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Coluna Inovação

A ficção não consegue mais acompanhar a realidade

Com a profecia de Gordon Moore ainda vigente após 60 anos, a Cibersegurança e Futuro Tecnológico enfrentam dilemas éticos e operacionais

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Cibersegurança e Futuro Tecnológico. Foto: Freepik

Cibersegurança e Futuro Tecnológico. Foto: Freepik

O filme de 1951 com o título “O dia em que a Terra parou”, depois refilmado em 2008, conta a história da chegada de um extraterrestre a Washington, onde tenta alertar os líderes da Terra sobre os perigos de uma guerra nuclear que estaria preocupando os outros planetas. Mal compreendido, ele tenta conversar com cientistas. Para que tenha crédito, decide dar à humanidade uma demonstração de força — no dia seguinte, todos os aparelhos elétricos da Terra param de funcionar ao mesmo tempo.

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Hoje não precisaríamos de um extraterrestre para esse serviço. Basta algum hacker invadir os computadores das empresas de eletricidade para esse efeito. Há inúmeras vulnerabilidades possíveis em um software complexo, o que leva as empresas a viverem uma permanente corrida de gato e rato com hackers amadores ou profissionais de todas as partes do mundo. A área de cibersegurança é uma das mais promissoras para negócios e empregos.

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Imaginem quando os automóveis autônomos estiverem disseminados, e depois aviões e todos os serviços, indústrias e negócios estiverem em nuvem, numa imensa rede, comandados por robôs humanoides e computadores quânticos dotados de inteligência artificial. Será que nossos automóveis poderão ser sequestrados por hackers? Os robôs obedecerão às leis da robótica de Asimov ou assumirão o controle?

Mais de 600 cabos submarinos ativos ou planejados cruzam os oceanos do mundo, percorrendo mais de 1,4 milhão de quilômetros no total. Essas redes transportam a grande maioria do tráfego da Internet. Para citar um exemplo, a Europa está conectada aos Estados Unidos por cerca de 17 cabos, a maioria via Reino Unido e França. Mais de 100 cabos são danificados todos os anos em todo o mundo, muitas vezes por arrastões errantes e navios que arrastam suas âncoras. Agora se anuncia o corte de cabos como instrumento de guerra.

Aliás, as guerras não são e não serão mais como as de antigamente. Drones de todos os portes são as armas preferidas, mas soldados robôs também estão no prelo e a espionagem eletrônica com inteligência artificial completa um novo quadro de guerras onde a ameaça nuclear criou um impasse na impossibilidade de utilização onde não sobraria ninguém.

No conto “Resposta” de 1954, de Fredric Brown, autor norte-americano de ficção, cientistas conectam todos os computadores da totalidade dos planetas habitados do universo a um supercomputador capaz de combinar o conhecimento integral de todas as galáxias. Em seguida, um cientista formula ao computador uma pergunta que nenhuma máquina tinha sido capaz de responder até então: Deus existe? Ao que o computador responde sem hesitação: Sim, agora existe. Apavorado, o cientista tenta desligar a chave, mas é fulminado por um raio caído de um céu sem nuvens.

Neste ano de 2025 a profecia de Gordon Moore completa 60 anos. Como ele previu na sua famosa lei, a capacidade dos chips duplicou a cada dois anos e tornou a realidade muito mais rápida do que a ficção foi capaz de imaginar. Oremos.

Evandro Milet

Evandro Milet é consultor, palestrante e articulista sobre tendências e estratégias para negócios inovadores. Possui Mestrado em Informática(PUC/RJ) e MBA em Administração(FGV/RJ). É Conselheiro de Administração pelo IBGC, Membro da Academia Brasileira da Qualidade-ABQ, Membro do Conselho de Curadores do Ibef/ES e membro do Conselho de Política Industrial e Inovação da Findes. Foi Presidente da Dataprev, Diretor da Finep e do Sebrae/ES, Conselheiro do Serpro e Banestes. Tem extensa atuação como empresário, executivo e consultor em inovação, estratégia, gestão e qualidade, além de investidor e mentor de startups, principalmente deeptechs. Tem participação em programas de rádio e TV sobre inovação. É atualmente Presidente do Cdmec-Centro Capixaba de Desenvolvimento Metal-Mecânico.

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