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Coluna Vitor Vogas

Serra: o hat-trick de Weverson e o possível “chapelão” de Vidigal nos rivais

Aquele Weverson que, na estimulada, tinha menos de 2% na pesquisa Futura de abril, que tinha 8% na Futura de agosto, que tinha 14% no Ipec do início de setembro, agora desponta com 18% no último levantamento da Futura. Confira aqui a nossa análise

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Weverson Meireles e Sergio Vidigal na convenção do PDT na Serra. Foto: Samuel Chahoud

Weverson Meireles e Sergio Vidigal na convenção do PDT na Serra. Foto: Samuel Chahoud

Muito usada no futebol europeu, a expressão hat-trick significa três gols marcados pelo mesmo jogador na mesma partida. Literalmente, é o “truque do chapéu”, e a expressão vem justamente daí: é aquele ilusionista (ou golpista mesmo) que esconde uma bolinha dentro de um de três chapéus manipulados por ele, enquanto alguém tenta adivinhar em qual dos três chapéus ela está.

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Na política da Serra, o prefeito Sergio Vidigal (PDT) está arriscando o “número”, ou truque político, mais ousado destas eleições municipais em todo o Espírito Santo. E está dando certo. A pesquisa do Instituto Futura Inteligência para a Rede Vitória publicada nessa quinta-feira (12) é um hat-trick para ele e seu candidato, Weverson Meireles (PDT), com três excelentes notícias:

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1) Tendo começado o jogo muito atrás, ele agora, a menos de um mês do 1º turno, cresceu e já rivaliza com um dos seus dois principais adversários: está tecnicamente empatado, nas intenções estimuladas, com o deputado Pablo Muribeca (Republicanos), na segunda colocação.

O ex-prefeito Audifax Barcelos (PP) segue bem na frente, com 34,7%.

Desde a última pesquisa Futura, divulgada em agosto, Muribeca caiu de 29,3% para 22,6%, enquanto Weverson subiu de 8,1% para 18,3%. A diferença entre os dois caiu de 21,2 pontos percentuais para 4,3.

2) Na espontânea, Weverson também cresceu. Audifax tem 27,1%; Muribeca, 13,7%; Weverson, 11,9%. Em agosto, tinha 6,5%.

3) Nas simulações de 2º turno, Weverson ainda perde para Audifax com folga: 52% a 29,7%. Mas a diferença em relação à pesquisa anterior, de agosto, caiu de 31 para 22,3 pontos percentuais.

Já no confronto com Muribeca, Weverson já aparece tecnicamente empatado com o deputado, no limite da margem de erro (4,0 pontos percentuais para mais ou para menos). Muribeca tem 41,6%, contra 34,2% de Weverson. Em agosto, o placar a favor de Muribeca era de 44,2% a 19,0%.

Desde a pesquisa de agosto, a diferença entre os dois nesse cenário despencou de 25,2 para 7,4 pontos percentuais.

A eleição à Prefeitura da Serra desperta especial interesse por quatro fatores:

O primeiro são as dimensões do município. Com 536 mil habitantes, a Serra é a cidade mais populosa do Espírito Santo e o maior colégio eleitoral: tem 362.524 eleitores aptos a votar neste pleito.

O segundo é que, das quatro cidades capixabas com mais de 200 mil eleitores – onde tecnicamente é possível uma eleição em dois turnos –, a Serra é a única em que podemos dizer, desde já, que na certa haverá 2º turno. Na Serra, nós temos um jogo, uma disputa bem equilibrada entre três forças políticas. Nenhum deles atingirá mais de 50% dos votos válidos já no 1º turno.

O terceiro é que a Serra responde por um recorde nacional: em nenhum dos 50 municípios mais populosos do Brasil, temos os mesmos dois prefeitos se alternando no poder há quase três décadas. São 28 anos de revezamento entre Vidigal e Audifax, desde 1997. Isso pode acabar agora… ou não.

O quarto e principal fator vem a ser, precisamente, o movimento de Sergio Vidigal.

Não sei se as pessoas estão dando a devida atenção ou se nós mesmos, da imprensa local, estamos dando a devida ênfase ao tamanho da ousadia do que está tentando fazer o atual prefeito da Serra.

Desde o instituto da reeleição, em 1998, não há precedente na história política do Espírito Santo, pelo menos não em uma cidade de grande porte, de um prefeito em condições de renovar o mandato que simplesmente desiste de buscar a reeleição para lançar um outro candidato. Isso é inédito.

Tecnicamente, Vidigal estava habilitado a concorrer à reeleição.

Politicamente, ele teria na certa uma disputa difícil pela frente, não era uma reeleição garantida. Mas ele não está mal avaliado e teria, sim, chances de vitória. Era um candidato competitivo.

Em vez disso, o que ele fez? Um anúncio duplo, no dia 16 de março: “Olha, não vou para a reeleição, e meu candidato é Weverson Meireles”.

Se Vidigal fosse o candidato e conseguisse se reeleger, seria obviamente uma vitória, uma a mais para a conta dele na Serra. Mas seria, tipo, “ah, lá vou eu para o meu quinto mandato de prefeito…”

Seria como uma indicação ao Oscar para a Meryl Streep, uma medalha de ouro olímpica para o Michael Phelps, um título de Roland Garros para o Rafael Nadal… Ou o Forrest Gump indo conhecer, de novo, o presidente dos Estados Unidos na Casa Branca.

Agora, se Vidigal conseguir fazer o sucessor, será uma vitória muito maior… única e sem precedentes. E me arrisco até a dizer aqui e agora: se ele conseguir fazer isso, poderemos considerá-lo o maior vencedor destas eleições municipais no Espírito Santo.

Isso não só pelo ineditismo do feito que ele se propõe, mas porque Weverson, convenhamos – com todo o respeito às qualidades do candidato –, é uma “invenção política” de Vidigal, tendo largado terrivelmente atrás. Lá embaixo, com menos de 2%. Não era absolutamente ninguém na fila do pão eleitoral.

E agora já está no patamar destacado acima, em condições de brigar de igual para igual – graças, obviamente, à transferência de votos de Vidigal, ao uso maciço da máquina municipal e a uma estratégia de supercolagem dos dois na campanha, dirigida pela marqueteira Jane Mary Abreu (a mesma que virou o jogo para Audifax contra Vidigal em 2016 e que levou o pálido Fabio Duarte ao 2º turno contra o mesmo Vidigal em 2020).

Para demonstrar como, incrivelmente, Weverson vem apresentando um crescimento paulatino e sustentável, recapitulamos o histórico de quatro pesquisas eleitorais sobre a Serra, publicadas pela Rede Vitória e pela Rede Gazeta num intervalo de quatro meses, de maio até agora.

PESQUISA 1

Publicada no começo de maio, a primeira sondagem da série da Futura para a Rede Vitória – com entrevistas realizadas em abril, logo após o lançamento de Weverson – trazia o pupilo de Vidigal com apenas 0,9% de menções na espontânea e 1,9% de intenções de voto no principal cenário estimulado.

PESQUISA 2

No dia 20 de agosto, a Futura publicou a segunda pesquisa de sua série para a Rede Vitória. O campo foi realizado de 7 a 12 de agosto.

A pesquisa reforçou que Audifax e Muribeca largaram com favoritismo. Mas também mostrou que, mesmo largando de trás, Weverson não poderia ser considerado fora do jogo. Ao contrário.

No cenário estimulado, Audifax largou com 34% das intenções de voto. Muribeca partiu com 29%. No limite da margem de erro (4,0 pontos percentuais para mais ou para menos), os dois largaram tecnicamente empatados.
Correndo por fora, Weverson registrou 8% – aumento proporcionalmente expressivo para quem não tinha nem 2% quatro meses antes. Era um primeiro lampejo de esperança, um primeiro espasmo muscular.

PESQUISA 3

Não é tecnicamente aconselhável comparar pesquisas de institutos diferentes (pois as metodologias variam), mas vale incluir nesta linha do tempo a do Ipec/Rede Gazeta publicada no dia 2 de setembro, com a campanha já deflagrada, inclusive no rádio, pois comprova a curva de crescimento de Weverson.

Na estimulada, Audifax obteve 39%; Muribeca, 28%; Weverson, 14%.

O candidato de Vidigal ainda estava muito atrás, mas havia definitivamente entrado no mapa eleitoral, o que certamente foi fruto da hiperexposição dele ao lado de Vidigal nos últimos quatro meses – por vezes incorrendo em excessos, tolhidos pela Justiça Eleitoral.

PESQUISA 4

Por fim, aportamos na pesquisa publicada ontem pela Rede Vitória e destacada no início deste texto.
Aquele Weverson que, na estimulada, tinha menos de 2% na pesquisa Futura de abril, que tinha 8% na Futura de agosto, que tinha 14% no Ipec do início de setembro, agora desponta com 18% no último levantamento da Futura, tecnicamente empatado com Muribeca e no retrovisor do deputado cuja marca é o chapelão na cabeça.

Um só, no caso.

Em tempo: Casagrande com Weverson

Nessa quinta-feira, o governador Renato Casagrande (PSB), bem avaliado na Serra segundo os mesmos institutos citados acima, caminhou ao lado de Weverson em atividade de campanha nas ruas da cidade.


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