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Coluna Vitor Vogas

Vidigal deve lançar pré-candidatura de Weverson a prefeito no sábado

Jogada, entretanto, pode não ser definitiva. Representará o início de uma “fase de testagem”. Mas Weverson é muito mais que uma “cortina de fumaça”

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Weverson Meireles e Sérgio Vidigal

Sérgio Vidigal (PDT) está preparando uma jogada audaciosa. No próximo sábado (16), durante a convenção municipal do PDT, o prefeito fará uma prestação de contas do governo e anunciará sua decisão sobre ser ou não ser candidato a um novo mandato. Vidigal tem duas alternativas. A primeira é se lançar à reeleição neste momento. A segunda é lançar seu escudeiro, Weverson Meireles, como seu candidato à sucessão. A segunda opção é a correta – ao menos para este momento. Segundo interlocutores de Vidigal, o prefeito apresentará Weverson pela primeira vez como o seu pré-candidato à Prefeitura da Serra.

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O anúncio, entretanto, não é irrevogável. Faz parte de um plano maior. A decisão final será tomada na convenção municipal do PDT para homologação de candidaturas, entre julho e o começo de agosto. A estratégia do prefeito é lançar agora Weverson, a quatro meses da batida do martelo, para testar o potencial de crescimento do seu pupilo.

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A partir daí, todos os holofotes se voltarão para o jovem chefe de gabinete de Vidigal e presidente estadual do PDT, apontado pelo prefeito como o seu pré-candidato. Weverson terá 120 dias para crescer nas pesquisas eleitorais. Se ele se provar competitivo e ganhar aceitação popular, Vidigal de bom grado manterá o passo atrás que dá agora, abdicando da reeleição e ratificando a candidatura do rapaz na convenção do PDT em julho. No fundo, no fundo, é o cenário ideal para Vidigal e é o que ele realmente deseja. Ele torce de verdade para que Weverson ganhe robustez.

Mas, se isso não acontecer, se Weverson não “passar no teste”, Vidigal poderá perfeitamente “recuar do recuo dado agora” e assumir a condição de candidato à reeleição na convenção de julho.

Se a aposta em Weverson der certo até lá, muito bem, será ele o candidato, com o apoio entusiasmado e as duas mãos de Vidigal em suas costas a empurrá-lo para cima; se não der certo, bem, Vidigal volta ao centro de uma cena da qual nunca terá saído totalmente. Ora, terá plena legitimidade para isso. Alguns até poderão apontar a incoerência, condenar o movimento em vaivém, mas ninguém poderá contestá-lo se a decisão final for essa, muito menos o seu direito de pleitear a reeleição.

Para Vidigal, o que lhe dá a maior comodidade, ou melhor, o que lhe permite executar essa estratégia, é justamente a lealdade que Weverson Meireles lhe devota. É um plano que só pode ser executado com Weverson nesse papel. Se fosse qualquer outro em seu lugar, seria por demais arriscado. Vidigal não poderia se dar ao luxo de lançar um aliado agora para em julho retirá-lo de cena se decidisse voltar atrás. Uma vez lançado a prefeito, quem é que aceitaria algo assim? Com Weverson, a conversa é outra. Se lá em julho Vidigal disser “desculpe, mas não funcionou, devolva aí o meu lugar”, Weverson dirá “ok, tamo junto”. E estão mesmo juntos, para tudo.

Weverson é, enfim, a bola de segurança de Vidigal.

Saindo da vitrine

A vantagem adicional desse plano para Vidigal é que, enquanto testa Weverson e faz de tudo para ajudá-lo a crescer, Vidigal sai dos holofotes e se exime de tomar pedradas dos adversários eleitorais agora. Se lá na frente eles decidirem manter a candidatura de Weverson, bem, a coerência estará intacta: o prefeito nunca terá sido candidato nem dito que seria candidato. Mas, se decidirem voltar atrás, o prefeito se assume candidato com a eleição batendo à porta, tendo se poupado de apanhar por alguns meses. Escudeiro também é para isso.

Outra:

Vamos supor que Vidigal dê esse passo atrás agora apostando em Weverson, mas o plano não dê certo e ele volte à cena em julho como o pré-candidato do PDT. “Atendi ao chamado do partido, das ruas” etc. Será uma reentrada triunfal ao centro da ribalta, em viés de alta, não?

Ao contrário, se o prefeito assume agora pré-candidatura, mas lá na frente desiste, fica aquele gosto de fracasso, de derrota antecipada.

Não é cortina de fumaça

Fontes muito próximas ao prefeito garantem que se engana quem pensa que a “carta Weverson” é jogada agora por Vidigal só para confundir adversários.

No fundo, no fundo, no mundo ideal para Vidigal, ele realmente gostaria de poder fazer seu sucessor em vez de disputar ele mesmo uma nova eleição que promete ser “pura pancadaria” – como costumam realmente ser as eleições na Serra.

O projeto Weverson não é blefe nem cortina de fumaça. Em seu íntimo, o que Vidigal mais deseja é que a estratégia se prove acertada, a fim de que ele possa de fato encerrar uma triunfante carreira de quatro mandatos na Serra com a chave mais áurea possível, fazendo o seu sucessor e, enfim, podendo descansar.

Aos 66 anos de idade, 35 deles dedicados a mandatos quase ininterruptos, Vidigal tem dado mostras de que, de fato, deseja sossegar e voltar a exercer a sua segunda grande paixão: a psiquiatria. A pessoas próximas, ele tem confidenciado cansaço com a vida pública.

É justo: entre os políticos em atividade no Espírito Santo, sua série histórica de mandatos praticamente sucessivos, começando nos anos 1980, só tem comparação com a de Renato Casagrande (sem mandato de 1999 a 2002 e de 2015 a 2018). Na verdade, a supera: Vidigal iniciou sua vida pública como vereador, em 1989, aos 31 anos. Desde então, só ficou sem mandato em um brevíssimo hiato, de 2013 a 2014.

Por isso, tudo o que ele mais quer é que Weverson de fato adquira musculatura suficiente nos próximos meses e se prove competitivo o bastante para que ele possa mesmo bancar a candidatura do discípulo. Seria um alívio para ele poder lançar um candidato que lhe dê a segurança de não precisar concorrer.

Alívio maior ainda seria emplacar seu sucessor com a tranquilidade de ter deixado em seu lugar alguém de sua extrema confiança e escrevendo uma última façanha na página final de sua história na Prefeitura da Serra: nunca antes um prefeito da Grande Vitória conseguiu eleger seu sucessor podendo legalmente concorrer à reeleição. Ninguém nunca abdicou da reeleição para isso. Seria um feito inédito.

Aliás, na história da Serra, desde o advento da reeleição em 1998, só um prefeito elegeu seu sucessor: foi o próprio Vidigal, mas em fim de segundo mandato, sem poder disputar a reeleição. Em 2004, ele ungiu e elegeu o então aliado Audifax Barcelos, um gênio que ele retirou da lâmpada e que nunca mais retornou. Aliás, ter impulsionado a carreira daquele que viria a se tornar o seu arqui-inimigo na Serra é um “trauma político” que Vidigal demorou a superar. E, justamente por essa experiência ruim, ele relutou muito em apostar num outro pupilo como sucessor. Agora o trauma está superado.

O que pode levar Vidigal a voltar atrás?

Vidigal e seu grupo vêm para essa disputa com dois grandes adversários: de um lado, a juventude do deputado Pablo Muribeca (Republicanos), 32 anos; do outro, a experiência e a tradição política de Audifax.

Por um lado, apostar em Weverson, 32 anos, é uma forma de fazer frente a Muribeca, respondendo juventude com a mesma juventude. Weverson tem experiência em cargos públicos e gestão partidária, mas nunca disputou uma eleição. Tem a mesma idade que contava Vidigal quando se elegeu para o primeiro mandato, de vereador, em 1988. Ouve-se muito nas ruas que a população está cansada do revezamento entre Vidigal e Audifax, que já dura 28 anos.

Por outro lado, as mesmas ruas indicam que esse eleitor serrano ainda é um eleitor muito “conservador”, não no sentido ideológico, mas no sentido de ser apegado à tradição política: entre a incerteza gerada por um jovem e a dúvida inspirada pelo outro, pode acabar preferindo ir de novo com a tradição de Audifax.

Outro ponto desfavorável a Weverson é que esse tradicional eleitor serrano é bairrista e valoriza por demais o fator “prata da casa”, o que Weverson não é. O solteiro pedetista morava em Vitória e, no fim do ano passado, mudou-se para a Serra. Essa carência de raízes na certa será explorada pelos adversários.

Também por isso, com um olho nas ruas e o outro nas pesquisas, Vidigal estará pronto para voltar à cena em julho, se isso se provar necessário. E, também por isso, ele não lançará Weverson aos leões; ao contrário, estará sempre ali, ao seu lado, ou um passinho atrás dele, como grande fiador da candidatura, buscando infundir a sua experiência e tarimba política à imagem do pupilo, para que esta se converta em uma mescla da própria juventude de Weverson com a tradição de Vidigal.

Se essa alquimia dará certo, os próximos meses o dirão.


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