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Coluna André Andrès

A volta do Palmira, vinho de bom preço e ótimas lembranças

Vinho produzido pela Casa Donoso, uma das mais respeitadas do Chile, volta a frequentar as prateleiras e traz boas recordações

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Há alguns anos, havia em Vitória, mais precisamente na Mata da Praia, uma adega totalmente fora dos padrões do mundo do vinho. Sem as sofisticações e as afetações comuns (e desnecessárias) normalmente encontradas nesses espaços. Provávamos os vinhos em mesas e cadeiras espalhadas pela calçada. Às vezes, era necessário correr com as taças e garrafas para debaixo da marquise por conta de uma chuva repentina. Dentro da adega só havia espaço para uma mesa. Sim, só uma. Só cabiam duas pessoas, mas em torno dela se juntavam bem mais. Para acompanhar os brancos e tintos, contávamos com as empanadas e carnes do La Dolina. O restaurante argentino iniciava sua rota de sucesso em seu primeiro espaço, ainda bastante modesto, mas tocado com bravura por Ivan di Cesare e Emilio Farfan. A combinação da Zanatta Wine Store com o La Dolina foi perfeita enquanto durou. A vida acaba separando alguns caminhos, embora eles continuem sendo trilhados a seu modo…

Nas mesas da Zanatta Wine uma estrela brilhava: o Palmira, tinto de excelente custo-benefício. Não era por falta de opção. Elas existiam e em grande número. Muitas vezes, os rótulos eram apresentados pelos enólogos ou mesmo os donos de vinícolas de outros países. Lá, por exemplo, conversei longamente com Julian Reynolds, da grande casa portuguesa Glória Reynolds. Encontrei com o amigo Duarte Leal da Costa, da Ervideira. Conheci a história de drama e sucesso da família Maturana, contada pelos irmãos José Ignacio e Sebástian, grandes produtores e conhecedores do vinho chileno.

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A lista, enfim, é enorme. E os produtos dessas vinícolas todas tinham espaço, faziam sucesso. No entanto, o Palmira brilhava.

Por quê?

Porque o vinho soma uma série de fatores importantes. O primeiro deles é o preço. O Palmira sempre entregou uma qualidade superior ao valor por ele cobrado. O segundo ponto é o fato de ele não ser um vinho pretensioso. Naquele ambiente, as degustações exageradamente elaboradas aconteciam, embora fossem menos comuns. O normal mesmo era abrirmos um vinho para acompanhar as conversas, harmonizar com as empanadas, festejar a camaradagem. Por fim, o Palmira é uma linha de vinhos produzida pela Casa Donoso, uma das mais respeitadas do Chile. E tem mais um ponto: o grande Zantta, dono da adega, indicava o vinho para toda e qualquer ocasião. Dia das Mães? Palmira. Dia dos Pais? Palmira. Natal? Palmira. E todos saíam satisfeitos…

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Com o fechamento da Zanatta Wine, tempos atrás, o vinho sumiu das prateleiras. Pois agora ele volta a ocupar o seu espaço, trazido pela Vinsel, importadora de Vitória com site de vendas e loja física em Jardim da Penha. E o Palmira de maneira gloriosa, porque a linha está completa. Em outros tempos, só era possível provar a linha básica. A Vinsel trouxe os rótulos Reserva, Reserva Especial e Gran Reserva. No caso dos tintos, por exemplo, é possível escolher entre Carménère, Merlot, Cabernet Sauvignon e Malbec. Se antes os brancos eram raros, agora o painel está completo, com Chardonnay e Sauvignon Blanc também nos três níveis.

A promessa continua sendo entregar um produto com qualidade superior ao preço. De qualquer forma, para quem viveu os bons momentos da Zannata Wine e dos passos iniciais do La Dolina, o retorno do Palmira já trouxe ótimas recordações. E só isso já vale a pena. Engana-se quem vê o vinho apenas como bebida. Vinho é vida engarrafada…

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Imagem mostra a garrafa de um vinho tinto, com rótulo branco, onde se lê Palmira.

Palmira Reserva Cabernet Sauvignon – Trata-se do vinho responsável pelo sucesso do Palmira em Vitória. A proporção adotada no caso do Carménère se inverte aqui, ou seja, o tinto é produzido com 85% de Cabernet Sauvignon e 15% Carménère. Assim como no caso anterior, 40% do vinho também passa oito meses em barricas de carvalho. Abra uma garrafa e beba um pouco de história.
Quanto? R$ 77,90

Imagem mostra a garrafa de um vinho tinto, com rótulo branco, onde se lê Palmira.

Palmira Reserva Carménère – No Chile e em alguns outros países produtores, o vinho pode ser apresentado como sendo de uma determinada uva mesmo se esta casta tiver sido mesclada com outra. A questão é saber se uma uva tem grande predominância na produção final do vinho. Esse rótulo é um bom exemplo disso. O tinto é feito com 85% de Carménère e 15% de Cabernet Sauvignon. Mesmo assim, é apresentado como “Reserva Carménère”. Parte do mosto, 40%, passa oito meses em barricas de carvalho.
Quanto? R$ 77,90

Imagem mostra a garrafa de um vinho branco, com rótulo branco, onde se lê Palmira.

Palmira Reserva Chardonnay – Os vinhos chilenos produzidos com a Chardonnay têm um certo padrão, relacionado ao amadurecimento em barricas de carvalho. É uma busca para tornar o branco mais amanteigado. Neste caso, 70% do vinho passa um período de 8 a 12 meses em barricas de carvalho americano e francês. Mais uma opção para o nosso verão.
Quanto? R$ 77,90

Imagem mostra a garrafa de um vinho branco, com rótulo preto e branco, onde se lê Palmira Reserva Especial.

Palmira Reserva Especial Sauvignon Blanc – O vinho está em oferta. Normalmente, ele custaria R$ 91, mas no site está sendo vendido por menos. O nome oficial da linha é The Secrets of Palmira. Faz referência a segredos da região de Palmira, localizada no Vale do Maule, onde o vinho é produzido. Parte desse Sauvignon Blanc (30%) passa oito meses em barricas de carvalho. Altamente indicado para esse período quente pelo qual passamos.
Quanto? R$ 91,90

O vinho Palmira Reserva Carmenere Blanc. Foto: Divulgação

Palmira Reserva Especial Carménère – Na linha Reserva Especial, a Carménère não recebe nenhuma companhia. A uva “ressuscitada” no Chile (ela havia sido dizimada na França no final do século XIX e foi redescoberta, quase por acidente, em 1994, na vinícola Carmen) brilha sozinha nesse rótulo. Parte do tinto, 30%, passa oito meses em barricas de carvalho frances e americano.
Quanto? R$ 91,90

O vinho Palmira Reserva Merlot. Foto: Divulgação

Palmira Reserva Especial Merlot – A Merlot é uma uva francesa com excelente adaptação na América do Sul. Para muitos, inclusive, deveria ser a casta tinta mais trabalhada no Brasil, onde também rende ótimos vinhos. Assim como acontece com a Carménère, o tinto feito com Merlot passa oito meses amadurecendo em barricas.
Quanto? R$ 91,90

Imagem mostra a garrafa de um vinho branco, com rótulo branco com gravura em preto e cinza, onde se lê Palmira Gran Reserva Sauvignon Blanc.

Palmira Gran Reserva Sauvignon Blanc – Normalmente, os vinhos feitos com Sauvignon Blanc na América do Sul não passam por madeira. Exibem muita fruta e também uma acidez acentuada. Mas em outras regiões produtoras, o vinho passa por barricas de carvalho, arredondando o paladar, dando outras notas aromáticas para o vinho. Este é o caso do Gran Reserva. Uma boa porcentagem, 60%, passa de 10 a 12 meses em barricas de carvalho americano e francês. Enfim, um vinho branco incomum quando se trata de América do Sul.
Quanto? R$ 98,90

Imagem mostra a garrafa de um vinho branco, com rótulo branco com gravura em preto e cinza, onde se lê Palmira Gran Reserva Malbec.

Palmira Gran Reserva Malbec – Há quem ainda se confunda com a Malbec. Para muitas pessoas, ela é uma casta argentina. Na realidade, é uma uva surgida na região de Cahors, na França. A confusão certamente surgiu do fato de a Malbec ser a base de ótimos vinhos na Argentina. O Chile anda arriscando produzir vinhos feitos com Malbec. E tem alcançado ótimo resultado, como é o caso desse tinto, com 60% do vinho tendo passado por barrica. Potente e estruturado, o tinto tem muita vida pela frente.
Quanto? R$ 132,90


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André Andrès

Há mais de 10 anos escrevo sobre vinhos. Não sou crítico. Sou um repórter. Além do conteúdo da garrafa, me interessa sua história e as histórias existentes em torno dela. Tento trazer para quem me dá o prazer da sua leitura o prazer encontrado nas taças de brancos, tintos e rosés. E acredite: esse prazer é tão inesgotável quanto o tema tratado neste espaço.

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do ES360.