Coluna Inovação
A liberdade do empreendedorismo avulso
O avanço das plataformas digitais amplia o empreendedorismo no Brasil, transformando a relação entre trabalho, renda e liberdade profissional

Plataformas digitais impulsionam o empreendedorismo e conectam prestadores de serviço a milhares de clientes. Foto: Freepik
Qualquer empreendedor sabe, ou aprende apanhando, que a busca por clientes é uma das mais importantes, senão a mais importante, tarefa de qualquer negócio. Sempre tivemos profissionais que prestavam serviços com base em um limitado círculo de relacionamentos, por indicação de clientes antigos ou anúncios em jornais. Motoristas particulares, proprietários de imóveis inteiros ou quartos para locação, designers, redatores, marceneiros, programadores, tradutores e toda sorte de serviços. Frente a dificuldade de acessar clientes e manter uma renda estável, sempre foi mais confortável procurar um emprego fixo com carteira assinada.
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De repente, as facilidades da internet despertaram a oportunidade de oferecer, aos prestadores de serviço, acesso organizado aos clientes. Resolvem de um lado a dor de clientes com uma oferta mais diversificada e acessível e, de outro, o acesso dos prestadores de serviços aos clientes.
Mas não só aos prestadores de serviço tradicionais. Novos serviços como influencers, youtubers, vendedores de live commerce ou especialistas em qualquer assunto usando fórmulas de lançamento, se aventuram para gerar renda, mesmo sem plataformas especializadas, expondo suas competências para milhares, senão milhões de usuários em potencial. Dessa forma aparecem também novos humoristas, novos músicos e novos comunicadores.
E as plataformas não favorecem apenas os serviços. A oportunidade se oferece também para quem tem produtos para vender. Os grandes marketplaces como Amazon, Mercado Livre, Magalu e outros abrem espaço para vendedores avulsos de qualquer produto. A comissão que cobram é pesada, mas fazem a logística toda, oferecendo acesso, embrulhando e colocando na porta do cliente. Muita gente vive disso hoje. Se você tem clientes chegando, não precisa nem montar sua máquina de vendas gerando leads no seu marketing digital. Deixa isso para uma fase maior de crescimento.
Você pode escolher seu horário de trabalho, dependendo do tipo de serviço ou produto não precisa sair da sua cidade do interior, pode fugir de engarrafamentos e transporte público, pode conciliar vida pessoal e profissional e não tem que aturar chefe. Isso não tem preço para muita gente. Mas, tem que se preocupar em guardar reserva para aposentadoria, manter plano de saúde e se organizar para substituir licenças maternidade ou auxílio doença.
Esse é o quadro atual no país, com falta de trabalhadores CLT, alguns na informalidade certamente com receio de perder o acesso aos programas de transferência de renda do governo, mas muitos se colocando para prestar serviços com Uber, Airbnb, Getninjas ou direto nas plataformas genéricas, Youtube e WhatsApp ou vendendo produtos nos grandes marketplaces. A gig economy, ou economia de bico, se espalhou.
Qual a solução para as empresas que precisam contratar e não encontram pessoas disponíveis? Tecnologia, inovação, produtividade. Inteligência artificial, Internet das coisas, visão computacional, blockchain, realidade virtual e aumentada, robótica, software, automação. Se havia a preocupação das máquinas tirando os empregos das pessoas, parece que isso diminui com o empreendedorismo avulso. Agora a solução é mais tecnologia. Até que os drones substituam a entrega de comida, os veículos autônomos eliminem o motorista, robôs humanoides sejam hábeis nos trabalhos manuais e os avatares de IA nos superem em atividades criativas . Aí já será outra história.
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