Coluna Vitor Vogas
Weverson: “Vidigal será médico, e eu serei o prefeito da Serra”
Candidato apoiado pelo atual prefeito dá resposta sobre influência de Vidigal em sua campanha e em seu governo. Também responde sobre pedir apoio ou não a Muribeca se for para o 2º turno e sobre a polêmica em torno do seu domicílio (eleitoral e residencial)

Weverson Meireles (PDT) é candidato a prefeito da Serra. Foto: Reprodução/Instagram
Se Weverson Meireles (PDT) se tornar prefeito da Serra, quem governará, pelos próximos quatro anos, a cidade mais populosa do Espírito Santo? Ele mesmo ou seu mentor, Sergio Vidigal (PDT), por intermédio dele? Qual será o seu grau de autonomia? Foi essa, simplificadamente, a pergunta que fizemos a Weverson durante sua entrevista ao EStúdio 360, telejornal da TV Capixaba/Band, nessa quarta-feira (18).
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Afinal, o atual prefeito, padrinho político de Weverson, tem se mostrado mais que seu principal apoiador e cabo eleitoral na Serra. Por vezes, chega até a se confundir com o candidato, a ponto de a Justiça Eleitoral ter precisado intervir para barrar algumas peças de campanha e limitar sua presença excessiva, ou onipresença, na propaganda eleitoral do pupilo.
De certo modo, Vidigal tenta repetir agora, com Weverson, algo muito parecido com o que logrou fazer com Audifax Barcelos – hoje adversário de ambos – na eleição de 2004: eleger um aliado, pinçado de sua equipe de governo, como seu sucessor na Prefeitura da Serra. Mas há uma grande diferença (além do fato de que, há vinte anos, quando lançou Audifax, Vidigal não podia concorrer, ao passo que agora não o fez por opção): quando lançado por Vidigal, Audifax já tinha quase 20 anos de experiência na administração pública, oito deles como secretário municipal na Serra, durante os dois primeiros mandatos de Vidigal (1997-2004).
É preciso convir que é um currículo bem mais “gordo” do que aquele com que Weverson se apresenta agora, aos 33 anos, em sua primeira candidatura a prefeito. Por isso, também perguntamos ao ex-chefe de gabinete de Vidigal como é que ele pretende compensar essa pouca experiência administrativa, se eleito prefeito.
Vendendo confiança, Weverson destacou o próprio currículo – sempre ao lado de Vidigal ou nomeado por indicação dele –, em cargos na Câmara dos Deputados, no Ministério do Trabalho, no Governo do Estado e na Prefeitura da Serra. Também fez questão de delimitar: o prefeito da Serra será ele, enquanto Vidigal simplesmente voltará a exercer a psiquiatria, sua profissão original.
“Consegui passar no vestibular da Ufes, sou um administrador com experiência em gestão pública, tive a oportunidade de atuar na Câmara Federal junto ao Vidigal, o deputado federal, tive a oportunidade de atuar no Ministério do Trabalho e Emprego, tive a oportunidade de ser subsecretário de Estado, fui secretário de governo na gestão do Vidigal, coordenei o planejamento estratégico da cidade para os próximos 20 anos, fui secretário de Estado [de Turismo] no último mandato [na verdade, o atual] do governador Renato Casagrande”, enumerou Weverson.
“Então eu tenho a segurança de ter experiência comprovada na gestão pública e, sim, de fato, estou disputando a minha primeira eleição, exatamente como o exemplo que você acabou de citar: lá em 2004, também aquele nome apresentado por Vidigal era a primeira eleição que ele disputava. Eu tenho a mais absoluta certeza que o Vidigal tomou uma decisão de cunho pessoal. Vidigal tomou a decisão que vai dedicar-se à saúde da esposa e voltar a atuar na sua profissão, que sempre foi médico. O Vidigal não é um político de carreira, a profissão dele é médico. Ele voltará a atuar como médico e eu serei o prefeito da cidade da Serra”.
Completou o candidato: “Eu terei condições de conduzir a minha gestão pela experiência que eu tenho comprovado e, principalmente, pelos nossos valores familiares de conduzir a gestão com a certeza e a segurança que a cidade precisa. Dar continuidade nas conquistas já conquistadas e avançar de maneira segura para novas conquistas”, respondeu Weverson.
Está registrado, pois.
Segundo turno
Se Weverson passar para o 2º turno, a tendência é que ele enfrente Audifax. Ao menos isto é o que apontam as mais recentes pesquisas publicadas por Rede Gazeta e Rede Vitória sobre a corrida eleitoral na Serra. Se tal cenário se concretizar, Weverson por acaso buscará o apoio de Pablo Muribeca (Republicanos)?
“Eu vou dialogar com todos que estejam no sentimento de ver a cidade no rumo certo”, responde Weverson. “A primeira aliança que nós precisamos ter é com Deus, e Deus está abençoando este processo. Dialogar muito com a cidade, que é o que nós temos feito, andando rua a rua com o Sergio [Vidigal], com a participação do governador Renato Casagrande. E a população está demonstrando que está entendendo a importância de mantermos os avanços já conquistados e fazer a renovação segura a cidade, no projeto que eu lidero. Então é com a população que eu estarei de maneira incansável também debatendo no segundo turno.”
Ok, mas essa resposta inclui ou exclui uma conversa com Pablo Muribeca? “Nós podemos discutir com todos que estejam com o sentimento de ver a cidade dar certo”, repete Weverson, quase mecanicamente e, obviamente, bem treinado. “Todos que têm amor pela Serra, capacidade de diálogo… com todos, sem exclusão. E eu vou governar para todos.”
O domicílio do candidato
Perguntamos, ainda, a Weverson, acerca de uma polêmica que está circulando na Serra – e, evidentemente, sendo explorada por adversários dele –, relacionada a seu local de residência e seu domicílio eleitoral, até recentemente. Muito tem se comentado que ele na verdade moraria em Vitória, no bairro Tabuazeiro, e que ele teria se mudado e transferido seu domicílio eleitoral para estas eleições.
Ele não confirma isso. E ainda lança, assim, como quem não quer nada, que quem mora em outra cidade não é ele.
“Primeiro que eu nunca escondi as minhas origens. Meu pai nasceu no interior de Aracruz e minha mãe no interior de Santa Leopoldina. E se instalaram no Morro do Macaco, no bairro Tabuazeiro. Em 1986, a família do meu pai foi para a Serra, e na Serra se instalaram. Eu ainda tenho parentes no bairro Tabuazeiro. A todo tempo eu dialogo sobre essa minha origem, tenho orgulho dessa origem, sou filho de uma ex-faxineira e de um ex-pedreiro. Eu moro na minha cidade da Serra. É na Serra que edifico a minha família. E tem candidato, inclusive, que mora na Mata da Praia… Isso é comprovado.”
Insistimos: desde quando, então, ele mora na Serra? Segundo Weverson, desde 2014.
E quanto ao domicílio eleitoral? “Meu domicílio eleitoral foi da Serra. Por um tempo, realmente, esteve fora da Serra. Mas meu domicílio eleitoral é da Serra desde 2021.” Em 2022, segundo Weverson, ele já votou na Serra.
De março de 2019 a janeiro de 2022, Weverson foi vice-presidente da Comissão Municipal Provisória do PDT em Vitória. Em 2020, o PDT apoiou Fabrício Gandini (então no Cidadania) a prefeito da Capital.
