Coluna Vitor Vogas
Mais fogo eleitoral em Vitória: vice-prefeita de Pazolini declara apoio a Casagrande
Capitã Estéfane gravou vídeo com o candidato da situação e justificou decisão: “Foi o governador que mais investiu em segurança pública”. Apoio faz parte da ofensiva da campanha de Casagrande para atrair conservadores

Capitã Estéfane declara apoio a Casagrande
Nesta fase de declarações de apoio para os dois candidatos que disputam o 2º turno para governador, convenhamos, quase todos eram bastante esperados, tanto para um lado como para o outro. Mas este aqui de fato surpreendeu: a vice-prefeita de Vitória, Capitã Estéfane (Patriota), acaba de manifestar apoio à reeleição de Renato Casagrande (PSB) e de pedir votos para o governador, em um vídeo gravado ao lado dele e publicado no Instagram de Casagrande.
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A manifestação da capitã surpreende porque o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), é um notório adversário político de Casagrande – muito embora não tenha feito, pelo menos até o momento, nenhuma declaração oficial de apoio a Manato (PL).
No vídeo, a vice-prefeita, que é capitã da Polícia Militar do Espírito Santo (PMES), justifica a sua decisão com o argumento de que Casagrande foi “o governador que mais investiu na segurança pública”:
“Estamos aqui, governador, para dizer que acreditamos na capacidade do senhor, capacidade de governança, de administração, de diálogo, e na visão sensível que o senhor sempre teve, especialmente com as forças de segurança, mas com todo o estado do Espírito Santo. Dizer que o senhor foi o governador que mais investiu na segurança pública. E eu falo isso com conhecimento de causa, porque estava dentro da Polícia Militar, na ativa, como praça, como oficial, e sei das propostas do senhor. O senhor age dentro da legalidade, o senhor tem propostas exequíveis de desenvolvimento da nossa segurança. E é disso que nós precisamos, governador, nós precisamos de continuidade para que o nosso estado se desenvolva, e não de propostas que não tenham fundamentação legal e capacidade de se verificar na prática.”
A vice-prefeita argumentou que Casagrande “sempre coloca a coletividade acima das questões pessoais e políticas”. E ainda pediu votos para o atual governador:
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“Por isso, venho aqui manifestar o meu apoio à reeleição do senhor como a melhor opção para o estado do Espírito Santo. Agradecer pelo seu empenho, por sempre colocar a coletividade acima das questões pessoais e políticas. Sempre atuou assim no município de Vitória com relação à minha pessoa e com relação às forças de segurança pública. Então dizer do meu apoio e pedir o apoio aqui para o governador Renato Casagrande, votar no 40 no dia 30.”
Estéfane disputou a eleição deste ano como candidata a deputada federal, pelo Patriota. Obteve 10.075 votos. O Patriota compôs a coligação majoritária formada também por Republicanos, União Brasil e PSC. Essa coligação foi liderada por Erick Musso (Republicanos), correligionário e grande aliado de Pazolini, na eleição para o Senado, mas não apoiou nenhum candidato ao Governo do Estado.
Estratégia: a captação do voto conservador
Além de capitã da PMES, Estéfane é uma política evangélica. A conquista da declaração de apoio da vice-prefeita faz parte de uma ofensiva da campanha de Casagrande para atrair (ou reter) os votos de eleitores mais conservadores na pauta moral e religiosa, mais identificados com a direita e com o presidente Jair Bolsonaro (PL).
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São eleitores que podem estar mais propensos a votar em Manato, por atrelamento automático com o atual presidente, já que o candidato do PL é correligionário de Bolsonaro, tem o apoio declarado dele e se apresenta no 2º turno como “o governador do Bolsonaro”.
Essa ofensiva de Casagrande está centrada em dois públicos: eleitores evangélicos e fundamentalmente preocupados com a violência urbana e a criminalidade. Estéfane, ao mesmo tempo, preenche essas duas “casinhas”, pois, além de evangélica, é representante direta das forças de segurança pública do Estado.
Cabe acrescentar que, do ponto de vista da guerra de narrativas, a declaração da vice-prefeita de Vitória também ganha um contorno estratégico por ocorrer dois dias após a Capital ter sido palco de uma série de atos de terror promovidos por facções criminosas após a morte de um traficante em confronto com a PMES, incluindo um ônibus metralhado e outros cinco incendiados somente nas ruas de Vitória.
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