Coluna Vitor Vogas
Bolsonaro pede votos para Magno ao Senado na propaganda eleitoral
Presidente diz que ele e ex-senador têm uma “missão de Deus”. Enquanto isso, Manato começa a colar em Casagrande os escândalos de corrupção do PT

Frame de propaganda de Magno Malta no horário eleitoral
Se alguém ainda tinha alguma dúvida quanto à ligação político-eleitoral de Magno Malta com o presidente Jair Bolsonaro, o ex-senador tratou de dar todas as certezas nesta segunda-feira (29). Logo no segundo dia de veiculação da propaganda de candidatos ao Senado no horário eleitoral gratuito, Bolsonaro em pessoa apareceu ao lado de Magno pedindo votos para o aliado e correligionário no Espírito Santo.
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O programa eleitoral de Magno foi todo dedicado a Bolsonaro, com o objetivo de reforçar a conexão política entre ambos. “Dois homens e uma missão”, introduz uma locutora, na abertura. Logo depois são exibidas imagens do então senador ao lado de Bolsonaro no quarto em que ele ficou internado, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, após ter sofrido uma facada durante ato de campanha à Presidência em Juiz de Fora, no dia 6 de setembro de 2018.
Magno também surge ao lado de Bolsonaro na residência do então deputado federal na Barra da Tijuca (Rio de Janeiro), puxando uma oração e comemorando com ele logo após a confirmação da vitória sobre Fernando Haddad (PT) no 2º turno, em 28 de outubro de 2018.
As imagens são cobertas com a voz de Bolsonaro (em off), falando diretamente ao aliado: “É por isso que eu entendo, Magno, que é uma missão de Deus esse nosso mandato. E, se Ele assim o desejar, estaremos juntos numa continuidade a partir de 2023. Você no Senado e eu na Presidência”. Sobressai, é claro, o viés religioso emprestado ao discurso político.
Em seguida, os dois aparecem lado a lado, e o presidente declara seu apoio e pede votos para Magno: “No Espírito Santo, eu peço seu voto para presidente 22. E, para senador, Magno Malta 222”, diz Bolsonaro ao público, vestindo aquela camisa social toda branca e de meia manga com a qual ele figura nas peças casadas de campanha usadas por muitos dos seus aliados país afora.
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O programa é encerrado com imagens de Magno no alto do trio elétrico com Bolsonaro, durante a Marcha para Jesus, evento evangélico com forte caráter eleitoral realizado na Praça do Papa (Vitória), no último dia 23 de julho.
No Espírito Santo, Magno é quem comanda o Partido Liberal (PL), pelo qual Bolsonaro concorre à reeleição. Em suas redes sociais, a campanha do ex-senador também está bastante “nacionalizada”. A maior parte de suas publicações exalta Bolsonaro e realizações atribuídas ao atual presidente e seu governo, ou, inversamente, contém críticas ao ex-presidente Lula (PT), principal oponente de Bolsonaro.
Manato prega PT em Casagrande
Enquanto isso, a campanha de Carlos Manato (PL) a governador no rádio e na TV não está, até o momento, colada na de Bolsonaro, mas, também sem perda de tempo, já começou a executar a estratégia de colar Lula em Renato Casagrande (PSB). O atual governador não só tem o apoio e a presença do PT em sua coligação como apoia declaradamente o petista para a Presidência.
Como não poderia deixar de ser, a colagem é feita da maneira mais negativa possível, destacando os casos de corrupção que marcaram os governos de Lula e da também petista Dilma Rousseff, em uma inserção de 30 segundos de rádio e TV.
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Na TV, o texto do locutor é o seguinte:
“Essa gente você já conhece. Você se lembra: eles afundaram o Espírito Santo e o Brasil. Agora eles querem voltar. Eles apoiam o atual governador. Foram muitos escândalos e muito dinheiro público desviado, roubado. O seu dinheiro. O nosso dinheiro. A corrupção não pode voltar. Chegou a hora de um governo de gente honesta.”
Na tela, um rosto é dividido ao meio. Um lado é mantido escuro, neutro, sem fisionomia, apenas com a palavra “governador”. Na outra face, alternam-se fotografias de Lula, Dilma e dos ex-ministros José Dirceu e Antonio Palocci. Ambos caíram por conta de escândalos durante os governos do PT (Dirceu ainda no primeiro governo Lula, por causa do mensalão) e foram presos no âmbito da Operação Lava Jato. Palocci tornou-se delator. Atrás do rosto, a estrela vermelha que simboliza o PT.
O objetivo da campanha de Manato é, por evidente, “roubar” de Casagrande votos de eleitores não necessariamente bolsonaristas, mas seguramente antipetistas.
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