Coluna Vitor Vogas
Análise: veja como foi a estreia dos candidatos a governador no rádio
Casagrande vai do “Casão” à Casaca, Manato busca expandir seu eleitorado, Aridelmo assume compromisso, Guerino prega mudança e Audifax enfoca a violência

Casagrande, Manato, Guerino, Audifax e Aridelmo: candidatos a governador do ES
Nesta sexta-feira (26), começou a ser exibida a propaganda dos nossos candidatos a governador no horário eleitoral gratuito de rádio e TV. Na ordem em que foram ao ar (Manato, Casagrande, Guerino, Aridelmo e Audifax), a coluna disseca abaixo a estreia de cada um no rádio, destacando as principais mensagens que as respectivas campanhas buscaram transmitir ao público. Na próxima coluna, analisaremos a estreia na TV.
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Manato (PL): para além da direita
Com 1 minuto e 17 segundos no ar, o programa de Manato apresentou o seu jingle de campanha, com uma pegada meio pop. Na letra, sobressai o esforço da equipe de Manato em expandir o seu eleitorado para além de um nicho específico (a direita bolsonarista).
Além de “homem de fé e coragem”, o candidato é chamado de “governador de toda gente” e de “governador de todo capixaba”. No fim, o locutor convida o ouvinte a visitar o site oficial da campanha, “para conhecer as propostas do governador de todos os capixabas”.
Casagrande (PSB): de “Casão” a Casaca
De longe o maior de todos, com 6 minutos e 14 segundos, o programa inaugural do atual governador lançou cinco pilares de sua propaganda eleitoral:
1) o Espírito Santo está longe do ideal, mas está bem melhor do que estava antes de ele reassumir o governo;
2) Apesar dos “desafios gigantescos” (chuvas de janeiro de 2020 e pandemia), o Espírito Santo voltou a crescer em ritmo superior ao de outros estados;
3) Casagrande é apresentado como um trabalhador incansável;
4) É preciso renovar o seu mandato, pois o seu próximo governo será ainda melhor. Casagrande estaria “cheio de ideias para o futuro”, mensagem reforçada com bordões como “o melhor está por vir”, “o melhor vem por aí” (lançados pelo próprio Casagrande ao anunciar sua pré-candidatura em 11 de julho) e, com direito a um capixabismo, “o Espírito Santo vai pocar”.
5) A confiabilidade de Casagrande e a importância da continuidade para evitar aventuras e riscos de retrocesso, ideias reforçadas por um slogan que combina dois verbos (o primeiro, retirado da bandeira capixaba): “Quem confia não inventa”.
Curiosamente, o programa foi aberto com uma estratégia defensiva, na linha “pode não estar maravilhoso, mas podia estar bem pior sem ele”. Uma moça entra falando:
“A dificuldade também tá lá e a gente tá vendo no dia a dia. E o povo não é besta, cê sabe. Agora, falar que não melhorou… aí não dá. Pode até não estar do jeito que a gente queria, mas é muito mais perto do que antes. […] E, cá pra nós, essa pandemia não foi brincadeira, não. Foi apertado. Pra falar mal, tem um monte. Agora, pra estar do teu lado quando a coisa aperta, esquece. E é aquela história: se eu confio nele, não tem por que inventar.”
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Em seguida, entram os apresentadores (Karen e Cesinha), em diálogo com o governador, a quem chamam familiarmente de Casão – para reforçar a intimidade com o público do rádio.
Ao cumprimentar os ouvintes, Casagrande se dirige a “você que, assim como eu, está cheio de ideias para o futuro”.
Para falar das dificuldades que marcaram o mandato, a apresentadora lhe dá a deixa: “Pra chegar até aqui, nós enfrentamos uma barra”. O governador discorre, então, sobre os “desafios gigantescos”: as chuvas que destruíram municípios e a pandemia do novo coronavírus. E emenda que, “mesmo com chuva, mesmo com pandemia”, o Espírito Santo gerou mais empregos e cresceu mais que outros estados. “Isso para nós é uma demonstração clara de que a gente cumpriu o nosso compromisso de fazer o Estado voltar a crescer.”
Reforçando a imagem de um “governador trabalhador”, a apresentadora diz que “ele arregaça as mangas”. Casagrande replica com uma fala engraçada, apresentando-se como “incansável”:
“Karen, eu tenho um pique de garoto! Tá achando que é fácil me cansar? Canso não. E pra fazer pelo nosso povo, aí é que eu não canso mesmo. Já fizemos muito e vamos fazer muito mais. O futuro está logo ali e nós vamos chegar lá juntos.”
Os apresentadores sublinham os bordões (“Ele vai pocar”, “O melhor está por vir”), e o programa termina com o jingle, um congo interpretado pelo vocalista da banda Casaca, Renato Casanova (que já foi filiado ao PCdoB, partido que apoia Casagrande).
A letra amarra todas as ideias já dissecadas aqui. Casanova também chama Casagrande de “Casão”. Apresenta-o como “homem que gosta de ação”, que “trabalha pra todo lado” (obras e programas) e que, “nos momentos mais duros” [chuvas, pandemia], segurou a nossa mão”. Canta que “o Espírito Santo está pocando”, antecipa que “o melhor vem por aí” e adverte: “Quem confia não inventa”.
Para afastar a ideia de que o governador é um político da velha guarda (61 anos), desgastado (coleciona mandatos desde 1990 e está encerrando o 6º, em cinco cargos eletivos diferentes), Casanova diz de Casagrande que ele é “novo de cabeça” e “novo de coração”.
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Guerino (PSD): “A mudança que queremos”
Com pouco mais de um minuto no ar, o programa do candidato da coligação O Espírito Santo Merece Mais apostou na criação de um personagem coletivo. Uma voz masculina se apresenta ao ouvinte como representação de todo o estado e sua gente: “Sou o povo capixaba. Sou o Espírito Santo”.
O texto é o de um personagem frustrado: apesar de sua “gente batalhadora”, de suas belezas e virtudes, o Espírito Santo não consegue desenvolver plenamente suas potencialidades: “Mesmo com tudo isso, eu tenho certeza que posso ser mais. Não podemos nos contentar com tão pouco e perder mais quatro anos. […] Meu desejo é ser grande”.
A mensagem que se segue é de mudança e esperança. Para isso, Guerino é “convocado” pelo Estado: “Eu te chamo, Guerino, para promover a verdadeira mudança. Conheço a sua capacidade e sei que está pronto. Não temos mais tempo a perder. Agora tem que ser você, Guerino”.
Atendendo ao chamado, surge então o próprio Guerino, que se dispõe para a missão: “Conte comigo, Espírito Santo! Sou Guerino Zanon e estou pronto. Quero te convidar para irmos juntos. Irmos juntos para fazer a mudança que queremos e devolver a esperança para o nosso povo.”
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Aridelmo (Novo): erradicar a miséria
Com apenas 24 segundos no ar, Aridelmo não tem tempo a perder e já assume um primeiro compromisso. O locutor apresenta o problema da insegurança alimentar: “Hoje 1,6 milhão de capixabas não sabem se terão comida na mesa para a família. Nós temos uma chance de erradicar a extrema pobreza no Espírito Santo”.
Então, surge a candidata a vice do Novo, a jornalista Camila Domingues, dando nome a essa “chance” e a deixa para “Aridelmo, 30”, que entra em cena apresentando a proposta:
“Vamos garantir vagas em creche de tempo integral e alimentar todas as crianças do estado.”
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Audifax (Rede): “Dá pra fazer melhor!”
Com 59 segundos, o programa de Audifax enfoca de imediato o principal ponto da sua plataforma: segurança pública. Com um som de sirene policial ao fundo e em tom alarmista, o locutor dá os dados e introduz a solução:
“Atenção, Espírito Santo: três pessoas morrem por dia no Estado. A violência está fora de controle. Se você tem apreço à vida, se você quer viver sem medo, seu candidato é Audifax governador.”
O candidato, então, apresenta as próprias credenciais, dentro do que o tempo lhe permite. Destaca sua formação como administrador e economista, bem como sua experiência administrativa como prefeito da Serra por 12 anos. “Garanto a você: dá pra fazer melhor! Vem comigo!”
No fim, o seu jingle (um forró).
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