Coluna Vitor Vogas
Só dá Sergio Vidigal na propaganda de Weverson no rádio
Na “estreia de Weverson” no horário eleitoral na Serra, candidato na verdade não estreou. O tempo do programa foi todo preenchido pelo atual prefeito
Que o prefeito da Serra, Sergio Vidigal (PDT), exerceria um papel de destaque e ocuparia um espaço importante na propaganda de seu pupilo na Serra, ninguém tinha a menor dúvida. Mas a estreia de Weverson Meireles (PDT) no horário eleitoral gratuito dos candidatos a prefeito do município superou todas as expectativas.
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Em seu programa inaugural no rádio, exibido na manhã desta sexta-feira (30) – a Serra não tem propaganda na TV –, Weverson simplesmente não apareceu na própria propaganda, a não ser indiretamente, quando teve o nome mencionado no jingle, pelo locutor e pelo próprio Vidigal.
Padrinho político e principal apoiador do seu ex-chefe de gabinete, Vidigal preencheu quase todos os 3 minutos e 7 segundos do programa de estreia de Weverson. O prefeito não participou ao lado do candidato, mas no lugar de Weverson, apresentado pelo locutor como “o candidato de Vidigal”.
O prefeito abordou assim o público ouvinte:
“Bom dia, minha querida Serra! Aqui quem fala é o prefeito Sergio Vidigal. Eu vim aqui hoje para fazer um pedido muito importante: eu preciso do seu voto para o Weverson, para garantir que a nossa cidade prossiga crescendo em ritmo acelerado. Em menos de quatro anos, nós demos um salto na saúde, na educação, na segurança e no digital.”
Ele seguiu enumerando feitos atribuídos à sua administração, como a multiplicação de cuidadoras na educação especial, distribuição de kit completo para as 70 mil crianças matriculadas na rede municipal, cartão para compra de alimentos para a família do aluno durante as férias.
O tempo do programa já ia além da metade quando o prefeito passou a enaltecer as qualidades de Weverson, fazendo questão de enfatizar a origem humilde do seu ungido:
“Uma gestão humanizada é assim: cuida das contas e das pessoas. E é aí que entra a importância da eleição do Weverson. Weverson é um homem que pensa como administrador e age com o coração. Ele nasceu numa família. A mãe foi empregada doméstica. O pai foi pedreiro. Com muita dificuldade, eles educaram os quatro filhos, seres humanos de qualidade”.
Em seguida, Vidigal salientou a conexão entre os dois e a participação de Weverson em seu atual governo na cidade mais populosa do Espírito Santo:
“Weverson foi o meu parceiro na gestão da Serra, coordenou o planejamento que nós fizemos para os próximos 20 anos, conhece a cidade, mora aqui na Serra. Com o seu voto e a crença de Deus, vai ser um excelente prefeito. Muito obrigado!”
Os 35 segundos finais da peça foram reservados para o jingle, em ritmo de xote, cuja letra reforça a ideia fulcral da campanha: a de que votar em Weverson seria como votar em Vidigal, o avalista político da candidatura. O cantor entoa: “Porque, se o povo fala, eu digo e repito: tá com Vidigal, tá comigo!”
Fica agora a expectativa para sabermos se Weverson se tornará ou não protagonista da própria campanha, se chegará de fato a estrelar a própria propaganda e, nesse caso, quando fará a sua estreia de fato nas ondas do rádio.
Interpretação de texto: as marcas de Jane Mary
Na valorização da origem humilde, nas marcas de religiosidade (“crença de Deus”), na referência a uma “gestão humanizada”, que “cuida das pessoas”, e no “agir com o coração” do candidato, na ênfase dada ao fato (que, por si, deveria ser óbvio) de que ele mora mesmo na cidade, despontam traços muito característicos do estilo da grande responsável pela campanha de Vid… quer dizer, de Weverson: a renomada marqueteira Jane Mary Abreu.
Autora da campanha de Audifax Barcelos em 2016 (derrotando o mesmo Vidigal) e da campanha do então vereador Fabio Duarte em 2020 (quase repetindo o feito), Jane Mary conhece como poucos o eleitorado serrano. Sabe o quanto esse eleitorado carrega tais características em seu DNA social e, portanto, procura-as e valoriza-as em seus representantes políticos: o bairrismo, o conservadorismo religioso, a carência de uma população predominantemente de baixa renda, a qual espera que o poder público se importe com ela e se preocupe de fato em “cuidar dela”.
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