Coluna Vitor Vogas
With a little help from PP, Edu Henning ganha força para Cultura em Vitória
Análise de hoje vem ao som dos Beatles. Na playlist: “Help!”, “Eight days a week”, “Hello, goodbye”, “Get back”, “We can work it out”, “Yesterday” etc.

Josias da Vitória, Edu Henning e Pazolini
With a little help from [his] friends, isto é, com uma pequena ajuda dos amigos dele, o prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) está prestes a nomear o novo secretário de Cultura de Vitória, no lugar de Luciano Gagno, exonerado do cargo no último dia 1º. Segundo fontes ligadas a Pazolini e até ao Palácio Anchieta, a escolha teria sido selada numa reunião ocorrida na última quinta-feira (10), no Aeroporto de Vitória, entre o prefeito e os dois deputados federais do Progressistas (PP), Evair de Melo e Josias da Vitória – este, presidente estadual do PP.
> Quer receber as principais notícias do ES360 no WhatsApp? Clique aqui e entre na nossa comunidade!
E este texto vem assim, ao som dos Beatles, porque o nome escolhido é o do jornalista, músico e produtor musical Edu Henning, membro do Clube Big Beatles, tradicional banda cover do quarteto de Liverpool.
A informação não é oficial e não é confirmada pelo próprio Edu, por isso não pode ser dada como definitiva. Obviamente o anúncio oficial depende do aceite do próprio escolhido. Mas, no que depender dos envolvidos na nomeação (o prefeito, sua equipe e os líderes estaduais do PP), o cargo será mesmo de Edu. Só depende do sim do jornalista – ou do seu yeah, yeah, yeah! –, o qual inclusive já pode ter sido dado.
Segundo minha apuração, a intenção de Pazolini é anunciar Edu no início da próxima semana, sem estardalhaço, por meio de nota à imprensa.
Help! / I need somebody / Help! / Not just anybody
Pazolini pediu a ajuda do PP para substituir o secretário de Cultura. Precisava de alguém (I need somebody), mas não poderia ser qualquer um (Not just anybody).
Edu Henning não tem filiação nem militância partidária. É considerado um técnico, um nome experiente do universo cultural, musical e jornalístico capixaba, com bom trânsito nesses meios. Desde antes da exoneração de Gagno, o nome e até o currículo dele passaram a circular entre líderes locais do PP como alternativa a ser levada a Pazolini. Tanto o nome como o currículo agradaram desde o início aos envolvidos na indicação.
Já no dia 1º de agosto, mesma data da exoneração de Gagno, quando o nome de Edu começou a ser ventilado aqui e ali, cheguei a ligar para o próprio e lhe perguntar sobre a possibilidade de assumir a Cultura em Vitória. Àquela altura, Edu desmentiu a especulação, dizendo-se pego de surpresa com minhas informações: “Não procede”.
Desde então, as conversas de bastidores evoluíram, assim como a vontade dos líderes políticos envolvidos em contar com Edu no secretariado. O convite foi levado a ele, que, segundo uma fonte do PP, sentiu-se grato e honrado.
As fontes da coluna divergem quanto à ordem dos fatores e à autoria da indicação. Há quem diga que esta partiu mesmo do PP, ou seja, o partido foi quem levou o nome para a aprovação de Pazolini. Mas há também quem afirme que o nome na realidade foi escolhido pelo próprio prefeito e tão somente “validado” pelo PP. O particípio do verbo “validar” foi usado por mais de uma fonte.
De todo modo, a exoneração de Luciano Gagno, com a abertura de espaço para o PP indicar o novo secretário, é um movimento forte do grupo político de Pazolini visando atrair o partido de Da Vitória e Evair de Melo para a administração municipal e com isso, num segundo momento, para a coligação de Pazolini rumo à reeleição daqui a um ano.
Ao menos é essa a expectativa do grupo do prefeito, cujo principal articulador de bastidores é o presidente estadual do Republicanos, Erick Musso.

Da Vitória, Evair e Pazolini se reúnem no Aeroporto de Vitória (10/08/2023). Crédito: Reprodução Instagram de Evair de Melo
Eight days a week
Sem aparecer, Erick Musso está trabalhando oito dias por semana para atrair partidos aliados para Pazolini e consolidar a parceria política do PP com o Republicanos em Vitória. Corre contra o tempo e contra o Palácio Anchieta, a quem não interessa nada ver a concretização da eventual aliança.
You say goodbye and I say hello
No entorno político de Pazolini, a expectativa é no sentido de que o PP de fato se desloque do grupo de Casagrande em direção ao do prefeito de Vitória, despedindo-se do Palácio Anchieta (goodbye) para se juntar ao projeto eleitoral de Pazolini (hello).
You say yes… I say no
Por outro lado, ninguém no PP confirma, pelo menos até o momento, que a indicação (ou “validação”) de um novo integrante no secretariado de Pazolini vai necessariamente se desdobrar em fechamento de aliança e apoio eleitoral em Vitória. É claro que é isso o que o grupo de Pazolini deseja. Mas há, na trincheira adversária, gente muito poderosa desejando o contrário – com o PP no meio do fogo cruzado (voluntariamente, vale dizer).
No Palácio Anchieta e entre aliados em geral do governo Casagrande, não falta quem esteja “secando” essa aproximação. No entendimento de casagrandistas, o ingresso do PP no secretariado de Pazolini, aliás de um quadro não filiado e apenas “validado” pela sigla, não muda em nada as articulações rumo a 2024.
Dito de outro modo: mesmo que um nome chancelado pelo PP passe a fazer parte do secretariado do prefeito de Vitória, nada impede que o PP continue dialogando e discutindo o processo eleitoral com forças reunidas em torno da liderança de Casagrande; de igual forma, nada impede que, no momento das definições, o PP acabe optando por subir no palanque de um candidato a prefeito pertencente à coalização de Casagrande. Luiz Paulo (PSDB) e, agora, Tyago Hoffmann (PSB) despontam como pré-candidatos “apoiáveis” pelo PP.
Até porque, se agora passa a colocar um pé no governo Pazolini em Vitória, é bom lembrar que o PP está mergulhado até a cintura no governo Casagrande no Estado, controlando desde 2019 nada menos que a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano (Sedurb), uma pasta altamente poderosa do ponto de vista político e financeiro. Ou seja, o PP é, antes de tudo, sócio do governo Casagrande – e não deixará de ser de uma hora para a outra.
Get back to where you once belonged
Get back, Jo Jo!, cantam os garotos de Liverpool em “Get back” (“Volte”). Get back to where you once belonged (“Volte para o lugar ao qual já pertenceu”). O Jo Jo da canção bem poderia se referir a Da Vitória (primeiro nome: Josias). O próprio governador parece não ter a menor dúvida de que Da Vitória pode voltar para o lugar do qual fazia parte: ao seu lado, em seu grupo. Aliás, no seu entendimento, Da Vitória e o PP ainda não foram de verdade a parte alguma.
Por essa razão, em entrevista a este espaço, Casagrande deu um recado ao mercado político e, principalmente, ao PP: “Não posso abrir mão de aliados. Então o caminho que o PP vai tomar em Vitória é da responsabilidade do PP. Isso não é um impedimento para que a gente possa continuar fazendo política juntos. Agora, o PP ainda vai tomar sua decisão. Ainda não tomou a decisão de qual é a sua posição eleitoral. Mas é uma liberdade que o PP tem de tomar o caminho que achar melhor”.
We can work it out
Por ora, nem sequer passa pela cabeça do governador romper com o influente partido de Da Vitória e pedir a ele para entregar os cargos do PP em seu governo só porque a sigla agora indicou (ou validou a indicação) de um secretário de Cultura de Vitória que nem filiado é.
Então, o peso dessa indicação/validação é muito relativo e depende muito do “lugar de fala” de quem está a analisar o movimento. Para aliados de Pazolini, é meio caminho andado pelo PP rumo ao palanque do prefeito em 2024; para aliados de Casagrande e o próprio, longe disso…
No Palácio Anchieta, o que se ouve em alto volume na voz de Paul McCartney é We can work it out… “Nós podemos dar um jeito”, “resolver”, “fazer dar certo”.
I wanna hold your hand… (and yours too!)
Enquanto isso, parafraseando um dos primeiros hits dos Beatles, os representantes do PP nesta história poderiam muito bem cantarolar: I wanna hold your hand (“Quero segurar a sua mão”)... and yours too! (“… e a sua também!”).
Sob a condução de Da Vitória no Estado, o partido está buscando protagonizar um equilibrismo muito delicado, com um pé na Prefeitura de Vitória (grupo político de Pazolini) e outro no Governo do Estado (grupo de Renato Casagrande).
The long and winding road…
Até a eleição propriamente dita, há uma longa estrada cortada pelo vento. Um vento forte que pode derrubar muitas pré-candidaturas hoje postas… e trazer outras.
Yesterday, all my troubles seemed so far away / Now it looks as though they’re here to stay
“Ontem, todos os meus problemas pareciam tão distantes / Agora, porém, parece que eles vieram para ficar”.
O pré-lançamento da candidatura do deputado estadual Tyago Hoffmann a prefeito de Vitória, pelo partido do governador, deu uma bela bagunçada no coreto. Deixou particularmente mais complexa a situação do PP.
É verdade que, dentro do PP, há até quem prefira que o partido apoie eventual candidatura de Luiz Paulo (PSDB). Mas suponhamos que se configure a repetição do quadro polarizado entre Pazolini e João Coser (PT) – o que por sinal, para muitos, é tudo o que o prefeito e seus aliados mais desejam.
Por incompatibilidade total, o PP não vai ficar com o PT em Vitória de jeito nenhum. Nesse cenário, para o PP, seria muito mais cômodo, natural até, optar por seguir com Pazolini. Por eliminação, o partido de centro-direita teria o argumento pronto para justificar ao Palácio Anchieta sua opção.
Se a candidatura de Tyago Hoffmann vingar, esse argumento meio que desmorona. Uma coisa é o PP dizer a Casagrande: “Olha, sinto muito, vou apoiar Pazolini porque ‘PT não’, e é isso aí”. Outra bem diferente é dizer: “Olha, tô com vocês no governo do PSB, mas prefiro apoiar um adversário de vocês a apoiar o candidato do partido de vocês”.
No entorno de Pazolini, ninguém tem dúvida de que a decisão do PSB de lançar a pré-candidatura de Tyago Hoffmann foi antecipada para agora precisamente com o objetivo de brecar o movimento do PP em direção ao prefeito de Vitória.
A entrada de Tyago no jogo teria sido (não apenas, mas também) uma jogada tática visando impedir o PP de entrar de cabeça desde já na administração de Pazolini, forçando o partido de Da Vitória a refletir melhor sobre o rumo que estava prestes a tomar.
Em tempo: Da Vitória reuniu-se com Tyago Hoffmann na última quinta-feira (10), após conversar com Pazolini no Aeroporto de Vitória. Repare que a roupa dele nas duas fotos é a mesma.

Da Vitória se reúne Tyago Hoffmann (10/08/2023). Crédito: Reprodução Instagram de Tyago Hoffmann
Na legenda que fez em seu post, o deputado do PSB escreveu: “Alinhando as pautas dos nossos mandatos e discutindo o futuro do Espírito Santo, em especial da Capital”.
