eu não podia mudar. Isso é um fato. Mas eu podia mudar a minha atitude diante das coisas. E assim eu fiz”, completa, introduzindo a “virada” do roteiro de superação.
Um ator um pouco mais velho interpreta o “jovem Rigoni”, e um casal representa seus pais. “Eu fiz uma escolha e decidi ser feliz. Decidi ir além. Deixei pra trás a segurança que meus pais me davam e acreditei em mim. Na época, eles ficaram muito preocupados, pois eu nunca tinha sido testado realmente, mas mesmo assim eu fui.”
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Daí em diante, cobrindo a narração de Rigoni, exibem-se fotos do hoje deputado em sua formatura em Engenharia, já longe de casa, na Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), na formatura do mestrado em Políticas Públicas que ele cursou na prestigiosa universidade de Oxford, na Inglaterra, e já ocupando a tribuna da Câmara Federal. “Fui eleito o primeiro deputado federal cego da história do Brasil, com um dos mandatos mais bem avaliados e produtivos da história recente do Espírito Santo”, gaba-se o narrador.
“Mais do que nunca, é preciso coragem para fazer diferente”, conclui Rigoni, antes de pedir votos para si.
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