Coluna André Andrès
Afinal, qual a origem do “sommelier”?
Nas últimas semanas, o país foi tomado por “sommeliers de vacina”, pessoas ansiosas por escolher qual imunizante vão tomar, como um grande entendedor de vinhos, com formação especializada, faz diante de rótulos de tintos e brancos. Há discussões sobre se esse comportamento está correto ou não. Mas isso é para uma coluna médica. Aqui, o tema é outro: afinal, como surgiu o sommelier e qual sua função?
Bem, a palavra francesa sommelier (pronuncia-se “someliê”) surgiu por volta do século XIII. Era, inicialmente, o responsável por cuidar dos animais, carroças e carruagens dos senhores e nobres da época. Com o tempo, ele passou a acumular funções e tornou-se responsável também pelo carregamento das comitivas, a soma (“somme”, em francês) de alimentos e bebidas.
> Quer receber as principais notícias do ES360 no WhatsApp? Clique aqui e entre na nossa comunidade!
Não era algo simples. Além da combinação básica de pratos e bebidas (muito longe, obviamente, do requinte das harmonizações modernas), o sommelier tinha uma função literalmente vital: era quem, por exemplo, provava os vinhos antes de eles serem servidos aos nobres. Era para conferir sua qualidade, mas também para constatar se eles tinham sido envenenadas ou não. A função tornou o ocupante do cargo naturalmente muito próximo dos donos do poder. E sommelier tornou-se um título: havia quem pagasse para ficar próximo dos senhores e nobres.
O tempo passou, os nobres se foram, e a profissão encontrou seu próprio rumo, tendo como base a escolha das harmonizações de pratos e bebidas. Existem sommeliers de cerveja, de charutos, de cafés (os conhecidos baristas). No entanto, a expressão está mesmo ligada a quem é encarregado, nos restaurantes, de sugerir e servir os vinhos.
A eles ainda cabe o gesto histórico de provar tintos e brancos logo após abrir a garrafa. Há quem, nos restaurantes, estranhe e reclame: “Opa! Está tomando meu vinho antes de mim!”. Sim, está. O sommelier não faz isso com a intenção de lhe roubar um pouco da garrafa ou por receio de ela estar envenenado. Mas para verificar se o vinho está na qualidade desejada e temperatura adequada.
Um sommelier só pode ostentar esse título se passar por algum curso. Muitos deles são bem exigentes, como mostra o excelente documentário “Somm”, até pouco tempo disponível no Netflix. E não o chame de enólogo e muito menos de enófilo. Eles podem ficar ofendidos. Como? Qual a diferença entre sommelier, enófilo e enólogo? Bom, vamos tratar disso em um outro dia. Porque o sommelier do restaurante, onde estou, acaba de chegar para me ajudar a escolher um vinho, uma função nobre e, como se viu, histórica…
Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do ES360.
